«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

O QUE AS ELEIÇÕES NOS DEIXARAM?

“Congresso eleito é o mais conservador desde 1964”
 
 Nivaldo Souza e Bernardo Caram
 
Nas contas de diretor do Diap, novos eleitos incluem mais religiosos,
mais empresários e bancada sindical menor
Antônio Augusto Queiroz - Diretor do Diap
Apesar das manifestações de junho de 2013 — carregadas com o simbolismo de um movimento popular por renovação política e avanço nos direitos sociais —, o resultado das urnas revelou uma guinada em outra direção. Parlamentares conservadores se consolidaram como maioria na eleição da Câmara, de acordo com levantamento do Diap, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.

O aumento de militares, religiosos, ruralistas e outros segmentos mais identificados com o conservadorismo refletem, segundo o diretor do Diap, Antônio Augusto Queiroz, esse novo status.

— “O novo Congresso é, seguramente, o mais conservador do período pós-1964. As pessoas não sabem o que fazem as instituições e se você não tem esse domínio, é trágico.”

Ele acredita que a tensão criada pelo debate de pautas como a legalização do casamento gay e a descriminalização do aborto deve se acirrar no Congresso, agora com menos influência de mediadores tradicionais, que não conseguiram se reeleger.

— “No caso da Câmara, muitos dos parlamentares que cuidavam da articulação [para evitar tensões] não estarão na próxima legislatura. Algo como 40% da 'elite' do Congresso não estará na próxima legislatura, seja porque não conseguiu se reeleger ou disputou outros cargos. Houve uma guinada muito grande na direção do conservadorismo.”

O levantamento do Diap mostra que o número de deputados ligados a causas sociais caiu, drasticamente, embora os números totais ainda estejam sendo calculados.

A proporção da frente sindical também foi reduzida quase à metade: de 83 para 46 parlamentares. Junto com a redução desses grupos, o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização das drogas — temas que permearam os debates no primeiro turno da disputa presidencial — têm poucas chances de serem abordados pelo Congresso eleito, que tomará posse em fevereiro de 2015.

— “Posso afirmar com segurança que houve retrocesso em relação a essas pautas. Se no atual Congresso houve dificuldade para que elas prosperassem, no próximo isso será muito mais ampliado. Houve uma redução de quem defendia essa pauta no Parlamento e praticamente dobrou [o número de] quem é contra.”

Parte consistente do conservadorismo, segundo Queiroz, virá da bancada evangélica. Ele estima que o número de religiosos desta corrente deve crescer em relação aos 70 deputados eleitos em 2010.

— “A bancada evangélica vai ficar um pouquinho maior, mas com uma diferença: nomes de maior peso dentro das igrejas para melhor coordenar e articular os interesses desse segmento junto ao Congresso Nacional.”

Entre essas lideranças, o Diap já identificou 40 bispos e pastores.

Militares

O Diap também estima um aumento consistente de policiais e militares eleitos. Queiroz prevê que o aumento de parlamentares com este perfil deve chegar a 30%. "Esse grupo, necessariamente, vai fazer parte da 'bancada da bala', porque defende a defesa individual", diz, referindo-se ao lobby da indústria armamentista.

A ampliação desse grupo é uma onda que veio na contramão das manifestações populares de 2013.

"Isso é produto da alienação. Quem foi para rua, em grande medida, foi pedindo mudanças. Mas sem ter uma liderança capaz direcionar e coordenar [o movimento]. Era 'contra tudo o que está aí'", observa.

Queiroz considera que, caso o candidato do PSDB, Aécio Neves, seja eleito, temas como a redução da maioridade penal, considerada uma proposta conservadora, podem avançar facilmente no Congresso.

— “O PSDB perdeu em quantidade (reduziu de 12 para dez o número de senadores), mas é uma bancada que se renova do ponto de vista qualitativo. Só que com viés conservador.”

Sindicalistas

O levantamento do Diap mostra que o número de deputados ligados a movimentos sociais deve cair drasticamente. Os números totais ainda estão sendo calculados.

— “A bancada vinculada aos movimentos sociais deve cair pela metade, diz.”

A proporção da Frente Sindical também foi reduzida quase à metade: de 83 para 46 parlamentares. Parte desse resultado se deve ao alto custo das campanhas nos Estados. Ele calcula em R$ 3 milhões o valor médio gasto por cada deputado para se eleger no País. Já os senadores gastaram bem mais que issona média, R$ 5 milhões cada.

