«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

REAÇÕES À ENCÍCLICA "VERDE" DE PAPA FRANCISCO

“Encíclica verde” une ecologia à justiça social

José Maria Mayrink

Papa Francisco denuncia comportamento “suicida” que ameaça futuro da humanidade 
Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson
apresenta encíclica do Papa Francisco Laudato Si' sobre os cuidados para a nossa casa comum, em Roma, Itália.
Foto: Alessandra Benedetti / Corbis

O papa Francisco publicou nesta quinta-feira, 18, a encíclica Laudato Si’, um texto de 191 páginas, dividido em seis capítulos, dedicado ao meio ambiente, no qual ele denuncia o comportamento “suicida” de um sistema econômico que ameaça o futuro da humanidade.

“A Terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”, adverte Francisco, depois de afirmar que “anualmente se produzem centenas de milhões de toneladas de resíduos”. O papa argentino, que é formado em Química, afirma que as mudanças climáticas são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, econômicas, distributivas e políticas e, por isso, constituem um dos principais desafios atuais. “Provavelmente os impactos mais sérios recairão, nas próximas décadas, sobre os países em vias de desenvolvimento”, afirma Francisco.

“Muitos pobres vivem em lugares particularmente afetados por fenômenos relacionados com o aquecimento, e os seus meios de subsistência dependem fortemente das reservas naturais e dos chamados serviços do ecossistema, como a agricultura, a pesca e os recursos florestais”, diz o papa. Os pobres, observa, “não possuem outras disponibilidades econômicas nem outros recursos que lhes permitam adaptar-se aos impactos climáticos ou enfrentar situações catastróficas, e gozam de reduzido acesso a serviços sociais e de proteção”.

Ao chamar a atenção para o esgotamento dos recursos naturais, Francisco aponta a falta crescente de água potável e limpa, “indispensável para a vida humana e para sustentar os ecossistemas terrestres e aquáticos”. Observando que “em muitos lugares, a procura excede a oferta sustentável, com graves consequências a curto e longo prazo”, o papa diz que “um problema particularmente sério é o da qualidade da água disponível para os pobres, que diariamente ceifa muitas vidas”.
Esta oração de São Francisco inspira o início da Encíclica
de Papa Francisco

Biodiversidade

A encíclica adverte também para a destruição da biodiversidade como uma ameaça ao planeta: “Mencionemos, por exemplo, os pulmões do planeta repletos de biodiversidade que são a Amazônia e a bacia fluvial do Congo, ou os grandes lençóis freáticos e os glaciares. A importância destes lugares para o conjunto do planeta e para o futuro da humanidade não se pode ignorar. Os ecossistemas das florestas tropicais possuem uma biodiversidade de enorme complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos”.

Para o papa, “uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”. A desigualdade, diz Francisco, “não afeta apenas os indivíduos, mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética das relações internacionais.

“Há uma verdadeira dívida ecológica, particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efetuado historicamente por alguns países.”

Obama

Líderes mundiais reagiram à encíclica. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que admira profundamente a decisão do papa de pedir “uma ação sobre a mudança climática de maneira clara e forte, com toda a autoridade moral que sua posição lhe confere”. O presidente francês, François Hollande, cujo país acolherá a cúpula sobre mudanças climáticas, sugeriu que o apelo de Francisco seja ouvido em todos os continentes.

Para o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, a encíclica é um marco ao enfatizar a mudança climática, um dos maiores desafios da humanidade e tema moral que requer diálogo.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole / Sustentabilidade – Sexta-feira, 19 de junho de 2015 – Pg. A20 – Internet: clique aqui.

PRESTE ATENÇÃO...

20 pontos importantes da Encíclica

1. Hábitos
O papa pede "mudanças profundas" em estilos de vida, modelos de produção e consumo e de estruturas de poder.

2. Desinteresse
Critica "a rejeição dos poderosos" e "falta de interesse dos demais" para com o meio ambiente.

3. Negligência
Afirma que a Terra "parece tornar-se cada vez mais um imenso depósito de imundície".

4. Cuidados
Pede para limitar ao máximo o uso de recursos não-renováveis, moderar o consumo e maximizar o uso, reutilização e reciclagem.

