«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 20 de junho de 2015

12º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Homilia

Evangelho: Marcos 4,35-41


4,35 À tarde daquele dia, disse Jesus a seus discípulos: “Passemos para o outro lado”.
36 Deixando o povo, levaram-no consigo na barca, assim como ele estava. Outras embarcações o escoltavam.
37 Nisto surgiu uma grande tormenta e lançava as ondas dentro da barca, de modo que ela já se enchia de água.
38 Jesus achava-se na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles acordaram-no e disseram-lhe: “Mestre, não te importa que pereçamos?”.
39 E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: “Silêncio! Cala-te!” E cessou o vento e seguiu-se grande bonança.
40 Ele disse-lhes: “Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?”.
41 Eles ficaram penetrados de grande temor e cochichavam entre si: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA 

POR QUE SOMOS TÃO COVARDES?

«Por que sois tão covardes? Ainda não tendes fé?». Estas duas perguntas que Jesus dirige aos seus discípulos não são, para o evangelista Marcos, uma anedota do passado. São as perguntas que devem escutar os seguidores de Jesus em meio a suas crises. As perguntas que temos de fazer também hoje são: Onde está a raiz de nossa covardia? Por que temos medo diante do futuro? É porque nos falta fé em Jesus Cristo?

O relato é breve. Tudo começa com uma ordem de Jesus: «Vamos para a outra margem». Os discípulos sabem que na outra margem do lago de Tiberíades está o território pagão da Decápolis. Um país diferente e estranho. Uma cultura hostil à sua religião e crenças.

Logo, surge uma forte tempestade, metáfora gráfica do que sucede no grupo dos discípulos. O vendaval, as ondas batendo contra o barco, a água que começa a invadir tudo expressam bem a situação: O que poderão fazer os seguidores de Jesus diante da hostilidade do mundo pagão? Não somente a missão está em perigo, mas inclusive a própria sobrevivência do grupo.

Despertado por seus discípulos, Jesus intervém, o vento cessa e sobre o lago vem uma grande calma. O surpreendente é que os discípulos «ficam espantados».

Antes, tinham medo da tempestade. Agora, parecem temer Jesus. No entanto, algo decisivo se produziu neles: recorreram a Jesus, puderam experimentar nele uma força salvadora que não conheciam; começam a perguntar-se por sua identidade. Começam a intuir que com ele tudo é possível.

O cristianismo se encontra, hoje, no meio de uma «forte tempestade» e o medo começa a apoderar-se de nós. Não nos atrevemos a passar para «a outra margem».

A cultura moderna se nos apresenta como um país estranho e hostil. O futuro nos dá medo. A criatividade parece proibida. Alguns acreditam ser mais seguro olhar para trás para melhor ir adiante.

Jesus pode surpreender a todos nós. O Ressuscitado tem força para inaugurar uma fase nova na história do cristianismo. Somente nos pede fé. Uma fé que nos liberte de tanto medo e covardia, e nos comprometa a caminhar nos passos de Jesus.

DEUS NÃO QUER QUE NOS AFUNDEMOS

Há formas de entender a religião que, ainda que sejam bem difundidas, são falsas e desfiguram substancialmente a realidade de Deus e a experiência religiosa. Não são coisas secundárias, mas básicas.

Vejamos um exemplo. São muitos aqueles que vivem sua religião a partir do seguinte contexto. De um lado, estão os interesses de Deus; a ele lhe interessa a sua glória, isto é, que as pessoas creiam nele, que o louvem e que cumpram sua vontade divina. De outro lado, estão os interesses dos seres humanos, que se esforçam por viver da melhor forma possível e ser felizes.

Evidentemente, a Deus lhe interessa «o seu» e trata de pôr o homem a seu serviço. Impõe os seus dez mandamentos (como poderia ter imposto outros ou nenhum) e está atento a como os seres humanos a eles reagem. Se os obedecem, premia-os; em caso contrário, castiga-os. Como Senhor que é, também concede favores; a uns mais que a outros; às vezes gratuitamente, às vezes em troca de algo.

Nós, do nosso lado, buscamos nossos próprios interesses e tratamos de colocar Deus da nossa parte. «Pedimos ajuda a Deus» de modo que as coisas vão bem para nós; lhe «damos graças» por determinados favores; inclusive, lhe «oferecemos sacrifícios» e «cumprimos promessas» para forçá-lo a interessar-se pelos nossos assuntos.

Na realidade, as coisas são bem diferentes! Para Deus a única coisa que lhe interessa somos nós. Cria-nos somente por amor e busca sempre o nosso bem. Não precisamos convencê-lo de nada. Dele somente brota amor para com o ser humano. Não busca contrapartidas. A única coisa que lhe importa é o bem e a felicidade de cada pessoa. Aquilo que lhe dá verdadeira glória é que os homens e mulheres vivam em plenitude.

Se ele quer que cumpramos essas obrigações morais que levamos dentro do coração pelo mero fato de sermos humanos, é porque esse cumprimento é bom para nós. Deus está sempre contra o mal, porque vai contra a felicidade do ser humano. Não «envia» nem «permite» a desgraça. Ele não se encontra na enfermidade, mas no enfermo. Não está no acidente, mas no acidentado. Está naquilo que contribui para o bem das pessoas. E, apesar dos fracassos e desgraças inevitáveis desta vida finita, está orientando tudo para a salvação definitiva.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Segunda-feira, 15 de junho de 2015 – 13h12 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.