27º Domingo do Tempo Comum – Ano A – HOMILIA
Evangelho:
Mateus 21,33-43
34 Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35 Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram.
36 O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma.
37 Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’.
38 Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39 Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram.
40 Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?”
41 Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”.
42 Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?’
43 Por isso, eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.
CRISE RELIGIOSA
A parábola dos vinhateiros homicidas é um relato no qual Jesus vai mostrando, com toques alegóricos, a história de Deus com seu povo eleito. É uma história triste. Deus havia cuidado do povo, desde o princípio, com todo carinho. Era sua vinha preferida.
Esperava fazer deles um povo exemplar por sua justiça e sua fidelidade. Seriam uma grande luz para todos os povos.
Cabe aqui uma reflexão de Luis Espinal, sacerdote jesuíta, assassinado em 1980 na Bolívia. Ele diz assim:
Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.
Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Terça-feira, 30 de setembro de 2014 – 12h52 – Internet: clique aqui.
Naquele tempo, Jesus disse aos sumos
sacerdotes e aos anciãos do povo:
33 “Escutai esta outra parábola: Certo
proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para
esmagar as uvas, e construiu uma torre de guarda. Depois, arrendou-a a
vinhateiros, e viajou para o estrangeiro.34 Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35 Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram.
36 O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma.
37 Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’.
38 Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39 Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram.
40 Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?”
41 Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”.
42 Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?’
43 Por isso, eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.
JOSÉ ANTONIO
PAGOLA
CRISE RELIGIOSA
A parábola dos vinhateiros homicidas é um relato no qual Jesus vai mostrando, com toques alegóricos, a história de Deus com seu povo eleito. É uma história triste. Deus havia cuidado do povo, desde o princípio, com todo carinho. Era sua vinha preferida.
Esperava fazer deles um povo exemplar por sua justiça e sua fidelidade. Seriam uma grande luz para todos os povos.
No entanto, aquele povo foi rejeitando e matando, um depois
do outro, os profetas que Deus lhes ia enviando para recolher os frutos da uma
vida justa. Finalmente, num gesto de
incrível amor, enviou-lhes o seu próprio Filho. Porém, os dirigentes
daquele povo acabaram com Ele. O que
Deus pode fazer com um povo que decepciona de modo tão cego e obstinado suas
expectativas?
Os dirigentes religiosos que estão escutando, atentamente, o
relato respondem espontaneamente nos mesmos termos da parábola: o senhor da
vinha não pode fazer outra coisa a não ser matar aqueles lavradores e colocar a
sua vinha nas mãos de outros. Jesus tira, rapidamente, uma conclusão que não
esperam: “Por isso, eu vos digo: o Reino
de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.
Comentaristas e pregadores interpretaram, frequentemente, a
parábola de Jesus como a confirmação da Igreja cristã como sendo o novo Israel em
seguida ao povo judeu que, depois da destruição de Jerusalém no ano setenta,
dispersou-se por todo o mundo.
Entretanto, a parábola está falando também de nós. Uma
leitura honesta do texto nos obriga a fazer-nos graves perguntas: Estamos produzindo, em nossos tempos, os
frutos que Deus espera de seu povo: justiça para os excluídos, solidariedade,
compaixão para o que sofre, perdão...?
Deus não tem porque abençoar um cristianismo estéril do qual
não recebe os frutos que espera. Não tem porque identificar-se com nossa
mediocridade, nossas incoerências, desvios e pouca fidelidade. Caso não correspondamos às suas
expectativas, Deus seguirá abrindo caminhos novos ao seu projeto de salvação
com outras pessoas que produzam frutos de justiça.
Nós falamos de crise religiosa, de descristianização, de
abandono da prática religiosa... Não estará Deus preparando o caminho que torne
possível o nascimento de uma Igreja mais fiel ao projeto do Reino de Deus? Não é necessária esta crise para que nasça
uma Igreja menos poderosa, porém mais evangélica; menos numerosa, porém mais
empenhada em construir um mundo mais humano? Não virão gerações mais fiéis
a Deus?
DURA
CRÍTICA AOS DIRIGENTES RELIGIOSOS
A parábola dos “vinhateiros
homicidas” é, sem dúvida, a mais dura que Jesus pronunciou contra os dirigentes
religiosos de seu povo. Não é fácil remontar ao relato original, porém,
provavelmente, não era muito diferente daquele que podemos ler hoje na tradição
evangélica.
Os protagonistas de maior relevo são, com certeza, os
lavradores encarregados de trabalhar na vinha. Sua atuação é sinistra. Não se
parecem, absolutamente, com o dono que cuida da vinha com solicitude e amor
para que não careça de nada.
Não aceitam o senhor ao qual pertence a vinha. Querem ser os
únicos donos. Eles vão eliminando, um atrás do outro, os servos que ele lhes
envie com paciência incrível. Não respeitam nem a seu filho. Quando chega, “jogam-no para fora da vinha” e o matam.
Sua única obsessão é “ficar com a herança”.
O que pode fazer o dono? Acabar com estes vinhateiros e
entregar a vinha a outros “que lhe deem os frutos”. A conclusão de Jesus é trágica: “Eu
vos asseguro que o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que
produzirá frutos”.
A partir da destruição de Jerusalém no ano 70, a parábola
foi lida como uma confirmação de que a Igreja havia sucedido a Israel, porém
nunca foi interpretada como se no “novo Israel” estivesse garantida a
fidelidade ao dono da vinha.
O Reino de Deus não é
da Igreja. Não pertence à hierarquia. Não é propriedade destes ou daqueles teólogos.
Seu único dono é o Pai. Ninguém deve
sentir-se proprietário nem de sua verdade nem de seu espírito. O Reino de Deus está no “povo que produz
seus frutos” de justiça, compaixão e defesa dos últimos.
A maior tragédia que
pode acontecer ao cristianismo de hoje e de sempre é matar a voz dos profetas,
é os sumos sacerdotes se sentirem donos da “vinha do Senhor” e que, entre
todos, se deixe o Filho “fora”, sufocando seu Espírito.
Se a Igreja não corresponde às esperanças que nela o Senhor
depositou, Deus abrirá novos caminhos de salvação em povos que produzam frutos.
[. . .]Cabe aqui uma reflexão de Luis Espinal, sacerdote jesuíta, assassinado em 1980 na Bolívia. Ele diz assim:
“Passam os anos e, ao
olhar para trás, vemos que nossa vida foi estéril.
Não passamos por ela
fazendo o bem.
Não melhoramos o
mundo que nos deixaram.
Não vamos deixar
rastros.
Fomos prudentes e
cuidamos de nós.
Porém, para quê?
Nosso único ideal não
pode ser atingir a velhice.
Estamos sufocando a
vida por egoísmo, por covardia.
Seria terrível
desperdiçar esse tesouro de amor que Deus nos deu”.
Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.
Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Terça-feira, 30 de setembro de 2014 – 12h52 – Internet: clique aqui.
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