«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 23 de junho de 2015

I N C O E R Ê N C I A ! ! !

“Confissão” de Lula sobre o Partido dos Trabalhadores – PT:

Ricardo Galhardo e José Roberto Castro

Para ex-presidente, PT está velho, viciado em poder, apegado a empregos
e vitórias eleitorais e perdeu capacidade de gerar sonhos
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (à esquerda) e o
ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González (à direita)

Menos de dez dias depois de o PT realizar seu 5.º Congresso Nacional, em Salvador, onde decidiu manter o status quo partidário frustrando os setores que esperavam por mudanças radicais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma das mais duras críticas públicas à legenda que ajudou a fundar há 35 anos e o levou ao poder nacional.

No Congresso do PT encerrado dia 13 de junho, na Bahia, diversos setores encaminharam propostas de mudanças expressivas nas práticas partidárias, entre elas o rompimento da coligação com o PMDB em troca de uma aliança popular com movimentos de rua e a sociedade organizada. No final a corrente integrada por Lula atropelou os descontentes e aprovou um documento final considerado tímido pelos petistas que cobravam mudanças capazes de tirar o PT do “volume morto”, na expressão do próprio ex-presidente.

Nesta segunda-feira, 22 de junho, Lula cobrou publicamente uma mudança efetiva criticando a estrutura do partido. Em palestra ao lado do ex-primeiro-ministro da Espanha Felipe Gonzalez, Lula disse:

«Temos que definir se queremos salvar a nossa pele e os nossos cargos
ou salvar o nosso projeto.»

«Eu acho que o PT perdeu um pouco a utopia.
Hoje a gente só pensa em cargo, em emprego, em ser eleito.
Ninguém hoje trabalha mais de graça.»

«Hoje se os candidatos não liberarem as pessoas dos gabinetes deles,
ninguém vai porque as pessoas só querem ir ganhando.
Isso é um vício de um partido que cresceu e chegou ao poder.»

«O PT está velho. Eu que tenho 69 (anos) já estou cansado,
fico pensando se não está na hora de a gente fazer uma revolução neste partido,
uma revolução interna, colocar gente nova, gente que pensa diferente.»

[ . . . ]

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Terça-feira, 23 de junho de 2015 – Pg. A8 – Internet: clique aqui.

Para dissidentes, ex-presidente Lula tem culpa na atual crise do PT

Pedro Venceslau

Luiza Erundina e Ivan Valente, que deixaram o partido,
apontam erros de Lula na condução do PT; tucanos fazem críticas
Luiza Erundina - Deputada Federal pelo PSB, São Paulo

Para fundadores do PT que deixaram a legenda e petistas insatisfeitos com os rumos do governo da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou se eximir da crise vivida pela sigla em sua intervenção, feita nesta segunda-feira, 22, em tom de desabafo durante uma palestra em seu instituto.

"Não dá para ele se isentar e jogar toda a culpa no PT. Lula ainda é a principal liderança e foi o principal condutor desse processo, desde a origem até hoje", afirma a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP).

Uma das primeiras prefeitas de capitais eleitas pelo partido em 1988, quando venceu a disputa em São Paulo, Erundina deixou o partido em 1997 depois de um longo processo de desgaste interno por ter aceitado um cargo no primeiro escalão do governo Itamar Franco.

Para a deputada, ao afirmar que e o PT "perdeu um pouco a utopia" e que os petistas "só pensam em cargo", Lula está refletindo um quadro grave vivido pelo País. "A fala dele foi um sintoma da falência do PT. E esse sintoma chega para mim com muito mais contundência", concluiu a ex-prefeita.
Ivan Valente - Deputado Federal pelo PSOL, São Paulo

Também integrante da primeira geração de dirigentes políticos do Partido dos Trabalhadores, o deputado Ivan Valente, hoje no PSOL, faz a mesma leitura. "Esse é um discurso para consumo interno no partido, mas o Lula não pode se eximir da responsabilidade pelo PT estar vivendo essa crise monumental. O partido rebaixou o seu programa por orientação dele", diz.

O parlamentar também comentou a reclamação do ex-presidente sobre a redução drástica da militância espontânea petista que marcou a sigla antes da chegada ao poder. "O maior responsável por tirar do PT o caráter da contribuição militante foi o próprio Lula. Foi ele quem implantou a lógica de ganhar eleição a qualquer custo", conclui Valente.

Correlação de forças

Integrante da segunda maior corrente interna do PT, a Mensagem ao Partido, e membro do diretório nacional da sigla, o deputado Paulo Teixeira (SP) faz outra leitura das recentes autocríticas de Lula. "Há um sentimento de mudança no partido. A correlação de forças internas já mudou. A fala do ex-presidente converge para isso."

Teixeira se refere à redução da influência do chamado grupo majoritário que comanda o PT desde sua fundação e o consequente fortalecimento de correntes mais à esquerda no espectro partidário.

