«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

ÚLTIMOS LANCES DA POLÍTICA...

Temer avalia que relação com Dilma “azedou”

Marcelo de Moraes

Vice-presidente envia carta na qual lista episódios de “desconfiança
e menosprezo” do governo em relação a ele e ao partido
Michel Temer e Dilma Rousseff,
respectivamente vice-presidente e presidente do Brasil

Independentemente do desfecho do processo de pedido de abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff, será muito difícil reatar os laços políticos dela com o vice-presidente Michel Temer (PMDB). Os encontros entre os dois têm sido meramente protocolares. Para aliados, Temer tem repetido nos últimos dias que “a relação azedou” justamente quando ele estava tentando “ajudá-la na coordenação política”. No caso, Temer tinha assumido a articulação política do governo para ajudar a destravar a pauta de votações, emperrada no Congresso, e que ameaçava a aprovação do ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Nessas operações políticas para atrair o voto de integrantes da base que estavam insatisfeitos, Temer se comprometeu pessoalmente com os parlamentares para reconstruir as pontes entre eles e o Palácio do Planalto. No meio dessas negociações, foi surpreendido com o não cumprimento de vários acordos que haviam sido acertados com os parlamentares. Para interlocutores, Temer disse que a repetição do problema impedia que a articulação política fosse bem-sucedida.

Em conversas com aliados, Temer não disfarça sua surpresa com o problema. Já que esse era um trabalho que estava sendo feito justamente para ajudar a presidente, que teria aprovados os projetos do seu interesse. Cansado desse desgaste, Temer avaliou que estava começando a “queimar seu patrimônio político”, uma vez que aquilo que negociava com os parlamentares não se concretizava. Por conta disso, preferiu comunicar a presidente que estava deixando a função de articulador político.

Com a possibilidade de Temer suceder a Dilma no cargo, na hipótese de o impeachment ser aprovado, se reduziram ainda mais as chances de ocorrer uma reaproximação entre os dois no futuro.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Terça-feira, 8 de dezembro de 2015 – Pg. A4 – Internet: clique aqui.

O naufrágio

Mario Sergio Conti

Brasil regride à era José Sarney, com o povo condenado às galés
A lama que tomou conta do Brasil!

O zika e o surto de microcefalia. A lama tóxica que desaguou no Atlântico. O estouro dos cafofos [latrinas = podridão] da Petrobras e da CBF. Cabeças coroadas da burguesia e do PT vendo o sol nascer quadrado em Curitiba. Está tudo junto e misturado.
           
É da natureza das crises amalgamar o acessório e o vital. Com isso, se firma a imagem que a barafunda [bagunça] atual é autóctone [tipicamente brasileira]. Ocorre que a crise é planetária. O capital não tem pátria e o florão da América não é ilha.

A vitória de oposições na Venezuela e na Argentina, para ficar nos fatos recentes, é sintoma do esgotamento do POPULISMO LATINO-AMERICANO das últimas décadas. E o petismo integrou o projeto que ora soçobra [vai a pique, naufraga], apesar das diferenças entre Chávez-Maduro, os Kirchner e Lula-Dilma.

Os poderosos têm agido com prudência. Barack Obama recebeu Dilma Rousseff com lhaneza em julho, não disse uma palavra além do protocolar. Na sua última edição, contudo, "The Economist" foi explícita: considerou temerária a deflagração do impeachment.

Para ela, a bandeira da moralidade, que justificaria junto à opinião pública a destituição da presidente, ficou maculada. Porque foi o corsário Eduardo Cunha que acendeu o pavio. A luz amarela emitida pela revista, que serve de farol para a grande finança local, fez com que os bancos ancorados na Avenida Faria Lima negassem fogo na hora H.

A cautela imperial leva em conta a chalupa [embarcação de pequeno porte] Lula, alvejada, mas barulhenta. Caso "o cara" consiga escapar da Lava Jato, chegará às eleições de 2018 em condições de atirar a torto e a granel.

O ideal teria sido continuar esburacando o casco do Planalto com pautas-bomba e seguir no cerco ao ex-presidente. Ver o governo e Lula irem a pique sem deixar saudade.

A derrubada de Dilma não é indiferente. Sobretudo para quem teve ganhos reais no salário nos últimos treze anos. Para quem conseguiu casa própria ou teve acesso ao Bolsa Família. Para as mulheres que compraram micro-ondas a crédito, atenuando a dupla exploração do trabalho formal e do doméstico.

A vida material é o que conta mais, sempre. Mas os ganhos concretos acabaram. Nem governo nem oposição cogitam reavivá-los. A rota que traçaram é a que foi adotada em outros oceanos, aliás sem resultado:
  • austeridade.
  • Querem afrouxar leis trabalhistas,
  • tesourar aposentadorias,
  • podar amparos estatais,
  • aumentar tarifas,
  • demitir às baciadas.
A queda já ocorreu. Porque PT, PSDB e PMDB adotaram a mesma divisa: nada pelo social, o Brasil não cabe no Orçamento da União. Os pobres devem se conformar, devem gramar [padecer, sofrer] de sol a sol como motoboys. No dia de São Nunca os partidos verão o que fazer com ônibus, hospitais e escolas. Dane-se o sofrimento social. Naufragar é preciso.
Mario Sergio Conti
Jornalista autor deste artigo

A crise então cabe no lema punk "no future". O futuro é o passado perpétuo: a conciliação conservadora dos bacanas, a casta parlamentar incrustada como craca nas ruínas do Estado, a política vista como gerência de negócios.

O povo foi condenado às galés e o Brasil, coletividade imaginária, regrediu à Nova República de José Sarney. Por isso, a vibração cívica desses dias é postiça. Ela não atenua a depressão que se espalhou como lama tóxica.

Só se deleita a gente surda e endurecida. Porque a pátria, como diria outro náufrago, Camões, está metida no gosto da cobiça e da rudeza, de uma austera, apagada e vil tristeza.

Fonte: Folha de S. Paulo – Colunistas – Terça-feira, 8 de dezembro de 2015 – 02h00 – Internet: clique aqui.

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