«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Bento XVI: "Os meus anos como papa"

Luigi Accattoli
Jornal “Corriere della Sera” (Milão – Itália)
01-07-2016

As noites insones depois do conclave, as lutas internas, a renúncia.
Joseph Ratzinger se conta em um livro que será publicado em setembro
PAPA EMÉRITO BENTO XVI (JOSEPH RATZINGER)

Chega um livro de memórias do Papa Bento XVI: agora, será impresso e estará nas livrarias do mundo inteiro em setembro. Título: Benedetto XVI. Ultime conversazioni [Bento XVI. Últimas conversas], porque vai se tratar de um livro-entrevista com o escritor alemão Peter Seewald, que já havia publicado três volumes de diálogos com Joseph Ratzinger: dois quando ele era cardeal (em 1996 e em 2000) e um como papa, em 2010, intitulado Luz do mundo.

Dos quatro volumes, este se anuncia como o mais interessante, ainda mais do que o livro escrito como papa, porque um papa é um papa, mas um papa emérito é uma absoluta novidade. Anunciando a publicação, a editora alemã Droemer, que coordena o lançamento nas diversas línguas (para a Itália, a exclusividade é da editora Garzanti, nas livrarias; do Corriere della Sera, nas bancas), afirmava nessa quinta-feira que, pela primeira vez em 2.000 anos, temos "um papa que traça um balanço do próprio pontificado".

Também por causa do título "Últimas conversas", o volume se apresenta como o testamento de Bento XVI: nos três anos e meio que nos separam da "renúncia", ele falou pouco e nunca de coração aberto, como dizem que ele faz nesse texto, respondendo a perguntas não reticentes sobre:
* a própria renúncia ao papado,
* sobre o seu sucessor [papa Francisco],
* sobre o caso do ser humano,
* sobre a família de origem até
* as tempestades dos oito anos como papa.
PETER SEEWALD
Jornalista e escritor alemão com quem o papa emérito dialogou
e será o responsável pela publicação do livro-entrevista
"Bento XVI. Últimas conversas"

Dos preparativos do ato de "renúncia" até a investigação sobre o "lobby gay" do Vaticano, passando pela "surpresa" que, também para ele, representou a eleição do cardeal Bergoglio, são muitas as emoções e os bastidores que, aqui, são contadas pelo papa teólogo, que, em abril do próximo ano, completará 90 anos.

Sobre a renúncia, ele conta que a preparou com poucas pessoas mais próximas a ele e se lembra do temor de que pudesse haver um vazamento de notícias que tiraria a força do anúncio. E ele tinha razão para temer, porque nunca houve, no Vaticano do último século, tantos vazamentos de notícias e textos quanto no seu pontificado.

Ele argumenta a escolha de comunicar em latim uma decisão de tal porte, especificando que temia que, se tivesse escolhido o italiano, poderia cometer algum erro de linguagem. Ele confessa as dúvidas que teve que superar no diálogo consigo mesmo sobre o impacto que a sua decisão poderia ter sobre o futuro do papado. Mais uma vez, ele nega chantagens ou pressões.

Ele conta como acompanhou, em Castel Gandolfo, as crônicas televisivas sobre as fumaças e admite ter ficado "surpreso" com o nome do sucessor: ele tinha pensado em nomes, mas "não nele". E, além disso, nós, jornalistas, também tínhamos feito o mesmo. A surpresa foi acompanhada pela "alegria" de ver como o novo papa rezava e se comunicava com a multidão.
PAPA FRANCISCO VISITA O PAPA EMÉRITO BENTO XVI
em sua residência no interior do Vaticano

Em resposta ao entrevistador, Bento XVI trata da figura humana e papal de Francisco e se refere livremente tanto ao que eles têm em comum quanto ao que os diferencia.

No livro, há recordações da infância e da adolescência na Alemanha nazista daqueles anos. A descoberta da "vocação", a prisão no fim da Segunda Guerra Mundial em um campo estadunidense nos arredores de Ulm. Os sucessos e as decepções da carreira universitária, as publicações que fizeram dele um "perito" do Concílio Vaticano II. Temas sobre os quais ele já havia narrado no livro A minha vida, que é de 1997.

Chegando aos anos mais recentes em relação a essa autobiografia, no novo volume, ele conta o forte vínculo com João Paulo II, ao qual, repetidamente, pediu para ser exonerado dos seus cargos, e as recusas do papa polonês que o quis ao seu lado até o fim.

Há também o pensamento da MORTE e a confissão de como o papa emérito se sente fraco diante dela e a narração do modo como ele se prepara.

Ele nos diz o sentimento de "incredulidade" que experimentou no conclave, quando compreendeu que seria a vez dele. A opção de não se chamar João Paulo III, mas de ligar o seu pontificado a São Bento e a Bento XV, o papa que definiu a Primeira Guerra Mundial como "inútil massacre".

Ficamos sabendo da dificuldade de pegar no sono que ele sofreu nos primeiros dias depois da eleição, por causa da ansiedade que estava sobre ele.

Ele rejeita a ideia ou a crítica daqueles que o consideram como um papa acadêmico demais, concentrado no estudo e na escrita. Ele se recusa a ser considerado como um restaurador em âmbito litúrgico. Ele conta algo sobre a sua tentativa de reformar o IOR [banco Vaticano] e recorda as leis promulgadas por ele contra a lavagem de dinheiro, reflete sobre a chaga da pedofilia e não deixa de enfatizar as dificuldades que mesmo um papa encontra quando quer intervir sobre a "sujeira que está na Igreja".

Ele admite ter ficado sabendo da presença de um "lobby gay" no Vaticano, composto por quatro ou cinco pessoas, e afirma ter conseguido dissolver esse grupo de poder: informação que nunca tinha sido dada.

Ele admite a sua falta de decisão no governo. Conta que fez anotações e tomou nota durante o pontificado sobre muitas questões, mas diz que vai destruí-las, embora se dê conta de que, para os historiadores, seriam um verdadeiro "convite de casamento".

Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto. Para acessar a versão original deste artigo, clique aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Segunda-feira, 4 de julho de 2016 – Internet: clique aqui.

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