«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Por que a França é o alvo nº 1 do Estado Islâmico?

Morte de um sacerdote

Gilles Lapouge
Correspondente em Paris (França)

Na hierarquia obscura do Estado Islâmico, a França 
ocupa o primeiro lugar

Ontem, dois homens penetraram, no meio da missa, em uma igreja de uma pequena paróquia francesa perto de Rouen. Fizeram reféns alguns fiéis e o padre, um idoso de 84 anos. O padre foi degolado, um fiel cruelmente ferido. Os dois homens saem da igreja pela porta da frente. E são abatidos.

Na hierarquia obscura do Estado Islâmico (EI), a França ocupa o primeiro lugar. E há uma explicação para isso. A degola foi da França e da religião cristã, o que, para o EI, é a mesma coisa. Não é por acaso, ou fútil, o fato de, nos comunicados exortando seus crimes, os jihadistas chamam constantemente os franceses de “cruzados”.

Remontamos portanto à Idade Média: entre os anos 1.100 e 1.300 quando a Europa, sobretudo a França, enviavam enormes Exércitos de cavaleiros e camponeses para capturar os “lugares sagrados” de Jerusalém dos árabes. Mil anos. Mas para essas mentes insanas, as Cruzadas ainda existem hoje. O tempo é imóvel. É ilusão.

Uma prova de que para a França, a guerra de religião que foram as Cruzadas, não terminou: Paris proibiu, por lei, o uso do véu pelas muçulmanas. Na verdade, para os muçulmanos fanáticos do Estado Islâmico, mesmo que a França seja o país mais “descristianizado” da Europa, ainda é a filha mais velha da Igreja, como sob o rei Luis XIII.

Os combatentes do EI acusam também o país de um pecado inverso: não ter religião. E para eles é preciso livrar a terra dos ímpios, como os agricultores devem erradicar os besouros e insetos daninhos da terra.
JOVENS RECRUTADOS PELO ESTADO ISLÂMICO
Agora permanecem em seus países de origem para perpetrar ataques terroristas imprevisíveis!
 

Aparentemente, trata-se de uma grande contradição. Aos olhos do Estado Islâmico o crime da França é ser cristã e não ser cristã. Impensável? Não. Esse veredicto paradoxal não é totalmente falso. É fato que os franceses são cada vez menos cristãos, mas ao mesmo tempo, e paradoxalmente, a sociedade francesa, sua filosofia, sua memória, sua moral, sua história, sua poesia, seu inconsciente, tudo é fundamentalmente, absolutamente, cristão.

Aliás, todas as decisões tomadas em Paris confirmam isso. Não é por acaso, diz o EI, que a França combateu a Al-Qaeda no Afeganistão, Sarkozy assumiu o comando da desastrosa cruzada contra a Líbia e hoje aviões franceses, ao lado dos americanos, bombardeiam posições do EI no Iraque e na Síria.

O longo período da colonização também teve um papel importante. Quando o império colonial entrou em colapso, entre 1945 e 1965, numerosos habitantes de Argélia, Marrocos, Tunísia e África Central, emigraram para a França em busca de emprego, uma vez que falavam francês e estavam familiarizados com a cultura local.

Ora, a integração dessas minorias foi a pior possível. A França faltou espetacularmente a esse encontro extraordinário com a História. Áspera, irascível, indiferente, dogmática, legalista, aristocrata, nada fez para facilitar essa adaptação.

Assim, as periferias francesas, como as belgas, tornaram-se incubadoras de jihadistas. São fabricados em série. E quando o EI se instalou no Iraque e na Síria, um bom número desses franceses desprezados voou para esses dois países. Com os revezes sofridos pelo EI, esses franceses receberam ordens de não viajar mais para a Síria e passarem a agir na França, em cidades e vilarejos dos cruzados. Ordem sórdida e, desgraçadamente, ouvida.

Traduzido do francês por Terezinha Martino.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Quarta-feira, 27 de julho de 2016 – Pág. A10 – Internet: clique aqui.

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