«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 13 de setembro de 2015

ESTAMOS, MESMO, SEM RUMO!!!

Reações de um governo relapso

Editorial

Como relapso incorrigível, o governo terá de improvisar um programa,
ou algo parecido, para pelo menos encenar um
esforço de arrumação de suas contas e diminuir o risco
de mais uma agência cortar a nota de crédito do País. 
Fachada do edifício-sede da Agência de Classificação Standard & Poor's
que rebaixou a nota do Brasil, colocando-o entre países com risco de investimento

Também como todo relapso, o governo chefiado pela presidente Dilma Rousseff reagiu como se a consequência de seus erros e de seu desleixo fosse uma surpresa.

Na sexta-feira, dois dias depois de anunciado o rebaixamento do Brasil pela Standard & Poor’s (S&P), os cidadãos interessados na administração nacional – e o mercado, naturalmente – ainda esperavam algum sinal concreto de resposta ao novo desafio. Só vagas promessas e algumas informações extraoficiais sobre medidas em estudo haviam aparecido. Na sexta de manhã a presidente foi ao Piauí, em busca de aplauso em mais um evento preparado.

Se houver encenação de ajuste fiscal, terá de ser curta e logo substituída por ação efetiva. Abusar da boa vontade dos avaliadores de crédito soberano, se ainda houver alguma, poderá ampliar o desastre iniciado na quarta-feira, quando a S&P informou a reclassificação do Brasil para o grau especulativo, reservado aos menos confiáveis. Como consequência da mudança de status do crédito soberano, 60 empresas foram rebaixadas.

A lista inclui, além de estatais controladas pelo Tesouro Nacional, empresas privadas de vários setores. Grandes bancos foram também submetidos à revisão. A irresponsabilidade da presidente Dilma Rousseff prejudicou, portanto, muito mais que o crédito do governo e das estatais vinculadas ao poder federal.

Não está claro se a presidente já percebeu o tamanho do estrago causado por sua inépcia [estupidez] como administradora. Soube do rebaixamento e cobrou providências dos ministros, mas absteve-se, como sempre, de reconhecer publicamente seus erros e de pedir desculpas.

Se a S&P tivesse estendido o rebaixamento só às estatais, o dano já seria considerável, especialmente por causa da situação da Petrobrás. Saqueada por muitos anos, durante os governos petistas, a maior empresa brasileira já reconheceu prejuízos, cortou seu plano de investimentos e iniciou um difícil programa de recuperação. Superendividada por erros da gestão petista, já teria de se esforçar muito para reencontrar a segurança financeira. O rebaixamento de seu crédito pela S&P tornará esse trabalho mais complicado e mais lento. Também por isso a hipótese de um corte da nota brasileira por mais uma agência de classificação é assustadora. 
Ministro da Fazenda Joaquim Levy com a Presidente Dilma Rousseff:
ambos anunciando mais impostos e sacrifícios ao povo brasileiro!

Escalado para dar entrevista depois do rebaixamento do País, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reafirmou a importância de uma política ambiciosa de ajuste das contas públicas e de reformas de longo alcance. Como solução de emergência defendeu um aumento de tributos. Esse aumento, segundo ele, seria um bom investimento para os cidadãos, porque facilitaria a volta à prosperidade. Mas, para falar de investimento, nesse caso, é preciso introduzir um corte na história e apagar os desmandos cometidos pelo menos a partir de 2010.

A narrativa real passa longe dessa retórica. De fato, o governo convoca o povo, neste momento, para cobrir, com impostos e contribuições ainda mais pesados, o buraco financeiro criado pelo mau uso e pelos desvios dos tributos coletados durante muitos anos. Nenhuma palavra foi dita sobre:
  • a distribuição de favores com dinheiro público,
  • sobre o desperdício de recursos com uma política econômica de quinta categoria,
  • sobre as enormes transferências para o BNDES ou
  • sobre o inchaço e o loteamento da administração.