5. Migração
Refere-se a "uma indiferença geral" para o "trágico" aumento de migrantes "fugindo da miséria agravada pela degradação ambiental".

6. Água
Critica a privatização da água, um direito "humano básico, fundamental e universal" e que "determina a sobrevivência das pessoas".

7. Dívida
Assegura que as pessoas mais pobres sofrem "os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais" e fala de "uma verdadeira dívida ecológica" entre "o Norte e o Sul".

8. Bem Comum
Refere-se ao "fracasso" das cúpulas mundiais sobre meio ambiente, em que "o interesse econômico chega a prevalecer sobre o bem comum".

9. Poder
Aponta para o "poder ligado às finanças" como responsável por não prevenir e resolver as causas que originam novos conflitos.

10. Megalomania
O papa considera necessário "recuperar os valores e os grandes fins arrasados por uma megalomania desenfreada".

11. Valores
"Quando não se reconhece (...) o valor de um pobre, de um embrião humano, de uma pessoa com deficiência, dificilmente serão ouvidos os gritos da mesma natureza".

12. Trabalho
Para o papa, "é uma prioridade o acesso ao trabalho para todos".

13. Limites
Entende que "às vezes pode ser necessário impor limites a quem tem mais recurso e poder financeiro".

14. Diálogo
Pede que as comunidades aborígenes se convertam nos "principais interlocutores" do diálogo sobre meio ambiente.

15. Urgência
Critica a "lentidão" da política e das empresas, que estariam "longe de viver de acordo com os desafios mundiais".

16. Bancos
O papa acredita que a "salvação dos bancos a todo custo (...) só pode gerar novas crises".

17. Reflexão
Critica que as crises financeiras de 2007-2008 não criaram uma nova regulação capaz de "repensar os critérios obsoletos que seguem regendo o mundo".

18. Prioridades
Assegura que as empresas "estão desesperadas pelo ganho financeiro" e os políticos "para conservar a aumentar o poder" - e não por preservar o meio ambiente e cuidar dos mais necessitados.

19. Educação Ambiental
Crê que a solução requer "educação com responsabilidade ambiental na escola, na família, nos meios de comunicação e na catequese".

20. Missão
O papa encoraja os cristãos a serem "protetores da obra de Deus" porque "é parte essencial de uma existência virtuosa".

Fonte: Agência EFE – Reproduzido por: O Estado de S. Paulo – Sustentabilidade – Sexta-feira, 19 de junho de 2015 – Pg. A20 – Internet: clique aqui.

“É um alerta para o estilo consumista”, diz presidente da CNBB sobre encíclica

Lígia Formenti, Roberta Pennafort e José Maria Mayrink

Para estudiosos, a encíclica consolida o caráter pastoral do papa
Francisco Catão
Teólogo brasileiro

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Sergio da Rocha, afirma que a encíclica será referência não apenas para a Igreja, mas para o mundo. “Ela alerta para o estilo consumista que adotamos, para o desperdício.”

Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, ressalta o cuidado adotado no texto para mostrar os reflexos na área social. “É uma conversão ecológica. Isso é muito importante, porque pressupõe um ajuste da fé.”

Para estudiosos da Igreja, a encíclica consolida o caráter pastoral de Francisco. “O segredo de sua liderança está no fato de que ele é espiritual e dá testemunho de sua vida profunda com Deus”, diz o teólogo Francisco Catão. “Ele assume posição de quem fala como homem, como cristão, como pastor.”

“As pessoas têm de entender que o objetivo da encíclica é apoiar os ecologistas em sua luta”, afirma o biólogo e sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “O papa coloca sua autoridade moral e da Igreja a serviço da causa ambiental.”

