«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Bolsonaro vira réu por incitação ao crime de estupro

Gil Alessi

Supremo Tribunal Federal aceitou duas denúncias contra ofensa de
deputado de extrema direita a colega de Congresso
JAIR BOLSONARO
Deputado Federal pelo PSC do Rio de Janeiro

O deputado federal de extrema direita Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se tornou réu por incitação ao crime de estupro e injúria, nesta terça-feira (21 de junho). Por quatro votos a um, a primeira turma do Supremo Tribunal Federal aceitou duas denúncias contra o parlamentar, uma feita pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) e outra da Procuradoria-Geral da República. Em dezembro de 2014, Bolsonaro afirmou no plenário da Câmara após discussão com a petista que ele só não “estupraria” a colega porque ela “não merecia”, por ser muito feia. Dias antes ele havia dado entrevista ao jornal Zero Hora com teor semelhante. A decisão da Corte chega em um momento no qual o debate sobre a cultura do estupro no país ganha grande visibilidade, após casos de violações coletivas ocorridas no Rio de Janeiro e Piauí.

A infame declaração de Bolsonaro, que é defensor de que os gays são fruto do consumo de drogas entre outras teses preconceituosas, foi dada logo após Rosário homenagear no plenário as vítimas da ditadura militar (1964-1985). O deputado, que é militar da reserva e defensor do regime dos generais – em seu voto favorável ao impeachment de Dilma Rousseff ele elogiou o coronel Brilhante Ustra, ícone da repressão – reagiu. Enquanto a petista, que já foi ministra dos Direitos Humanos, deixava o local, Bolsonaro fez os comentários: "Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, [...] e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir".

A naturalização da violência contra a mulher norteou a decisão do Supremo. Em seu voto, o ministro Luiz Fux foi enfático, e afirmou que “a violência sexual é um processo consciente de intimidação pelo qual as mulheres são mantidas em estado de medo”. O magistrado disse que o discurso de Bolsonaro de fato incitou crimes, e usou como exemplo mensagens dos apoiadores do deputado postadas na Internet: “Essa puta não defende bandido que tem que dar uma estupradinha nela?”, e “eu estupraria Maria do Rosário, mas com os dedos, porque com aquela cara, nem com Viagra”. O deputado tem forte presença na Internet, com 2,4 milhões de seguidores no Facebook. [Como tem gente que se deixa enganar e incentiva um discurso de ódio, violência e preconceito ao seguir e apoiar um político como Bolsonaro!!!]
MARIA DO ROSÁRIO
Deputada Federal pelo PT do Rio Grande do Sul

Luís Barroso acompanhou o voto do colega, e disse que o discurso de Bolsonaro “é ofensa também à condição feminina de maneira geral (...) é a naturalização do desprezo, a naturalização da violência contra a mulher (...) é impossível não acreditar que esse tipo de atitude não contribua para uma cultura de violência, para uma cultura de estupro que ainda é recorrente no Brasil”.

O único ministro a defender a rejeição das ações foi Marco Aurélio Mello. Ele evocou a tese da defesa de Bolsonaro, de que o deputado estaria protegido pela imunidade parlamentar, que garantiria aos políticos o direito a manifestar suas opiniões. Ele fez questão de dizer, no entanto, que não endossa as declarações feitas no plenário. Fux rebateu Marco Aurélio e disse que as declarações do deputado não têm relação com o exercício do mandato: “O conteúdo não guarda qualquer relação com a função de deputado, portanto não incide a imunidade prevista na Constituição Federal”, disse.

Em sua denúncia contra Bolsonaro, a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, escreveu que “ao dizer que não estupraria a deputada porque ela não ‘merece’, o denunciado instigou, com suas palavras, que um homem pode estuprar uma mulher que escolha e que ele entenda ser merecedora do estupro”.

Uma condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) poderia sepultar o sonho de Bolsonaro de ser candidato à presidência da República em 2018. O julgamento do caso ainda não tem data marcada. O deputado se defendeu no Twitter: “Graças a Deus tudo foi filmado, ou certamente já não teria meu mandato há tempos! A Justiça no fim será feita”. [Certamente, mas não a favor de Bolsonaro, se houver justiça neste país!]
CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA
Ex-chefe do Doi-Codi subordinado ao II Exército, reconhecido como torturador durante o regime militar

Processo na Comissão de Ética

O gosto por provocar adversários com palavras e expressões ofensivas o colocou também sob a mira da Comissão de Ética da Câmara de Deputados. No dia da votação do impeachment, no dia 17 de abril, Bolsonaro votou pelo afastamento da presidenta Dilma, homenageando o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI do II Exército durante a ditadura militar, “o pavor de Dilma Rousseff”, disse ele, em tom de escárnio, ao microfone. A presidenta afastada foi torturada quando Ustra comandava a repressão. O gesto foi alvo de repúdio de vários partidos e entidades ligadas aos direitos humanos.  O Partido Verde entrou com uma representação contra o deputado por considerar que o discurso de Bolsonaro constitui “verdadeira apologia ao crime de tortura”.

O deputado é famoso por provocar seus opositores com xingamentos de baixo calão. Um dos seus alvos preferidos é o deputado Jean Willys. No dia da votação do impeachment, Willys saía da tribuna após votar “não” quando ouviu uma provocação de Bolsonaro. “Ele me chamou de viado e queima rosca”, disse Willys, que cuspiu em direção ao deputado de direita.

Fonte: El País – Brasil – São Paulo, 21 de junho de 2016 – 19h30 (horário de Brasília) – Internet: clique aqui.

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