«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Ignorar o pobre é desprezar a Deus, alerta Papa na Catequese

Da redação, com Rádio Vaticano

Francisco refletiu sobre a parábola do rico e de Lázaro,
e falou sobre pobreza e misericórdia
PAPA FRANCISCO
chegando no papamóvel para a Audiência Geral e percorrendo a Praça São Pedro (Vaticano)
Quarta-feira, 18 de maio de 2016

Na Catequese desta quarta-feira, 18 de maio, Papa Francisco falou sobre pobreza e misericórdia, referindo-se à parábola do rico avarento e do pobre Lázaro (cf. Lc 16,10-31).

“A misericórdia de Deus está ligada à nossa misericórdia para com o próximo. Quando não temos misericórdia para com os outros, a misericórdia de Deus não encontra espaço em nosso coração fechado, disse o Santo Padre.

Francisco explicou que a parábola do rico e de Lázaro demonstra isso.  O portão da casa do rico estava sempre fechado ao pobre, que ali jazia esfomeado e coberto de chagas. Ignorando Lázaro e negando-lhe até mesmo as sobras da sua mesa, o rico desprezou Deus, segundo as conhecidas palavras de Jesus: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer.

Segundo o Pontífice, podemos assim afirmar que “ignorar o pobre é desprezar Deus”.

“Deus ajuda”

Nesta parábola, continuou o Santo Padre, há um pormenor interessante: enquanto o nome do rico não é mencionado, o nome do pobre, Lázaro, que em hebraico significa “Deus ajuda”, repete-se cinco vezes.

Assim Lázaro à porta é um apelo vivo feito ao rico para que se recorde de Deus, mas o rico não acolhe esse apelo. Será condenado não pelas suas riquezas, mas por não ter tido compaixão de Lázaro socorrendo-o, disse o Papa.

O erro dessa atitude é o que se verifica na segunda parte da parábola, que apresenta invertida a situação de ambos após a morte: o pobre Lázaro aparece feliz no seio de Abraão, ao passo que o rico é atormentado.

Agora, o rico reconhece Lázaro e pede-lhe ajuda, enquanto em vida fazia de conta que não o via. Antes, negava-lhe as sobras da mesa; agora, pede para que lhe dê de beber. Mas como explica Abraão, aquele portão de casa que na terra separava o rico do pobre, transformou-se num “grande abismo”, que é intransponível, concluiu o Papa Francisco.
PAPA FRANCISCO
dirige sua palavra aos milhares de peregrinos de várias partes do mundo presentes na Audiência Geral

Saudação em português

O Santo Padre saudou também os peregrinos de língua portuguesa:

“Caros peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! Com afeto saúdo a todos, em particular às Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e aos grupos paroquiais de Porto Nacional e da Póvoa de Varzim, desejando-vos que a peregrinação ao túmulo dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo fortaleça, nos vossos corações, o sentir e o viver em Igreja, sob o terno olhar da Virgem Mãe. Aprendamos com Ela a ler os sinais de Deus na história, para ser construtores duma humanidade nova. Deus vos abençoe, a vós e aos vossos familiares.”

João Paulo II

Aos peregrinos de língua polaca, Francisco recordou o aniversário de João Paulo II neste dia 18 de maio.
O Papa Francisco a todos deu a sua bênção.

Leia, abaixo, a íntegra desta Catequese de Papa Francisco:


AUDIÊNCIA GERAL
Catequese do Papa Francisco
Quarta-feira, 18 de maio de 2016
Praça São Pedro – Vaticano
Parábola do Rico e Lázaro (Lc 16,19-31)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Eu gostaria de refletir com vocês hoje sobre a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. A vida dessas duas pessoas parece se desenrolar em vias paralelas: as suas condições de vida são opostas e totalmente sem comunicação. A porta da casa do rico está sempre fechada ao pobre, que está lá fora tentando comer alguma sobra da mesa do rico. Esse veste roupas de luxo, enquanto Lázaro estava coberto de feridas; o rico todos os dias tem um banquete luxuoso, enquanto Lázaro está morrendo de fome. Somente os cachorros cuidavam dele e vinham lamber-lhe as feridas. Esta cena lembra a repreensão dura do Filho do Homem no juízo final: “Tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, eu estava […] nu e não me vestistes” (Mt 25,42-43). Lázaro representa bem o grito silencioso dos pobres de todos os tempos e a contradição de um mundo onde imensa riqueza e recursos estão nas mãos de poucos.