“O papa acredita que o mesmo ser humano que não soube cuidar de sua casa é capaz de converter seu modo de pensar e agir para reconstruir o planeta, como Francisco reconstruiu a Igreja”, afirma o jornalista Roberto Zanin, porta-voz da prelazia Opus Dei no Brasil.
Dom Sérgio da Rocha
Arcebispo de Brasília (DF) e Presidente da CNBB

Cardeais

O cardeal d. Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, afirmou que as advertências e os apelos do texto se dirigem a todos, não só aqueles que ameaçam, mas também a quem já causou danos ao meio ambiente.

Já o cardeal arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta, pontua que o documento trata como indissociáveis a ecologia e as questões sociais. “Fala da ecologia integral e para todos. Estamos no mesmo barco.”

O monsenhor Joel Portella, coordenador arquidiocesano de Pastoral do Rio, realçou o fato de o texto ser endereçado a “cada pessoa que habita esse planeta”, e não a bispos e arcebispos.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Sustentabilidade – Sexta-feira, 19 de junho de 2015 – Pg. A20 – Internet: clique aqui.

O que Jesus Cristo faria sobre o aquecimento global?


O papa faz um discurso em defesa do planeta e a América Latina escuta com atenção, mas não abre mão de suas idiossincrasias

Em se tratando de um pronunciamento religioso, a encíclica do papa Francisco sobre o meio ambiente até que é legível e, em algumas passagens, bonita. Tendo como pano de fundo as negociações em curso sobre as mudanças climáticas, que deverão culminar com uma reunião de cúpula na Organização das Nações Unidas (ONU) em dezembro, o documento sustenta que o gás carbônico produzido pelos seres humanos é o principal responsável pelo aquecimento do planeta e clama por medidas urgentes para reduzir as emissões, em especial por parte dos países ricos.
Papa Francisco
Autor do documento mais abrangente e contundente sobre o
bem-estar do planeta

A encíclica foi formalmente apresentada ontem [18/06/2015], mas na segunda-feira já havia vazado um esboço do texto. É a primeira vez que a maior instituição religiosa do mundo dedica um pronunciamento dessa magnitude ao bem-estar do planeta; e é também um novo estilo de discurso papal. No passado, as encíclicas eram cartas dirigidas aos bispos da Igreja; depois se tornaram uma forma de comunicação com o conjunto dos católicos; esta é endereçada à humanidade como um todo.

Apesar de mencionar em diversos trechos as ideias ecológicas da Igreja Ortodoxa [sic], o documento evita o palavreado teológico sobre pecado e recorre tanto a fontes não cristãs como a fontes não religiosas. Muitas de suas 190 e poucas páginas provêm de uma ONG de extração secular; mas há passagens delicadas e líricas, que pedem uma “mudança de atitude” por parte de consumidores, empresários e políticos.

A inspiração, como explicou o papa, veio de sua experiência na América Latina; e o impacto do documento depende muito da reação dessa sua região natal, que abriga 425 milhões de católicos (quase 40% do total mundial) e é palco de complexos dilemas ambientais.

Em círculos católicos mais à esquerda, sobretudo latinos, a encíclica foi saudada como apologia de uma nova corrente de pensamento, que pretende falar para os pobres e para o Hemisfério Sul, sem ser marxista. Seu ideário ganhou contornos mais claros em um encontro de bispos latino-americanos, realizado em 2007 em Aparecida [5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe – 13-31 de maio de 2007]. O papa atual, então conhecido como o cardeal argentino Jorge Bergoglio, teve papel de destaque nesse encontro e agora é visto como um portador de sua mensagem.

Salvando o mundo

O espírito anticolonial de Aparecida está claramente presente na encíclica, que menciona a advertência então feita pelos bispos de que, sob um manto ecológico, as propostas de “internacionalização” da Amazônia talvez representassem uma investida ligeiramente dissimulada contra a soberania dos países da região. Além disso, foi só em Aparecida, sustenta o pontífice, que ele se deu conta de como era importante salvar as árvores. “Ao ouvir os bispos brasileiros falando do desmatamento da Amazônia, acabei entendendo (que as árvores da) Amazônia são o pulmão do mundo”, disse o papa em uma coletiva de imprensa no início do ano.