A nova sangria do cidadão talvez seja inevitável. Só se saberá como será o novo sacrifício quando o governo conseguir, apesar da própria bagunça, apresentar um plano de ajuste. A presidente e sua equipe mantêm a esperança de recriar, talvez sob algum disfarce, o malfadado imposto do cheque, a CPMF. Se isso ocorrer, a desgraça fiscal terá ressuscitado uma aberração tributária, com a cumplicidade do ministro Levy.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Domingo, 13 de setembro de 2015 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

A maldição da herança

Dora Kramer

A canoa virou; foi por causa de Lula e Dilma, que não souberam remar

O governo Dilma Rousseff fica cada vez mais parecido com o fim dos governos Figueiredo e Sarney. A diferença crucial é que o atual mandato da presidente está no começo. João e José saíram aos farrapos; Dilma, aos frangalhos, talvez não consiga prosseguir.

Em qualquer situação, completando o mandato ou não, deixará ao sucessor uma herança maldita. Não o legado imputado ao governo Fernando Henrique Cardoso pelo populismo oportunista de Luiz Inácio da Silva, mas um espólio objetiva e concretamente malévolo que acaba de se materializar na volta do Brasil ao clube dos países desprovidos de credibilidade internacional, arrastando junto a Petrobrás, para citar apenas a maior das várias empresas agora consideradas investimento de risco.

Por ocupar a Presidência, Dilma personifica o desastre, mas evidentemente não é a única responsável por ele. Atribuir responsabilidade só a ela significa ignorar todo o conjunto de uma obra coletiva construída com a finalidade de submeter o Brasil à dominação de um partido.

Projeto que, por força da boa saúde das instituições e do despertar (tardio) da sociedade, não deu certo, embora tenha provocado desacertos profundos e nos levado a retroceder 20 anos no processo de recuperação da credibilidade do País.

Os governos do PT puseram esse trabalho a perder. Por orientação do chefe, Luiz Inácio da Silva, uma perfeita encarnação do herói sem caráter descrito por Mário de Andrade. Quando assumiu a Presidência, Lula adotou a política econômica do antecessor. Foi, por isso, muito elogiado, saudado pela escolha do bom caminho.

Nessa visão otimista faltou, contudo, analisar o dado essencial da motivação: nada foi feito por convicção, mas pela percepção de que ou incorporava as posições do adversário ou não governaria. De onde não hesitou em incorporá-las na economia e explorá-las na política ao expropriar o patrimônio dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, atribuindo a si a autoria da estabilização e ao antecessor a maldição de uma herança, na realidade bendita.

Lula e o PT herdaram uma casa senão totalmente em ordem, muito bem encaminhada com os pressupostos da reorganização implantados e muitos obstáculos devidamente removidos ao custo de intensas negociações externas e internas. Aos herdeiros caberia completar o trabalho, dando prosseguimento às reformas de estrutura e usando os princípios defendidos por eles desde sempre para, com a força do apoio popular e a presença de um líder, formar maioria no Congresso mediante parâmetros programáticos.

Como nem a convicção na economia nem o princípio da ética na política eram genuínos, evidente que mais dia menos dia a casa cairia. Os escombros soterraram o PT, mas o conceito do vale-tudo, traduzido na expressão da presidente Dilma de que é legítimo fazer “o diabo” para ganhar eleições, levou o País inteiro ao inferno.

Parafraseando a cantiga infantil, a canoa virou e foi por causa dos governos que não souberam remar. Agora, nosso descendente de Macunaíma [Lula] joga a sucessora ao mar jactando-se de ter solucionado uma crise econômica “cuidando dos pobres”, em mais uma demonstração do cinismo que presidiu o retrocesso ético que assola o País.

Dilma fracassou? Já havia sido um fiasco gerencial antes, nos anos 90, quando levou à falência duas lojas de produtos R$ 1,99 em Porto Alegre. Foi Lula quem garantiu que a dona dos estabelecimentos poderia governar o Brasil.

Foi ele também o avalista das alianças políticas financiadas com dinheiro público. Por essas e possíveis outras que a Polícia Federal pede agora que dê explicações à Justiça no âmbito da Operação Lava Jato.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Domingo, 13 de setembro de 2015 – Pg. A8 – Internet: clique aqui.

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