«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Cabeças que não se renovam nem obedecem!

Repreensão pública ao Cardeal Sarah mostra que
o Papa está disposto a usar a sua autoridade

Christopher Lamb
The Tablet
13-07-2016

Esse prelado propôs que os padres deveriam começar a se virar de costas para a assembleia e ficar de frente para o Oriente ao rezar a missa 
ROBERT SARAH
Cardeal-Presidente da Congregação para o Culto Divino do Vaticano

Quando acontece de haver uma discordância, a abordagem do Papa Francisco é a de evitar o confronto direto com os envolvidos, preferindo, em vez disso, ignorar e seguir em frente com o seu trabalho. Mas, no caso do Cardeal Robert Sarah, ele fez uma exceção.

Na semana passada, o prelado guineense de 71 anos anunciou, de forma unilateral, que os padres deveriam começar a se virar de costas para a assembleia e ficar de frente para o Oriente ao rezar a missa – algo que os tradicionalistas litúrgicos frequentemente pedem, visto que é assim que o sacerdote celebra a liturgia no Antigo Rito Latino.

Isso tudo faz parte de uma agenda destinada a uma “reforma da reforma”, que faria com que a missa que os católicos comuns participam aos domingos ficasse mais parecida com a missa celebrada antes das reformas do Concílio Vaticano II. Significaria haver mais latim, mais cantos, e menos participação dos fiéis.

Logo após o cardeal fazer as suas observações, no entanto, o Vaticano divulgou um comunicado dizendo que não haverá alterações nesta parte da liturgia e, sobretudo, que este assunto tinha sido “expressamente acordado” durante uma recente audiência entre o cardeal e o papa. O texto acrescenta que a “reforma da reforma” deve ser evitada. [Leia esse comunicado do Vaticano logo abaixo]

É extremamente incomum que Vaticano venha a repreender publicamente um Príncipe da Igreja [cardeal], ainda que, neste caso, tal repreensão não seja inteiramente surpreendente dada a forma como o Cardeal Sarah tem atuado desde a sua nomeação para liderar o departamento litúrgico da Santa Sé [Congregação para o Culto Divino e os Sacramentos].

Há uma série de incidentes que revelam que o cardeal faz parte de um grupo, o qual parece estar dificultando a vida deste papa: tomemos, por exemplo, o fato de que o dicastério liderado pelo prelado africano levou mais de um ano para implementar o pedido simples de Francisco para que mulheres fossem incluídas no ritual de lava-pés da Quinta-Feira Santa.
PADRE PRESIDINDO A SANTA MISSA DE COSTAS PARA O POVO / ASSEMBLEIA
Esse era o costume comum antes da reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II
Atualmente, o normal é o sacerdote celebrar voltado para a assembleia

Entre os círculos conservadores de Roma, Sarah é em geral apresentado como um futuro papa, com o devoto do Papa Bento XVI, Dom Georg Gänswein, comparando o cardeal ao pontífice africano do século V, Papa Gelásio (Gänswein fez esta comparação na véspera da visita de Francisco à África). [Há alguns padres, bispos e cardeais que gostariam, pelo que denotam suas atitudes, comportamentos e pronunciamentos, retornar aos tempos da Igreja medieval e pré-Vaticano II – o que é lastimável e incompreensível!]

Além de cuidar da liturgia, Sarah escreveu livros em que se opõe a alterações no ensino católico sobre a Comunhão aos divorciados e recasados; durante o Sínodo dos Bispos sobre a família em outubro passado, ele comparou as “ideologias homossexuais e abortivas ocidentais” ao nazismo e ao terrorismo islâmico. Dificilmente esta é a linguagem do papa, e é quase certo que ela não expressa o desejo papal por uma Igreja mais misericordiosa e compassiva.

Tudo isso deixou algumas pessoas se perguntando por que Francisco nomeou o cardeal para o atual posto. Em certo sentido, nomear um conservador neutraliza as guerras litúrgicas, enquanto que pôr uma figura liturgicamente mais progressista durante um papado radical poderia ser motivo para divisões ainda piores.

Por seu lado, Francisco não é alguém obcecado com questões litúrgicas: ele celebra as suas missas matinais de frente para as pessoas em uma capela simples e moderna na Casa Santa Marta, ao mesmo tempo em que se mostra feliz com o emprego do latim em grandes celebrações papais.

Posto tudo o que está em jogo aqui, a última coisa que ele quer ver é um combate em torno da liturgia. Portanto, apesar de sua aversão em confrontar as pessoas face a face, a maneira como o papa lidou neste caso do Cardeal Sarah mostra que ele irá usar a sua autoridade se necessário.

Traduzido do inglês por Isaque Gomes Correa. Acesse a versão original do artigo, clicando aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 14 de julho de 2016 – Internet: clique aqui.

Vaticano declara:
não estão previstas novas diretivas litúrgicas

Sala de Imprensa da Santa Sé
PE. FEDERICO LOMBARDI
Porta-voz e Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé

O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, publicou uma nota de esclarecimento em relação à divulgação de notícias nos meios de comunicação após uma conferência realizada dias atrás em Londres pelo Cardeal Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino.

«O Cardeal Sarah sempre se preocupou com razão, pela dignidade da celebração da Missa, exprimindo-se adequadamente sobre o comportamento de respeito e adoração pelo mistério eucarístico. Algumas de suas expressões foram, no entanto, mal interpretadas, como se anunciasse novas indicações diferentes daquelas até agora contidas nas normas litúrgicas e nas palavras do Papa sobre a celebração em direção ao povo e sobre o rito ordinário da Missa», explica a nota.

Missal Romano

«Por isso – prossegue a declaração – é bom recordar que na Institutio Generalis Missalis Romani (Instrução Geral do Missal Romano), que contém as normas relativas à celebração eucarística e ainda está em pleno vigor, no nº 299 diz: “Altare extruatur a pariete seiunctum, ut facile circumiri et in eo celebratio versus populum peragi possit, quod expedit ubicumque possibile sit. Altare eum autem occupet locum , ut revera centrum sit ad quod totius congregationis fidelium attentio sponte convertatur”. Isto é: “Onde for possível, o altar principal deve ser construído afastado da parede, de modo a permitir andar em volta dele e celebrar a Missa de frente para o povo. Pela sua localização, há de ser o centro de convergência, para o qual espontaneamente se dirijam as atenções de toda a assembleia dos fiéis”».

Forma ordinária

«Por sua vez – continua o texto – o Papa Francisco, por ocasião da sua visita à Congregação para o Culto Divino, recordou expressamente que a forma “ordinária” da celebração da Missa é a prevista pelo Missal promulgado por Paulo VI, enquanto a “extraordinária”, que foi permitida pelo Papa Bento XVI para as finalidades e com as modalidades por ele explicadas no Motu Proprio Summorum Pontificum, não deve tomar o lugar da “ordinária”».

Portanto – conclui Padre Lombardi – «não são previstas novas orientações litúrgicas a partir do próximo Advento, como alguns erroneamente deduziram de algumas palavras do Cardeal Sarah, e é melhor evitar o uso da expressão “reforma da reforma”, referindo-se à liturgia, devido ao fato que, por vezes, foi fonte de mal-entendidos».

«Tudo isso – reitera o documento – foi expresso de modo concorde durante uma recente audiência concedida pelo Papa ao Cardeal Prefeito da Congregação para o Culto Divino». [Como o cardeal contrariou a diretiva do papa, foi corrigido pelo porta-voz da Santa Sé.]

Fonte: Rádio Vaticano – Vaticano / Atividades – Quarta-feira, 13 de julho de 2016 – 09h28 – Internet: clique aqui.

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