COMUNIDADE JUDAICA BRASILEIRA REPUDIA DECLARAÇÃO DE LULA
Confederação Israelita
Brasileira divulga nota de repúdio à declaração de Lula sobre nazismo
Dilma e Lula em comício no Recife (PE) |
Em campanha no nordeste, ex-presidente disse que Aécio Neves
e seu partido são responsáveis por injustiças e agressões, como as impostas por
Adolf Hitler.
A Confederação Israelita Brasileira (Conib) divulgou nota
repudiando a postura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou o PSDB e o candidato do partido à
Presidência da República, Aécio Neves, aos nazistas. A declaração de Lula
foi feita durante caminhada no Recife, na última segunda-feira, ao lado da
presidente e candidata à reeleição, Dilma
Rousseff (PT).
Eis a nota de
repúdio.
* * * * * *
A
Confederação Israelita do Brasil, representante da comunidade judaica
brasileira e entidade apartidária, vem a público repudiar as declarações do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comparando ações do candidato
presidencial Aécio Neves e seu partido, o PSDB, a “agressões nazistas”.
A Conib,
com trajetória de inquebrantável compromisso com a democracia e o debate
intenso de ideias, rejeita a banalização de um episódio trágico para a
Humanidade, como o nazismo, responsável pelo Holocausto, com a morte de 6
milhões de judeus, e o assassinato de dezenas de milhões de outros inocentes,
como ciganos, negros, homossexuais, comunistas, entre outros.
Entendemos
o calor da campanha eleitoral e a intensidade da disputa, mas conclamamos à
manutenção de padrões que sirvam à causa da democracia, e não ao aprofundamento
de divisões em nossa sociedade. Defendemos enfaticamente o direito à crítica,
inata ao processo democrático, mas temos a convicção de que comparar
adversários de um embate eminentemente político e ideológico a nazistas
distorce a História e corrói nossa democracia.
Desejamos
ainda reiterar que não nos manifestamos em nome desta ou daquela candidatura ou
partido político. A Conib é apartidária porque representa a comunidade judaica
brasileira, onde há militantes e simpatizantes das mais diversas correntes
políticas. Manifestamo-nos, sim, em respeito à memória das vítimas do nazismo.
Fonte: O Estado de
Minas – em.com.br – Especiais/Eleições 2014 – 23/10/2014 – 11h44 –
Atualizado em 23/20/2014 às 12h49 – Internet: clique aqui.
O nazismo na
boca de Lula
Editorial
A frequência com que as palavras "nazismo" e
"nazista" são usadas para insultar tende a ser tanto maior quanto
menor o conhecimento dos que as empregam do que foi efetivamente o mais
hediondo regime que o Ocidente experimentou ao longo de sua história e do que
fizeram os seus seguidores. Se mesmo na Europa as novas gerações parecem saber
cada vez menos da barbárie que a devastou há 70 anos, não surpreende que em
outras paragens os termos que a revestem tenham se tornado ao mesmo tempo
corriqueiros e caricaturais - e, nessa medida, uma ofensa permanente à memória
de suas vítimas. Um exemplo de livro de texto dessa banalização do mal acaba de ser dado pelo ex-presidente Lula, no
lugar onde mais ele fica à vontade para usufruir da sua inesgotável propensão à
baixeza: um palanque eleitoral.
Lula discursando em comício |
Ao lado da afilhada Dilma Rousseff, em um comício que reuniu
cerca de 40 mil pessoas no Recife, anteontem [segunda-feira, 20 de outubro],
ele equiparou as supostas agressões ao Nordeste da campanha do tucano Aécio
Neves e de seus aliados às práticas nazistas na 2.ª Guerra Mundial. Lula falava para um público que, em geral,
tem disso informação precária ou nenhuma. Mas aprendeu, como quase toda a gente, que o tal do nazismo é a coisa
mais medonha que se pode conceber. Portanto, se ouve de Lula que a esse
extremo chegam os presumíveis preconceitos e injustiças da oposição
"contra nós", os nordestinos, deve ser a pura verdade. Lula não
imaginaria que o sentimento de revolta que se esmerava em inculcar à sua
plateia a dotaria do poder mágico de votar duas vezes em Dilma na decisão de
domingo para se vingar dos "preconceituosos". Nem seria preciso: no
primeiro turno, vencido em Pernambuco por Marina Silva, Dilma obteve 44% dos
sufrágios ante menos de 6% de Aécio.
Logo se vê que a fúria de Lula não tem nada que ver com um
hipotético imperativo de conseguir que a sua apadrinhada prevaleça numa
capital, em um Estado e numa região onde ela e o seu adversário - a exemplo do
que se passa em âmbito nacional, segundo as pesquisas - estariam engajados numa
guerra sem quartel pelo voto de cada eleitor. O comício do Recife foi apenas (e tudo isso) uma oportunidade para ele
dar vazão ao ódio que sente pelas "elites" - e que soube guardar no
congelador quando, presidente, se amancebou com o que elas têm de pior.
Muito mais do que o combate político, é esse sentimento que o leva a perder o
que ainda possa ter em matéria de senso de proporção, ao comparar os adversários não só aos nazistas, mas a Herodes,
"que matou Jesus Cristo por medo de ele se tornar o homem que virou".
Já investir contra
Aécio, como também fez em Pernambuco, acusando-o de "grosseiro" com
Dilma, é frio cálculo eleitoral. O neofeminista da temporada havia feito a
sua aparição na antevéspera, em outro comício, então em Itaquera, na zona leste
paulistana. "Esse rapaz não teve educação de berço para respeitar as
mulheres", atacou. "E, sobretudo, uma presidente, mãe e avó."
Logo ele, que fez com
brio a sua parte na profusão de baixarias para desqualificar a candidata Marina
Silva na disputa do primeiro turno. A campanha de Dilma decerto tentará até
o último instante mostrar um Aécio desdenhoso com as mulheres. Acredita que a
ligeira ultrapassagem do senador pela presidente, no empate técnico registrado
na pesquisa de segunda-feira do Datafolha,
se deve em parte à irritação de uma parcela do eleitorado feminino com o fato
de Aécio ter chamado Dilma de "leviana" em um debate.
Mas vêm de muito antes os primeiros registros da extensa
folha corrida de Lula, no quesito relações de gênero. Todos quantos o conhecem de longa data - e também os seus
interlocutores mais recentes, porque nisso ele não mudou - sabem o que ele diz
das mulheres em conversas privadas, a sua queda por chulas piadas machistas, a
sua prontidão para atribuir à condição feminina defeitos percebidos, por
exemplo, em companheiras de partido e servidoras federais. Sem falar no
palavreado que usou publicamente - numa feira de produtos comestíveis em
Pelotas, em junho de 2003 - ao falar de seu primeiro filho com a esposa Marisa
Letícia: "A galega engravidou logo
no primeiro dia, porque pernambucano não deixa por menos".
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Notas e Informações – Quinta-feira, 23 de outubro de 2014 – Pg. A3 –
Internet: clique aqui.
Comentários
Postar um comentário