30º Domingo do Tempo Comum – Ano A – HOMILIA
Evangelho:
Mateus 22,34-40
35 e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo:
36 "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?"
37 Jesus respondeu: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!
38 Esse é o maior e o primeiro mandamento.
39 O segundo é semelhante a esse: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.
40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos."
Naquele tempo:
34 Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha
feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo,35 e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo:
36 "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?"
37 Jesus respondeu: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!
38 Esse é o maior e o primeiro mandamento.
39 O segundo é semelhante a esse: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.
40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos."
JOSÉ ANTONIO
PAGOLA
PAIXÃO
POR DEUS, COMPAIXÃO PELO SER HUMANO
Quando se esquecem do essencial, facilmente as religiões
enveredam por caminhos de mediocridade piedosa ou de casuística moral, que não
somente incapacitam para uma relação sadia com Deus, mas podem desfigurar
gravemente as pessoas. Nenhuma religião escapa desse risco.
A cena que se narra nos evangelhos tem como pano de fundo
uma atmosfera religiosa em que mestres religiosos e letrados classificam
centenas de mandamentos da Lei divina em: “fáceis” e “difíceis”, “graves” e “leves”,
“pequenos” e “grandes”. Impossível mover-se com um coração sadio nesta rede.
A pergunta que colocam a Jesus busca recuperar o essencial, descobrir
o “espírito perdido”: qual é o mandamento principal?, o que é o essencial?,
onde está o núcleo de tudo?
A resposta de Jesus, como a de Hillel [famoso líder religioso judaico do 1º século da era cristã] e outros
mestres judeus, recolhe a fé básica de Israel: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda tua alma,
com todo o teu ser”.
Que ninguém pense que se esteja falando, aqui, de emoções ou
sentimentos para com um ser imaginário, nem de convites a rezar e devoções. “Amar a Deus com todo o coração” é
reconhecer, humildemente, o Mistério último da vida; orientar confiantemente a
existência de acordo com sua vontade: amar a Deus como força criadora e
salvadora, que é boa e nos quer bem.
Tudo isso, marca decisivamente a vida, pois significa louvar
a existência desde sua raiz; tomar parte na vida com gratidão; optar sempre
pelo bom e pelo belo; viver com coração de carne e não de pedra; resistirmos a
tudo aquilo que trai a vontade de Deus, negando a vida e a dignidade de seus
filhos e filhas.
Por isso, o amor a Deus é inseparável do amor aos irmãos.
Assim o recorda Jesus: “Amarás teu
próximo como a ti mesmo”. Não é possível o amor real a Deus sem descobrir o
sofrimento de seus filhos e filhas. Que religião seria aquela na qual a fome
dos desnutridos ou o excesso dos saciados não pusesse pergunta nem inquietação
alguma aos crentes? Não estão equivocados os que resumem a religião de Jesus
como “paixão por Deus e compaixão pela humanidade”.
CRER
NO AMOR
A religião cristã significa, para muitos, um sistema
religioso difícil de entender e, sobretudo, um emaranhado de leis demasiado
complicado para viver corretamente diante de Deus. Nós, os cristãos, não
precisamos concentrar mais nossa atenção em cuidar, antes de qualquer coisa, do
essencial da experiência cristã?
Os evangelhos recolheram a resposta de Jesus a uma ala de
fariseus que lhe pergunta qual é o mandamento principal da Lei. Jesus resume,
assim, o essencial: a primeira coisa é “amarás
o Senhor, teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma e com todo o teu
ser”; a segunda é “amarás o teu
próximo como a ti mesmo”.
A afirmação de Jesus é clara. O amor é tudo. O decisivo na
vida é amar. Aqui está o fundamento de tudo. A primeira coisa é viver diante de
Deus e perante os demais numa atitude de amor. Não devemos nos perder em coisas
acidentais e secundárias, esquecendo o essencial. Do amor se tira tudo o mais.
Sem amor tudo fica pervertido.
[...] Amar ao Senhor, nosso Deus, com todo o coração é
reconhecer Deus como Fonte última de nossa existência, despertar em nós uma
adesão total à sua vontade, e responder com fé incondicional ao seu amor
universal como Pai de todos.
Por isso, Jesus acrescenta um segundo mandamento. Não é
possível amar a Deus e viver de costas para os seus filhos e filhas. Uma
religião que prega o amor a Deus e se esquece dos que sofrem é uma grande
mentira. A única postura, realmente, humana diante de qualquer pessoa que
encontramos em nosso caminho é amá-la e buscar o seu bem como queremos para nós
mesmos.
Toda essa linguagem pode parecer demasiado velha, demasiado
gasta e pouco eficaz. No entanto, também hoje o primeiro problema no mundo é a
falta de amor, que vai desumanizando, um depois do outro, os esforços e as
lutas para construir uma convivência mais humana.
Há alguns anos, o pensador francês Jean Onimus escrevia assim: “O cristianismo ainda está em sua
infância; temos trabalhado somente dois mil anos. A massa é pesada e serão
necessários séculos de maturação antes que a caridade a faça fermentar”.
Os seguidores de Jesus não podem esquecer sua responsabilidade.
O mundo necessita de testemunhos vivos que ajudem as futuras gerações crerem no
amor, pois não há um futuro esperançoso para o ser humano se ele acabar por
perder a fé no amor.
Tradução do
espanhol por Telmo José Amaral de
Figueiredo.
Fonte:
MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Segunda-feira, 20 de
outubro de 2014 – 11h37 – Internet: clique aqui.
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