Ex-ministro de Lula e Dilma,
Paulo Bernardo, é preso
por receber R$ 7 milhões em
propina, diz PF
Fausto Macedo, Julia Affonso, Ricardo Brandt,
Fabio Serapião e Mateus Coutinho
Paulo Bernardo era
beneficiário de um terço dos valores desviados em contrato da CONSIST, que
forneceu sistema eletrônico para empréstimo consignado de servidores federais
PAULO BERNARDO SENDO DETIDO PELA POLÍCIA FEDERAL EM BRASÍLIA Quinta-feira, 23 de junho de 2016 |
O ex-ministro
Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações) nos governos Luiz Inácio Lula
da Silva e Dilma Rousseff recebeu pelo
menos R$ 7 milhões de propinas do esquema de desvios alvo da Operação Custo
Brasil, deflagrada nesta quinta-feira, 23 de junho. De 2010 a 2015 o esquema teria gerado R$ 100 milhões em propinas,
referentes a contrato da empresa Consist Software,
por serviços indiretos para o Ministério de Planejamento.
Bernardo foi preso na manhã desta quinta, alvo
central da Custo Brasil – decorrência
das descobertas da Lava Jato, em Curitiba. O
operador das propinas arrecadadas com a Consist, o ex-vereador do PT Alexandre
Romano, o Chambinho, confessou em delação premiada que havia propinas para
o PT, para Bernardo, para o ex-ministro
Carlos Gabas (Previdência e Aviação Civil), entre outros. A defesa do
ex-ministro considerou a prisão ilegal.
O delegado regional de Combate e Investigação contra
o Crime Organizado da Polícia Federal, em São Paulo, Rodrigo de Campos Costa explicou que Bernardo tinha direito a 9,6% do valor de 70% do contrato da Consist –
que era destinado à corrupção. Pelo acerto, alvo da Custo Brasil, a empresa ficava com apenas 30% dos recebimentos.
“Dos 70% repassados, havia diversos parceiros que
iam alterando ao longo do tempo. Desses 70%, no início, por exemplo, 9,6% ia
para o escritório vinculado ao sr. Paulo Bernardo. O Alexandre Romano, que era um dos colaboradores, recebia por volta
de 24%”, afirmou o procurador da República Andrey Borges de Mendonça. “80% da parte destinada ao Alexandre Romano
(ficava com o PT).”
ALEXANDRE ROMANO Este ex-vereador do PT de Americana (SP) foi quem delatou e ajudou a desvendar o esquema de corrupção entre a CONSIST e o Governo Federal |
Segundo o procurador da República Andrey Borges, depois que Bernardo saiu do Ministério do
Planejamento e assumiu o Ministério das Comunicações, seu percentual no bolo da
propina caiu para 4,5%, até chegar a 2%.
O
dinheiro foi repassado para o escritório do advogado Guilherme Gonçalves,
que atuava para o PT do Paraná e para as
campanhas da senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR), mulher do ex-ministro. Os dois são alvos de uma investigação no
Supremo Tribunal Federal (STF), que julga os casos de alvos da Lava Jato com
foro privilegiado.
A corrupção atingiu o “coração
do governo”
ANDREY BORGES DE MENDONÇA Procurador da República que integra a força-tarefa da Operação "Custo Brasil" |
O procurador da República Andrey Borges de Mendonça, que integra a força-tarefa da Operação Custo Brasil, deflagrada nesta
quinta-feira, 23 de junho, declarou que “infelizmente, a corrupção não é um
privilégio da Petrobrás, ela está espraiada como um câncer em diversas
instituições”.
A Petrobrás foi o alvo primeiro da Operação Lava Jato, a maior
investigação já realizada no País contra malfeitos com recursos públicos. A
Lava Jato descobriu que a organização
criminosa que desviou dinheiro da estatal petrolífera estendeu suas ações para
outras empresas públicas e ministérios, entre eles o do Planejamento,
Orçamento e Gestão, quando a Pasta era dirigida por Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisy Hoffmann (PT/PR).
O procurador demonstrou perplexidade e indignação
ante os valores desviados. “Cem milhões
de reais foram desviados de funcionários públicos,
que se privaram de medicamentos e de suas necessidades básicas para abastecer
os cofres públicos.”
