«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Enfraquecer o PMDB é uma necessidade do país

Janio de Freitas

“O PMDB faz com Dilma o que fez com Sarney, em situações política e econômica também semelhantes... Dilma é vítima apenas circunstancial, do PMDB como do PSDB, porque a verdadeira vítima é o país.”
O trio que comanda o PMDB atualmente (da esquerda para a direita):
Dep. Fed. Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
Vice-Presidente da República Michel Temer (PMDB-SP) e
Sen. Renan Calheiros (PMDB-AL).

Ainda que paradoxal, na existência já de mais de 30 partidos, a criação de outro – a ser decidida hoje – é capaz de levar a um necessário tumulto no panorama partidário. Se autorizado pela Justiça Eleitoral e cumpridos os acordos para adesão de deputados, o Partido Liberal resultará, mais do que no fortalecimento de Dilma Rousseff, no enfraquecimento do PMDB. E enfraquecer o PMDB é uma necessidade do país.

Desde a volta ao regime civil, o PMDB tem usado a sua preponderância parlamentar como fator desestabilizante. Esta é uma afirmação contrária à ideia estabelecida, mas coincidente com os fatos rememoráveis. Saído da ditadura com a aura de representante da luta e da reconstrução democráticas, o PMDB se posicionou como força orientadora e incontrastável. Cabe-lhe a responsabilidade por grande parte dos fracassos administrativos e da intranquilidade política no governo Sarney, sem que isso fosse reconhecido na época nem depois.

Ulysses Guimarães, instigado pelas correntes da divergência interna no PMDB, e sempre desejoso de ser o líder de todas, foi o portador impositivo de reivindicações e ambições peemedebistas incessantes. A estas juntaram-se as manobras de Sarney para criar áreas de domínio seu no governo, de tudo decorrendo um governo inviável. Com penosas consequências para o país como um todo e sobretudo para as classes carentes. O PMDB não governou, porque não era governo, mas também não fez oposição consequente, porque se supunha e agia como o verdadeiro governo. O poder tinha que ser do PMDB.

Foi de Collor. Graças ao PMDB. A imposição do plano anti-inflacionário tresloucado só foi possível porque o PMDB garantiu-o no Congresso. Todos os desatinos que se seguiram foram apoiados ou consentidos pelo PMDB. Mesmo quando a exacerbação dos problemas de Collor, em torno dele e no governo suscitou animosidade nacional, o PMDB tergiversou o quanto pôde, acompanhado pelo PFL (hoje DEM). O país não teria passado pela maior parte do acontecido no período Collor, não fosse a garantia inicial dada pelo PMDB, com seu longo comprometimento.

Fernando Henrique hoje posa, uma especialidade, de vestal udenista. Em seu governo entregou-se ao PMDB, mas não só: também se entregou ao PFL. O método pesado de Sérgio Motta, com as mãos nos bolsos, e, depois, a eficiência sutil de Luís Eduardo Magalhães não evitaram a sucessiva entrega ao PMDB de ministérios, de pedaços do governo, de muitas verbas altas e outras vantagens pacificadoras. Dos muitos bilhões do Proer às privatizações, ou aos bloqueios à CPI da compra de votos para reeleição e a outras CPIs, o governo Fernando Henrique pagou altos preços pelo apoio ou pelo consentimento do PMDB. Sem os quais Fernando Henrique e o governo não se aguentariam com tais escândalos, mesmo sob a proteção midiática.

O primeiro mandato de Lula foi um entregar dos pontos para todos os lados. Menos para aqueles com os quais o próprio Lula e o PT tinham o seu compromisso existencial. A CPI do mensalão e o subsequente processo apenas alargaram as portas para o alheio. No centro desse enclave invasor, o PMDB – antecipando o que seria a forte "base aliada" do segundo mandato.

O governo Lula não foi erodido por crises, passado o mensalão. Mas, em grande parte, porque o toma-lá/dá-cá com o PMDB foi executado com muito mais habilidade, talvez como contribuição da experiência de Lula nas batalhas sindicais. Mas a herança de Lula para Dilma começou e terminou na entrega da faixa presidencial. O PMDB faz com Dilma o que fez com Sarney, em situações política e econômica também semelhantes. Não é preciso mencionar o que o PMDB das pautas-bombas [aprovando projetos de lei que aumentam, irresponsavelmente, os gastos do governo] tem feito. É suficiente chamar atenção para o verdadeiro sentido da ação do PMDB: Dilma é vítima apenas circunstancial, do PMDB como do PSDB, porque a verdadeira vítima é o país.

Se o Partido Liberal nasce e recebe as adesões já combinadas, tornará possível uma aliança partidária que se equipare em número ao PMDB. Sem efeito direto sobre a crise – que a fraternidade PMDB-PSDB, com auxílio dos demais seguidores de Eduardo Cunha, é bastante para manter. Mas a nova aliança quebraria a perniciosa predominância parlamentar com que o PMDB se faz operador de crises, tanto políticas como de governabilidade. Contra o país.

Fonte: Folha de S. Paulo – Colunistas – 29/09/2015 – 02h00 – Internet: clique aqui.

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