«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Como trabalham os políticos no Brasil

Quem paga o “pacto”


José Roberto de Toledo


O que se ouviu até agora expõe o jeito de fazer política dos caciques
do PMDB [e de outros partidos mais]
DA ESQUERDA PARA A DIREITA:
ROMERO JUCÁ, JOSÉ SARNEY E RENAN CALHEIROS
Caciques em busca de "cobertura" para seus atos!!!

Sem meter advogado no meio.” Foi a oferta dita e repetida pelo decano José Sarney ao investigado Sérgio Machado para ajudá-lo a sair da mira da Lava Jato – no mais recente grampo vazado. Foi o clássico conchavo, no qual “dois é reunião e três vira comício”. Sarney propôs uma saída “política” para um problema criminal, mimetizando o que fizera Romero Jucá em conversa com Machado.

É educativo para quem ainda crê que as decisões tomadas em todas as direções num raio de 500 metros a partir da Praça dos Três Poderes são baseadas em critérios técnicos ou na legislação. A conversa prova que – seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário – a troca de favores e o jogo de influência prevalecem sobre qualquer norma legal. Servem-se da lei para intimidar inimigos. Mas seu uso é optativo e de conveniência.

Encomendados por procuradores ao ex-presidente da Transpetro em troca de uma delação premiada com punição amiga, os áudios são exemplos de politicagem explícita. Ao contrário do grampo que levou Delcídio Amaral para a cadeia, o que se ouviu até agora não caracteriza crime em andamento, mas expõe, como raramente se vê por dentro, o jeito de fazer política dos caciques do PMDB. Um jeito que os tem mantido no poder há três décadas.

A ideia de Sarney era, na base da conversa entre amigos, “sem advogado no meio”, tirar o caso de Machado da alçada do juiz Moro e levá-lo ao Supremo Tribunal Federal [STF]. Para não dar chance ao azar, só queria envolver Renan Calheiros nessa articulação. Sarney sabe que, se a história vazasse e houvesse mais de dois na sala, nunca teriam certeza de quem a vazou. Como conhece seus pares, não queria correr riscos desnecessários. Não imaginou que o risco maior era o próprio Sérgio Machado e seu gravador.

Apesar de tudo o que revelam, as conversações deixam muitos silêncios. Percebe-se o desejo de Renan, Sarney e Jucá de articularem um “pacto” – na expressão do ex-ministro interino – para precipitar o fim e limitar a extensão da Lava Jato. Mas a maneira como isso seria feito não está totalmente explicitada nas gravações conhecidas até agora. Dá para imaginar os vazios.

Para o trio grampeado por Machado atingir aquilo a que se propõe, o tal pacto passaria, necessariamente, por uma articulação nos três prédios da Praça dos três Poderes: Palácio do Planalto, Congresso e Supremo. Como Dilma Rousseff não foi chamada para a conversa, sua substituição é condição implícita.

Outra necessidade seria que o STF domasse a operação policial, selecionando detenções, arquivando investigações e acelerando o seu calendário para dar um limite e um prazo à Lava Jato.

Finalmente, caberia ao Congresso – além de trocar o presidente – aprovar mudanças na legislação para evitar que o problema se repita no futuro. Para isso, como sugeriu Renan, seriam proibidas as delações de quem já esteja preso. Ou seja, acabariam com o recurso mais usado por Moro e procuradores para conseguir avançar nas investigações e produzir condenações.

Moro se aproxima da centésima condenação. O juiz diz crer que a Lava Jato vai acabar com a corrupção sistêmica no Brasil. Não vai. Como os grampos deixam evidente, nem 100, nem 200 nem mil condenações resolverão o problema. Só uma REFORMA POLÍTICA, que diminuísse o peso do dinheiro no sistema eleitoral e saneasse o sistema partidário, teria alguma chance de mudar as estruturas que unem políticos e financiadores de campanha contra o estado.

Essa hipótese, porém, é tão improvável quanto a chance de esvaziar a corrupção em Brasília enchendo as celas de Curitiba. Os Sarney, Renan e Jucá jamais aprovarão leis que contrariem seus próprios interesses. Não importa a qual partido pertençam. O mais provável é que o Brasil continue pagando o “pacto”.

Fonte: O Estado de São Paulo – Política – Quinta-feira 26 de maio de 2016 – Pág. A6 – Internet: clique aqui.

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