«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 14 de junho de 2015

11º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Homilia

Evangelho: Marcos 4,26-34

4,26 Disse Jesus: “O Reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra.
27 Dorme, levanta-se, de noite e de dia, e a semente brota e cresce, sem ele o perceber.
28 Pois a terra por si mesma produz, primeiro a planta, depois a espiga e, por último, o grão abundante na espiga.
29 Quando o fruto amadurece, ele mete-lhe a foice, porque é chegada a colheita.
30 Dizia ele: A quem compararemos o Reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos?
31 É como o grão de mostarda que, quando é semeado, é a menor de todas as sementes.
32 Mas, depois de semeado, cresce, torna-se maior que todas as hortaliças e estende de tal modo os seus ramos, que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra”.
33 Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que ele lhes anunciava a palavra, conforme eram capazes de compreender.
34 E não lhes falava, a não ser em parábolas; a sós, porém, explicava tudo a seus discípulos.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA 

PEQUENAS SEMENTES

Vivemos afogados em más notícias. Emissoras de rádio e televisão, noticiários e reportagens que descarregam sobre nós uma avalanche de notícias de ódios, guerras, fomes e violências, escândalos grandes e pequenos. Os «vendedores de sensacionalismo» não parecem encontrar outra coisa mais notável em nosso planeta.

A incrível velocidade com que se espalham as notícias e os problemas nos deixa aturdidos e desconsertados. O que alguém pode fazer diante de tanto sofrimento? Cada vez estamos melhor informados do mal que assola a humanidade inteira, e cada vez nos sentimos mais impotentes para enfrentá-lo.

A ciência nos quis convencer de que os problemas podem ser resolvidos com mais poder tecnológico. E lançou todos em uma gigantesca organização e racionalização da vida. Porém, este poder organizado não está mais em mãos das pessoas, mas nas estruturas. Converteu-se em «um poder invisível» que se situa bem além do alcance de cada indivíduo. Então, a tentação de nos inibirmos é grande. O que eu posso fazer para melhorar a sociedade? Não são os dirigentes políticos e religiosos que têm de promover mudanças que se fazem necessárias para avançarmos em direção a uma convivência mais digna, mais humana e feliz?

Não é assim. Há no evangelho um apelo dirigido a todos, e que consiste em semear pequenas sementes de uma nova humanidade. Jesus não fala de coisas grandes. O Reino de Deus é algo muito humilde e modesto em suas origens. Algo que pode passar tão despercebido como a semente mais pequena, porém que é chamado a crescer e frutificar de maneira insuspeitada.

Quem sabe, necessitamos aprender de novo a valorizar as coisas pequenas e os pequenos gestos. Não nos sentimos chamados a ser heróis nem mártires a cada dia, porém todos nós somos convidados a viver colocando um pouco de dignidade em cada rincão de nosso pequeno mundo. Um gesto amigo a quem vive desnorteado, um sorriso acolhedor a quem está sozinho, um sinal de proximidade a quem começa a se desesperar, um raio de alegria a um coração sobrecarregado... não são coisas grandes. São pequenas sementes do Reino de Deus que todos podemos semear em uma sociedade complicada e triste, que esqueceu o encanto das coisas simples e boas.

COM HUMILDADE E CONFIANÇA

Jesus se preocupava muito que seus seguidores terminassem o dia desalentados ao ver seus esforços por um mundo mais humano e feliz não ter obtido o êxito esperado. Será que se esqueceriam do Reino de Deus? Manteriam, ainda, sua confiança no Pai?

O mais importante é que não se esquecessem jamais de como deveriam trabalhar.
Com exemplos tomados da experiência dos camponeses da Galileia, anima-os a trabalhar sempre com realismo, com paciência e com grande confiança. Não é possível abrir caminhos para o Reino de Deus de qualquer maneira. Devem fixar-se na maneira como ele, Jesus, trabalha.

A primeira coisa que devem saber é que sua tarefa é semear, não colher. Não viverão dependentes dos resultados. Não lhes deverão preocupar nem eficácia nem o êxito imediatos. Sua atenção se centrará em semear bem o Evangelho. Os colaboradores de Jesus haverão de ser semeadores. Nada mais.

Depois de séculos de expansão religiosa e grande poder social, os cristãos devem recuperar na Igreja o gesto humilde do semeador. Esquecer a lógica do colhedor que sai sempre para recolher frutos e entrar na lógica paciente daquele que semeia um futuro melhor.

O início de toda semeadura sempre é humilde. Entretanto, trata-se de semear o Projeto de Deus no ser humano. A força do Evangelho não é nunca algo espetacular ou clamoroso. De acordo com Jesus, é como semear algo tão pequeno e insignificante como "um grão de mostarda" que germina secretamente no coração das pessoas.

Por isso, o Evangelho somente pode ser semeado com fé. É isso que Jesus deseja fazer-lhes ver com as suas pequenas parábolas. O Projeto de Deus de fazer um mundo mais humano traz dentro de si uma força salvadora e transformadora que não depende do semeador. Quando a Boa Notícia desse Deus penetra numa pessoa ou num grupo humano, ali começa a crescer algo que nos ultrapassa.

Na Igreja não sabemos, neste momento, como atuar nesta situação nova e inédita, em meio a uma sociedade cada vez mais indiferente a dogmas religiosos e códigos morais. Ninguém tem a receita. Ninguém sabe, exatamente, o que se há de fazer. Precisamos buscar caminhos novos com a humildade e confiança de Jesus.

Cedo ou tarde, os cristãos sentirão a necessidade de retornar ao essencial. Descobriremos que somente a força de Jesus pode regenerar a fé na sociedade descristianizada de nossos dias. Então, aprenderemos a semear com humildade o Evangelho como início de uma fé renovada, não transmitida por nossos esforços pastorais, mas gerada por ele.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Segunda-feira, 8 de junho de 2015 – 11h28 – Internet: clique aqui.

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