«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 12 de setembro de 2015

24º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Homilia

Evangelho: Marcos 8,27-35

Naquele tempo:
27 Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?”.
28 Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”.
29 Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro respondeu: “Tu és o Messias”.
30 Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a seu respeito.
31 Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias.
32 Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo.
33 Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás!”. Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”.
34 Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.
35 Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA 

RECONHECER EM JESUS O CRISTO

O episódio ocupa um lugar decisivo no relato de Marcos. Os discípulos já passaram um bom tempo convivendo com Jesus. Chegou o momento em que deverão se declarar com clareza. A quem estão seguindo? O que descobrem em Jesus? O que conseguem enxergar em sua vida, em sua mensagem e em seu projeto?

Desde que se uniram a ele, vivem interrogando-se sobre a sua identidade. Aquilo que mais lhes surpreende é a autoridade com que Jesus fala, a força com que cura os enfermos e o amor com que oferece o perdão de Deus aos pecadores. Quem é este homem no qual sentem Deus tão próximo como Amigo da vida e do perdão?

Entre as pessoas que não conviveram com ele corre todo tipo de rumor, porém a Jesus interessa a posição de seus discípulos: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Não basta que entre eles haja opiniões diferentes, mais ou menos corretas. É fundamental que aqueles que se comprometeram com a sua causa, reconheçam o mistério que se encontra nele. Se não for assim, quem manterá viva a sua mensagem? O que será de seu projeto do Reino de Deus? Como terminará aquele grupo que ele está buscando colocar em marcha?

Porém, a questão é vital também para seus discípulos. Afeta-lhes radicalmente. Não é possível seguir Jesus de maneira inconsciente e descompromissada. Devem conhecê-lo cada vez com mais profundidade. Pedro, recolhendo as experiências que viveram com Jesus até aquele momento, responde-lhe em nome de todos: «Tu és o Messias».

A confissão de Pedro é, no entanto, limitada. Os discípulos não sabem ainda da crucificação de Jesus pelas mãos de seus adversários. Não podem nem suspeitar que será ressuscitado pelo Pai como Filho amado. Não conhecem experiências que lhes permitam captar tudo o que se encontra em Jesus. Somente seguindo-o de perto, irão descobrindo-o com fé crescente.

Para os cristãos é vital reconhecer e confessar, cada vez com maior profundidade, o mistério de Jesus Cristo. Se ignorar Cristo, a Igreja viverá ignorando-se a si mesma. Se não o conhecer, não poderá conhecer o mais essencial e decisivo de sua tarefa e missão. Porém, para conhecer e confessar Jesus Cristo, não basta encher nossa boca com títulos cristológicos admiráveis. É necessário segui-lo de perto e colaborar com ele dia a dia. Esta é a principal tarefa que temos de promover nos grupos e comunidades cristãs. 

MAIS QUE UMA PESQUISA

Estamos habituados às pesquisas. A qualquer momento, podem nos parar nas ruas, colocar um microfone diante de nossa boca e perguntar-nos sobre qualquer questão de interesse geral: «O que o senhor(a) pensa disto ou daquilo?». Não se deve preocupar. Nossa resposta ficará no anonimato. Servirá somente para elaborar uma das tantas estatísticas de opinião pública.

O diálogo que, segundo o relato do evangelho, se estabelece entre Jesus e seus discípulos é exatamente o contrário de uma pesquisa desse tipo. Jesus pergunta, em primeiro lugar, por aquilo que se pensa a respeito dele: «Quem dizem as pessoas que eu sou?». E os discípulos lhe informam sobre as diversas opiniões: «Uns dizem que João Batista; outros, Elias, e outros, um dos profetas». Porém, essa questão não é a mais importante. Ela somente prepara a verdadeira pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que sou eu?».

É fácil compreender que esta pergunta nos leva a um nível mais profundo. Não é para completar a investigação e acrescentar às respostas precedentes àquelas dos discípulos. É uma pergunta crucial que obriga cada um a tomar uma posição pessoal diante do mesmo Jesus Cristo. Cada um deve comprometer-se em sua resposta.

É surpreendente contatar com que frivolidade [futilidade, banalidade] se fala hoje de fé e de questões religiosas sem adotar, pessoalmente, uma atitude responsável perante Deus. É muito fácil, em determinados ambientes, zombar das tradições religiosas ou ridicularizar posições cristãs. Porém, à vezes, dá a impressão de que tudo isso sirva para contornar a própria decisão.

As coisas não se resolvem dizendo facilmente: «Sou agnóstico»; «sou crente, porém não sou praticante»; «sempre adoto posturas progressistas». Estas frases caem inevitavelmente no vazio, quando a pessoa não se colocou sinceramente diante do mistério de Deus para adotar uma decisão responsável.

Porém, a pergunta de Jesus deve também ser respondida por nós que, com semelhante facilidade, nos habituamos a nos sentir cristãos sem adotar uma atitude de adesão pessoal a Jesus Cristo: «Quem é para mim Jesus Cristo? O que ele significa em minha vida? Que lugar ele ocupa, realmente, em minha existência?».

A resposta adquire um peso especial quando se passa do «fala-se» ao «eu digo». É importante saber o que diz a Igreja a respeito de Cristo, o que diz o Papa ou o que dizem os teólogos. Porém, em minha fé, o decisivo é o que eu digo .

O dia em que alguém puder dizer a Cristo: «Tu és a Verdade, o Caminho e a Vida. Tu és meu Salvador. Tu és o Filho de Deus encarnado para minha salvação», a vida do crente começa a reavivar-se com uma força e uma verdade novas. Quase me atreveria dizer que esta resposta pessoal a Jesus Cristo é o passo mais importante e decisivo na história de cada crente. O demais vem depois.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – Homilías J. A. Pagola – Ciclo B – Internet: clique aqui.

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