Já o senador Paulo Paim (RS) avalia que o discurso do ex-presidente corroborou um fenômeno que vem ocorrendo no partido desde a chegada ao poder central em 2003. "É lamentável que alguns setores do PT tenham se encantado com o poder. Tem gente com mais de 100 cargos indicados", diz o parlamentar. Paim deve mudar de sigla [partido] até o fim deste ano.

Tucanos

Os discursos recentes de Lula serviram de munição para os tucanos reforçarem a artilharia contra o PT. Para o senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado, o ex-presidente fez um "reconhecimento" tardio das mazelas petistas. [ . . . ]

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Terça-feira, 23 de junho de 2015 – Pg. A8 – Edição impressa. Na internet, clique aqui.

Lágrima de crocodilo

Editorial

Os conselhos de Lula recendem a populismo barato e a vigarice chinfrim:
para ele, o importante é levar o eleitor “na conversa”. 
Ex-presidente Lula falando em reunião com religiosos na sede do Instituto Lula.
Quinta-feira, 18 de junho de 2015.

Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
Fazendo eco às pesquisas que demonstram que o apoio popular e a aprovação ao governo continuam despencando, Luiz Inácio Lula da Silva, como se não tivesse nada a ver com isso, faz duras críticas à presidente da República que colocou no Palácio do Planalto, escancara seu estilo populista ao dar conselhos à sucessora e tem o caradurismo de afetar consternação e se queixar do “ódio que está na sociedade”.

O estarrecedor depoimento de Lula, diante de líderes religiosos que reuniu em seu instituto em São Paulo na semana passada, foi relatado pelo [jornal O] Globo no sábado.

O ex-presidente falou aos líderes religiosos no momento em que era divulgada mais uma pesquisa Datafolha dando conta de que caiu para 10% a aprovação popular a Dilma Rousseff e subiu para 65% o índice de brasileiros que consideram seu governo ruim ou péssimo. “A Dilma está no volume morto”, ironizou Lula, acrescentando que ele próprio está no mesmo nível e o PT ainda mais abaixo.

Com o cinismo que seus admiradores preferem interpretar como “visão pragmática” das questões políticas, Lula endossou de modo geral as críticas feitas por seus interlocutores ao governo, a Dilma e ao PT e ainda botou lenha na fogueira na tentativa de convencê-los de que os problemas apontados são consequência da teimosia de sua sucessora, que se recusa a seguir os conselhos que recebe do mestre.

Tendo ao lado o ex-ministro Gilberto Carvalho, que manifestava aprovação a todas as intervenções do chefe e a elas acrescentava argumentos, Lula desfiou críticas a Dilma e ao governo que ela comanda: “O Gilberto sabe do sacrifício que é a gente pedir para a companheira Dilma viajar e falar”. “Numa reunião em Brasília eu disse a ela: companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos. Ela não lembrava.” “Estamos há seis meses discutindo ajuste. Ajuste não é programa de governo. Depois de ajuste vem o quê?” “Os ministros têm de falar. Parece um governo de mudos.”

Não se dando ao trabalho de disfarçar o tratamento de líder para liderada que pretende impor em seu relacionamento com a presidente da República, Lula contou: “Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa para a Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo. E disse para ela: isso não é para você desanimar, não. Isso é para você saber que a gente tem de mudar, que a gente pode se recuperar. E entre o PT, entre eu (sic) e você, quem tem mais capacidade de se recuperar é o governo, porque tem iniciativa, tem recurso, tem uma máquina poderosa para poder falar, executar, inaugurar”.

Lula garantiu que nos encontros que mantém regularmente com a chefe do governo tenta convencê-la da necessidade de se expor publicamente, fazer contato pessoal “porque na hora em que a gente abraça, pega na mão, é outra coisa”. E resumiu: “Falar é uma arma sagrada”, ressalvando que não se trata de falar na TV ou no rádio, mas “olho no olho”.

Está claro que, apesar de achar que entende de política mais do que ninguém, Lula é incapaz de – ou não quer – perceber que de nada mais adianta Dilma Rousseff sair por aí anunciando planos mirabolantes e fazendo promessas maravilhosas pela razão simples de que perdeu a credibilidade. Pelo menos dois em cada três brasileiros não acreditam nela. De resto, os conselhos de Lula recendem a populismo barato e a vigarice chinfrim: para ele, o importante é levar o eleitor “na conversa”.

Embora permissivo quando se trata de si próprio, da família e dos amigos, Luiz Inácio Lula da Silva se comporta com uma arrogância e uma presunção que o levam a colocar-se sempre acima do bem e do mal.

Subiu na vida pública transformando os adversários políticos em inimigos a serem destruídos. E agora demonstra uma consternação hipócrita, como o fez no encontro com os religiosos: “Jamais vi o ódio que está na sociedade. Família brigando dentro de família, companheiro do PT que não pode entrar em restaurante...”.

Lamentava, com lágrimas de crocodilo, estar colhendo o amargo fruto que plantou.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Terça-feira, 23 de junho de 2015 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

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