«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Caciques brancos criam a "nova Belo Monte"

A hidrelétrica de São Luiz do Tapajós
violenta as terras, a sobrevivência, a cultura e
a alma dos índios da região

Ruy Castro

Megaprojetos foi uma marca registrada da Ditadura Militar
no Brasil, parece que estão ressuscitando-os
ÍNDIOS DA TRIBO MUNDURUKU
Na foto eles navegam pelo rio das Tropas, um dos afluente dos rios Tapajós e Amazonas,

em busca de minas de ouro e mineiros ilegais em seu território.

Contra a vontade da ONG Greenpeace, do Ibama, da Funai, da Constituição Federal e dos 12 mil cidadãos da tribo mundurucu, os caciques brancos querem construir uma hidrelétrica em São Luiz do Tapajós, no Pará. Para os indígenas, o rio Tapajós é sagrado. Para os estrategistas, é apenas um gerador de megawatts, mesmo que, para isso, se tenha de passar o rodo em várias aldeias, alagando-as ou ilhando-as. É natural que isso desagrade aos mundurucus — afinal, a terra é deles desde que a conquistaram nos séculos 17 e 18.

Sim, eu sei, o Brasil precisa de energia para tocar suas indústrias, iluminar seus salões e fazer rodar seus secadores de cabelo. A pergunta é se isto precisa ser à custa do ambiente e de propriedades, culturas e vidas. Sem falar nos interesses ocultos, nem sempre tão ocultos, como se diz a respeito de outra hidrelétrica, a de Belo Monte, também no Pará, e da famosa transposição do rio São Francisco. Todas essas obras eram gerenciadas pelo PT.

O Brasil dos militares também gostava de obras assim, ditas então faraônicas. Era o "Brasil Grande", aquele que nada, nem o bom senso, conseguiria deter. Algumas provavelmente não seriam permitidas hoje, como a usina de Angra, uma granada sem pino numa das baías mais deslumbrantes do mundo, e Itaipu, afogando o Salto das Sete Quedas, que a natureza levara milhões de anos para construir. A grita contra elas talvez impedisse que fossem cometidas.

E olhe que tivemos sorte. A ditadura acabou antes que eles cogitassem ousadias como o aterro do rio Amazonas, o elevado Rio-São Paulo, o túnel Oiapoque-Chuí ou o porto de mar de Brasília. O fato de essas ideias estarem a um passo da insanidade não impediria que fossem levadas a sério — tudo era possível naquele tempo.

Pensando bem, tudo continua possível em nosso tempo.
 
Fonte: Folha de S. Paulo – Colunistas – Quarta-feira, 6 de julho de 2016 – 02h00 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.