Na contramão desse tendência, os empresários passaram de 220 para 280 parlamentares na legislatura que assume mandato em fevereiro de 2015, de acordo com o levantamento.

— “A quantidade que sobrevive de renda nos negócios aumentou nessa eleição. Embora a maioria se apresente com curso superior, como médico e advogado, na verdade eles não sobrevivem dessas atividades, mas do seu negócio, que lhes dá suporte indispensável”, diz Antônio Augusto Queiroz.

RESUMINDO – NOVO PERFIL DO CONGRESSO NACIONAL

Renovação
46% é o índice de renovação da Câmara dos Deputados do total de 513 parlamentares

Evangélicos
20 são pastores e bispos de igrejas evangélicas

Empresários
O número de empresários passou de 220 para, pelo menos, 280 deputados, aumento de 27%

Sindicalistas
Sindicalistas, que obtiveram auge de participação na era Lula, foram reduzidos em 44%. Foi de 83 para 46 deputados federais

Ruralistas
Eles saltaram de 130 para, ao menos, 160 deputados federais, crescimento de 23%

Fonte: O Estado de S. Paulo – Especial/Eleições 2014 – Terça-feira, 7 de outubro de 2014 – Pg. H10 – Edição impressa.

Votos brancos e nulos sobem em SP e no Rio
Daniel Bramatti
Primeira eleição pós-protestos registra alta de votos inválidos concentrada em dois Estados que mais tiveram manifestações de rua
Na primeira eleição após a onda de protestos de junho de 2013, a taxa de votos nulos e brancos para presidente aumentou um ponto porcentual no País, de 8,6% para 9,7%. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, principais palcos das manifestações, o avanço da taxa foi maior: 3,4% e 3,2%, respectivamente.

Não houve aumento generalizado nos votos não válidos, que costumam ser chamados de "votos de protesto", mas também podem resultar de erros no manejo da urna eletrônica.

A última pesquisa Ibope antes da boca de urna do 1.º turno, realizada na véspera da eleição, indicava que havia 7% de eleitores dispostos a votar branco ou nulo. De 2010 para 2014, a taxa de votos nulos para presidente variou de 5,5% para 5,8%, praticamente retornando aos níveis de 2006. A de brancos foi de 3,1% para 3,8%.

A taxa resultante da soma de brancos e nulos ainda é inferior à registrada em 2002, quando foi realizada a primeira eleição totalmente informatizada no Brasil: 10,4%.

Em termos absolutos, chega a 1,5 milhão o número adicional de brasileiros que invalidaram o voto nessa eleição. Parece um volume significativo, mas o contingente é menor que o dos eleitores de Luciana Genro, candidata presidencial do PSOL.

São Paulo teve aumento significativo de votos brancos e nulos para governador: 7 pontos porcentuais. Mas avanços semelhantes foram registrados em Estados como Sergipe (6 pontos), Pará (5,7) e Alagoas (5,6).

Em Rondônia, houve queda de 12,4 pontos porcentuais, mas em razão de uma decisão judicial. Houve aumento atípico dos votos nulos em 2010 porque Expedito Junior (PSDB) teve a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral. Os votos nele foram anulados.

Não é possível fazer comparações para o cargo de senador, pois na eleição de 2010 havia duas vagas em disputa, e na atual, apenas uma. Na eleição para deputado federal, os votos não válidos tiveram aumento de 2,6 pontos. Para estadual, não houve variação.

Abstenção

A taxa de abstenção em todo o País passou de 18,1% para 19,3%. O índice aumenta a cada ano, porque muitos inscritos como eleitores morrem ou deixam de comparecer às urnas ao completar 70 anos. No Amapá, onde houve recadastramento no ano passado, com expurgo dos falecidos, a abstenção foi de apenas 10,4%, a menor do País.

O ministro Henrique Neves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que o aumento não causa preocupação. "São diversos fatores que geram abstenção: pessoas que mudaram de domicílio, outras que trabalham no dia da eleição", afirmou.

Colaborou nesta matéria Beatriz Bulla.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Especial/Eleições 2014 – Terça-feira, 7 de outubro de 2014 – Pg. H8 – Edição impressa.

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