Jesus diz que um dia aquele homem rico morreu: os pobres e os ricos morrem, têm o mesmo destino, como todos nós, não há exceções a esta regra. E então aquele homem se volta a Abraão, pedindo-lhe com o título de “pai” (vv. 24.27). Ele reivindica, então, ser seu filho, pertencente ao povo de Deus. Mas na vida não mostrou nenhuma consideração por Deus, mas tornou-se o centro de tudo, trancado em seu próprio mundo de luxo e desperdício. Excluindo Lázaro, não teve qualquer consideração nem ao Senhor nem à sua lei. Ignorar o pobre é ignorar Deus! Isto devemos aprender bem: ignorar o pobre é desprezar Deus. Há uma particularidade que deve ser observada nessa parábola: o rico não tem nome, apenas o adjetivo: “o rico”; enquanto o nome do pobre é repetido cinco vezes e “Lázaro” significa “Deus ajuda”. Lázaro, encontrando-se na frente da porta, é um chamado vivo para que o rico se lembre de Deus, mas o rico não acolhe esse chamado. Será condenado, portanto, não por sua riqueza, mas por ser incapaz de sentir compaixão por Lázaro e socorrê-lo.

Na segunda parte da parábola, encontramos Lázaro e o homem rico após a morte (vv. 22-31). No além, a situação se inverte: Lázaro foi levado pelos anjos ao céu a Abraão, o rico se precipita em meio aos tormentos. Em seguida, o rico “olhou para cima e viu ao longe Abraão, e Lázaro ao seu lado.” Ele parece ver Lázaro pela primeira vez, mas suas palavras o contradizem:Pai Abraão, diz – tenha misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar a ponta do seu dedo e me refrescar a língua, porque estou atormentado nesta chama”. Agora o rico reconhece Lázaro e pede ajuda, enquanto em vida, fingia não vê-lo. Quantas vezes as pessoas fingem não ver os pobres! Para eles, os pobres não existem. Antes negou-lhe até mesmo as sobras de sua mesa e agora pede o que beber! Ainda assim, ele acredita que possa reivindicar direitos devido sua precedente condição social. Declarando impossível atender seu pedido, o próprio Abraão fornece a chave de toda a história: ele explica que o bem e o mal foram distribuídos para compensar a injustiça terrena, e a porta que separava em vida o rico e o pobre, é transformada em “um grande abismo.” Enquanto Lázaro estava em sua casa, para o rico havia uma chance de salvação, abrir a porta, ajudar Lázaro, mas agora que estão mortos, a situação se tornou irreparável. Deus não foi nunca chamado diretamente em causa, mas a parábola adverte claramente: a misericórdia de Deus para conosco é proporcional à nossa misericórdia para com o próximo. Quando esta falta, quando não tem lugar no nosso coração fechado, ela não pode entrar. Se eu não escancarar a porta do meu coração aos pobres, a porta está fechada. Mesmo para Deus. E isso é terrível.

Neste ponto, o homem rico pensa nos seus irmãos, que estão suscetíveis de ter o mesmo destino, e pede que Lázaro retorne ao mundo para avisá-los. Mas Abraão responde: “Eles têm Moisés e os profetas, ouçam-nos.” Para converter a nós mesmos, não devemos esperar acontecimentos milagrosos, mas abrir o coração à Palavra de Deus, que nos chama a amar Deus e o próximo. A Palavra de Deus pode reviver um coração murcho e curá-lo de sua cegueira. O rico conhecia a Palavra de Deus, mas não deixou que ela entrasse em seu coração, não a escutou, então foi incapaz de abrir os olhos e ter compaixão pelo pobre. Nenhum mensageiro e nenhuma mensagem poderão substituir os pobres que encontramos pela estrada, porque neles encontramos o próprio Jesus: “Tudo o que você fizer ao menor destes meus irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25: 40), diz Jesus. Então na reversão das sortes que a parábola descreve está escondido o mistério da nossa salvação, no qual Cristo une a pobreza à misericórdia. Queridos irmãos e irmãs, ouvindo esse Evangelho, todos nós, junto aos pobres da terra, podemos cantar com Maria: “Depôs poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; Ele encheu os famintos com coisas boas, despediu os ricos de mãos vazias“ (Lc 1,52-53).

Traduzido do italiano por Thaysi Santos [e corrigido por Telmo José Amaral de Figueiredo]. Acesse a versão original, clicando aqui.

Fonte: Canção Nova – Especiais – Papa Francisco – Catequese – Quarta-feira, 18 de maio de 2016 – 09h05 – Internet: clique aqui; e 11h27 – Internet: clique aqui.

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