«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Em uma coisa todos estão de acordo: educação!

A esquerda encontra a direita

Samuel Pessôa*

O maior desafio de nossa sociedade será desenhar políticas públicas que retirem a «ralé», 1/3 da população aproximadamente, da armadilha de pobreza em que se encontra
SEM UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE
o futuro de nossas crianças e adolescentes da periferia não será muito diferente desta fotografia acima!!!

No último mês, dois garotos, de 10 e 11 anos, foram mortos em confronto com a polícia. As duas crianças vinham de famílias carentes, com muitos irmãos.

Segundo este jornal [Folha de S. Paulo], pesquisa recente do Ministério Público de São Paulo sugere que a falta da figura paterna, caso de uma das famílias, pode explicar parte do problema do envolvimento de crianças e adolescentes com a criminalidade. Essa constatação, claro, não exime a polícia pelo uso de força desproporcional, resultando em mortes desnecessárias.
JESSÉ DE SOUZA
Sociólogo ex-presidente do Ipea

O sociólogo Jessé Souza, até recentemente presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), sugere, em dois volumes escritos com diversos colaboradores – «A Ralé Brasileira: Quem É e Como Vive» e «Os Batalhadores Brasileiros» –, que o ambiente doméstico representa fortíssimo fator perpetuador da pobreza.

Segundo Jessé, «a família típica da “ralé” é monoparental, com mudanças frequentes do membro masculino, enfrenta problemas sérios de alcoolismo e de abuso sexual sistemático e é caracterizada por uma cisão que corta essa classe ao meio entre pobres honestos e pobres delinquentes».

Já os batalhadores, que conseguiram melhorar de vida, internalizaram as «disposições nada óbvias do mundo do trabalho moderno: disciplina, autocontrole e comportamento e pensamento prospectivo».

Diferentemente do que se imagina, «essas disposições têm que ser aprendidas, embora seu aprendizado seja difícil e desafiador e não esteja ao alcance de todas as classes» (citações de «Os Batalhadores...», páginas 50 e 51).

Pensadores liberais, como Eugênio Gudin e Carlos Langoni, sempre identificaram a enorme importância que a educação tem para o desenvolvimento econômico.

Diferentemente deles, os economistas heterodoxos ou estruturalistas nunca conseguiram enxergar nenhum papel da educação para o desenvolvimento econômico. Celso Furtado, por exemplo, apesar de ter se dedicado ao tema por 40 anos e em 30 livros, em nenhum momento associou desenvolvimento à educação.

Nos últimos anos, consolidou-se o entendimento de que um sistema público de educação de qualidade é um dos elementos principais para o desenvolvimento econômico e a equidade.

Mais recentemente, a economia acadêmica vem reconhecendo a enorme importância dos primeiros anos de vida e de um ambiente doméstico estruturado para preparar a criança para a escola formal. [A família bem estruturada e equilibrada é fundamental para o bom desenvolvimento do ser humano! Finalmente, estão concordando com a Igreja Católica que insiste sobre este tema há séculos, séculos, seculorum!]
JAMES HECKMAN
Economista - Prêmio Nobel de Economia (2000)

James Heckman, Prêmio Nobel de Economia e professor da Universidade de Chicago, tem acumulado conjunto impressionante de evidências nessa direção. O leitor interessado pode consultar o link heckmanequation.org/blog ou a página do economista brasileiro Flávio Cunha (flaviocunha.com).

Sabe-se que, nos primeiros anos de vida, as habilidades cognitivas, essencialmente pensamento analítico, e as não cognitivas, esforço e persistência, capacidade de suportar frustração, autoestima etc., são desenvolvidas. Se o ambiente doméstico nos primeiros anos de vida não for propício para o desenvolvimento desse conjunto de capacidades, o desempenho escolar será comprometido.

Assim, o maior desafio de nossa sociedade será desenhar políticas públicas que retirem a «ralé», 1/3 da população aproximadamente, segundo Jessé, da armadilha de pobreza em que se encontra.

Sinal auspicioso é que a esquerda parece ter descoberto algo que a direita já sabia há muito tempo. [Afinal, igualdade não se promove na canetada, ou seja, por decreto ou boa intenção!]

* SAMUEL PESSÔA é formado em física e doutor em economia pela USP e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Fonte: Folha de S. Paulo – Mercado – Domingo, 3 de julho de 2016 – Pág. A24 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.