Secretário de Gestão da
Prefeitura de São Paulo
foi preso na “Custo Brasil”
VALTER CORREIA DA SILVA Era secretário de Gestão da Prefeitura Municipal de São Paulo - gestão de Fernando Haddad (PT) |
O secretário de Gestão da Prefeitura de São Paulo, Valter Correia da
Silva, foi um dos presos na Operação
Custo Brasil, nesta quinta-feira, 23 de junho, que apura desvios de mais de
R$ 100 milhões em propinas, entre 2010 e 2015, de contrato no Ministério do
Planejamento.
Correia
é apontado como um dos beneficiários da propina desviada do contrato da empresa
Consist Software, no Ministério do Planejamento, entre 2010
e 2015, para serviços do sistema de empréstimos consignados dos servidores
federais. O esquema foi descoberto pela força-tarefa da Operação Lava Jato, que
em agosto de 2015 prendeu o ex-vereador
do PT Alexandre Romano, alvo da 18ª fase (Pixuleco II).
O alvo é ex-chefe
da Assessoria Especial para Modernização da Gastão do Ministério do
Planejamento. Em março de 2015, ele
foi nomeado pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para o cargo de secretário de Gestão
municipal. Seu nome foi citado pelo delator do caso, Alexandre Romano,
conhecido como Chambinho.
“A entrada da empresa JD2 ocorreu porque Valter Correia
(Secretário-executivo-adjunto do Ministério do Planejamento) colaborou com a
renovação do Acordo de Cooperação do qual a Consist era beneficiária. João
Vaccari disse que isso era possível”, afirmou Chambinho, no anexo de sua
delação sobre o esquema. “A JD2 iria receber 50% do valor de 1/3 que era dedicado
ao Ministério do Planejamento Paulo Bernardo.”
Segundo o delator, um dos sócios da JD2, Dércio Guedes de Souza (preso nesta
quinta), afirmou que o valor recebido pela empresa seria divido “entre Valter
Correia, Carlos Eduardo Gabas e Josemir”.
Advogado de campanhas de
Gleisi Hoffmann
tem prisão decretada
PAULO BERNARDO E SUA ESPOSA GLEISI HOFFMANN Ele já foi ministro de Lula e Dilma Rousseff e ela é senadora pelo PT do Paraná |
O advogado Guilherme Gonçalves, jurídico na área eleitoral da
senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), teve pedido de prisão decretada na Operação Custo Brasil, desdobramento da
Lava Jato que levou para a cadeia nesta quinta-feira, 23 de junho, o ex-ministro Paulo Bernardo
(Planejamento e Comunicação) – marido da
senadora. O advogado foi apontado em delação premiada do ex-vereador do PT
Alexandre Romano, o Chambinho, como
pessoa que operava o recebimento da propina paga pela empresa Consist Software, em contrato que atuou
nos empréstimos consignados do
Ministério do Planejamento.
“Inicialmente
os honorários acordados com a Consist foram de 25,8%”,
contou ele, em depoimento prestado no dia 14 de agosto à delegada de Polícia
Federal Renata da Silva Rodrigues. O
porcentual teria sido aumentado para 32%. “Posteriormente, a pedido de Gushiken, destinou aproximadamente 9% para
o escritório Guilherme Gonçalves”, revelou Romano, em colaboração
espontânea prestada na oitiva.
O
ex-ministro Paulo Bernardo (governo Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff), segundo Romano, ainda indicou
posteriormente uma segunda empresa que se beneficiaria dos honorários, que era
ligada a «“eles (o Partido dos
Trabalhadores)”». “1/3 dos 32% iria
para o Ministro do Planejamento Paulo Bernardo, por intermédio do advogado
Guilherme Gonçalves”, explicou Chambinho.
No anexo de sua delação premiada, o ex-vereador
petista explicou que o advogado das
campanhas de Gleisi emitia “notas contra a Consist” para receber os valores.
O advogado teria recebido mais de R$ 6 milhões em propina, da empresa Consist
Software, que desde 2010 prestava serviços indiretamente para o Ministério do
Planejamento.
O advogado é ligado ao PT e atuou nas campanhas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
A
senadora é alvo de investigação da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República.
Em delações premiadas, o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o
doleiro Alberto Youssef afirmaram que Gleisi
recebeu R$ 1 milhão do esquema de corrupção na estatal durante a campanha de
2010.
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