É bem verdade que muitos problemas, incluindo o desmatamento, são melhor visualizados do alto. Mas, no nível do chão, em alguns locais com graves problemas ecológicos, a imagem de católicos que, inspirados pelas palavras papais, resistem a agentes de poluição e desflorestadores latino-americanos dá lugar a uma realidade mais complexa. Antes de mais nada, a capacidade que a Igreja tem de lutar por causas coletivas na região ficou limitada depois da ascensão de seitas protestantes que oferecem um caminho individualista para a salvação e a prosperidade; e já há católicos latino-americanos reproduzindo esse estilo.

No Brasil, país em que proliferam diversas formas de cristianismo, algumas das vozes políticas mais atuantes são as dos evangélicos, que têm laços com o agronegócio; e um dos católicos mais devotos com participação na vida pública, o senador mato-grossense Blairo Maggi, é conhecido como o rei da soja e mantém distância do discurso ambientalista.
Padre EDILBERTO SENA
Santarém - Pará
Militante ambientalista na Amazônia

Edilberto Sena, um padre católico de inclinações esquerdistas, com atuação na cidade de Santarém, no Pará, reconhece que algumas pessoas pobres têm dificuldade de entender sua preocupação com a extração ilegal de madeira que acontece em áreas próximas; e ele ainda tem de competir com pregadores que prometem ajuda com questões mais pessoais. Sena comemora o fato de que o papa esteja se comportando como “pastor do mundo inteiro, não só dos católicos”, mas duvida que isso mudará a atitude dos que mandam no Brasil. Outros brasileiros são mais otimistas.

Valdir Raupp, senador rondoniano que é católico devoto, tem esperança de que, com a encíclica, a educação passará a ser vista como a melhor maneira de preservar as florestas, ocupando o lugar das medidas de repressão.

No Equador os paradoxos são ainda maiores. O presidente Rafael Correa vê a encíclica como um reforço a suas credenciais “ecocatólicas”. Em abril, ele esteve em uma conferência no Vaticano, durante a qual vieram à tona os primeiros sinais da iniciativa papal. Mas Correa enfrenta uma onda de protestos contra as próprias iniciativas ambientais.

Em 2013, ele descumpriu a promessa de não fazer perfurações de petróleo no Parque Nacional Yasuní, levando mais de 750 mil pessoas a assinar uma petição que propunha a realização de um referendo sobre a questão – que acabou sendo rejeitada por filigranas técnicas. Correa também dissolveu a ONG Pachamama, classificando-a como uma “ameaça à segurança nacional”, depois que a entidade organizou uma pequena manifestação contra licitações de campos petrolíferos na Amazônia. Sua tentativa de implementar projetos de mineração a céu aberto em vales afastados da floresta o pôs em rota de colisão com lideranças indígenas locais. Nas últimas semanas, um plano que pretendia alterar o status do Parque Nacional de Galápagos, situado nas ilhas cuja fauna serviu de inspiração a Charles Darwin, foi um dos estopins para uma série de manifestações realizadas em cidades do Equador e no arquipélago.

Também na Argentina os problemas ambientais às vezes deixam de se configurar como uma luta entre o bem e o mal para se apresentar de forma irônica. Uma das maiores preocupações ecológicas de Buenos Aires é uma fábrica de papel uruguaia, cujos dejetos são lançados no rio que corre entre os dois países; houve gritaria em 2013, quando o Uruguai anunciou um aumento na produção da planta. Mas o principal alvo da ira argentina não era nenhum capitalista americano ou europeu, e sim o presidente uruguaio José Mujica, normalmente visto como um herói das esquerdas.

Esses quebra-cabeças ideológicos dificilmente desencorajarão um papa que jamais leva as doutrinas terrenas muito a sério. Francisco passou o início de sua carreira lidando com a junta militar que governava a Argentina nos anos de chumbo, e em setembro, quando estiver nos Estados Unidos, terá de convencer algumas pessoas de que não é comunista.

Traduzido do inglês por Alexandre Hubner.

Fonte: O Estado de S. Paulo – “The Economist” – Sexta-feira, 19 de junho de 2015 – Pg. A21 – Internet: clique aqui.

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