CORRUPÇÃO NA PETROBRÁS - INVESTIGAÇÃO AVANÇA!
PF fecha elo
de propina em fundo da Petrobrás
Ricardo Brandt
Suspeita é de que
tesoureiro do PT intermediou mau negócio fechado por diretores com doleiro
A Polícia Federal [PF] acredita ter conseguido fechar o
ciclo de uma transação que teria envolvido o pagamento de propina de R$ 500 mil
a dois diretores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, feito com
empresas do ex-deputado federal José
Janene (PP-PR), morto em 2010, e do doleiro Alberto Youssef - um dos alvos
centrais da Operação Lava Jato - e que causou prejuízo de R$ 13 milhões ao
órgão.
No computador de Youssef, há uma pasta com 12 arquivos
referentes aos negócios do doleiro com a Petros.
O negócio teria sido
intermediado, segundo suspeita a PF, pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto,
e tratado diretamente com dois diretores da Petros - indicações petistas, entre eles o ex-presidente do fundo Luiz Carlos Fernandes Afonso (2011-2014).
A PF registra a possível interferência de um político não
identificado "de grande influência na casa" na liberação de um
seguro, em órgão do Ministério da Fazenda, que era condicionante para a
transação. "Esse recurso foi
desviado para pagamento de propina para funcionários da Petros",
afirmou Carlos Alberto Pereira da Costa,
advogado que, segundo a PF, atuava como testa de ferro de Alberto Youssef.
ESTA É A TRANSCRIÇÃO DO DEPOIMENTO DE CARLOS ALBERTO PEREIRA DA COSTA À JUSTIÇA FEDERAL |
Costa tinha em seu nome pelo menos duas empresas usadas pelo
doleiro, uma delas envolvidas nessa transação com a Petros, a CSA Project Finance. Ele afirmou ao juiz Sérgio Moro que na operação foi retirada uma propina de R$ 500 mil que serviu para
pagar os dois diretores da Petros.
Citados
Os diretores são
petistas e já citados em outros dois escândalos, segundo registra a PF.
"As negociações eram realizadas pelo lado da Petros pelo senhor Humberto Pires Grault Vianna de Lima, gerente de novos projetos da
Petros, e pelo senhor Luis Carlos
Fernandes Afonso, diretor financeiro e de investimentos."
Afonso foi
nomeado diretor em 2003 e depois nomeado presidente da Petros, em 2011, cargo
que ocupou até fevereiro de 2014. Lima
era diretor de Novos Projetos e foi nomeado diretor de investimento da Fundação
de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp).
ACIMA SE VÊ TRECHO DO RELATÓRIO DA POLÍCIA FEDERAL QUE CITA OS DIRETORES ENVOLVIDOS NA NEGOCIAÇÃO |
O ex-presidente da Petros foi condenado em primeiro grau por
improbidade sob a acusação de ter cobrado ‘pedágio’ de uma fundação para que
ela ganhasse um contrato na Prefeitura de São Paulo, em 2003. Na época, ele era
secretário de Finanças do governo Marta Suplicy (PT). A condenação é de 2012 e
está em fase de recurso.
CONFIRA O E-MAIL APREENDIDO PELA POLÍCIA FEDERAL ENCAMINHADO PARA LUIS CARLOS FERNANDES AFONSO |
Ferro
velho
A transação na Petros envolveu a compra de título de crédito
emitido por uma empresa falida que havia sido adquirida por Janene e por
Youssef. A Indústria de Metais Vale
(IMV) foi criada para reciclar ferro velho e vender o material para
siderúrgicas, mas estava parada. Ela foi registrada em nome do advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, réu da
Lava Jato.
Com a empresa falida, o grupo aportou nela R$ 4 milhões em
2007 e firmou contrato com a CSA Project
Finance, que é do doleiro e está em nome de Costa também - para que essa
fizesse um projeto de recuperação e captasse recursos antecipados. Para isso,
fechou um contrato de venda com recebimento antecipado de uma grande
siderúrgica nacional.
"Com o objeto de antecipar recebíveis oriundos de um
contrato de compra e venda de ferro gusa (sucata), celebra entre a IMV e a
Barra Mansa, assim adquirindo investimento necessário para a instalação de uma
planta industrial, a IMV emitiu Cédula de Crédito Bancário, no montante total
de R$ 13.952.055,11", diz a PF.
Os termos da cédula de crédito estão no HD do computador de
Youssef. Com o título de crédito emitido pelo Banco Banif Primus, o grupo, via CSA e coligados, passou a tratar
com os diretores da Petros a compra pelo fundo de pensão.
Documento apreendido pela Lava Jato com o grupo mostra que eles teriam sido recebidos na Petros pelo então diretor, que depois
virou presidente.
Vaccari é suspeito de
ser o intermediador dos negócios do grupo com a Petros. No capítulo sobre a
compra do título de crédito da empresa IMV há um histórico sobre suas relações
com o partido. Seu nome foi citado na
confissão dos réus como elo de pagamentos de propinas em outras áreas e
especificamente na Petros em um e-mail interceptado entre os alvos da Lava
Jato.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Política – Quinta-feira, 16 de outubro de 2014 – Pg. A11 –
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