Donald Trump? Engana-me que eu gosto!
Helio Gurovitz
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DONALD E MELANIA TRUMP O candidato à Presidente dos Estados Unidos apresentou sua esposa na convenção do Partido Republicano |
Trump, agente de Putin. Donald Trump vem detonando os pilares da política
externa americana. Sua plataforma não menciona um Estado palestino e considera
Jerusalém “capital indivisível” de Israel. Desprezando tratados internacionais,
ele disse que só defenderia os aliados da Otan que “cumprem suas obrigações”.
“Trump se desmascarou como agente do presidente russo, Vladimir Putin”,
escreveu Jeffrey Goldberg na The Atlantic.
A plagiadora se desculpa! A redatora Meredith
McIver assumiu a culpa por ter plagiado Michelle Obama ao escrever o
discurso que Melania Trump [esposa de Trump] leu na Convenção Republicana.
Ex-bailarina, Meredith trabalha há mais de dez anos para Trump e já assinou
cinco livros com ele. Melania a convocou depois de rejeitar um discurso
verificado em sistemas antiplágio. Meredith pediu desculpas.
Inexperiente e esforçada. Aos 27 anos, a ex-modelo e ex-atleta Hope Hicks foi guindada, sem nenhuma
experiência com política, ao posto de assessora de imprensa da campanha de
Trump. Como Meredith, emergiu numa
organização que valoriza mais a lealdade que a competência. [Pelo visto, a aparência também!] Já teve de rebater o
papa, lida com 250 pedidos de entrevista por dia e, segundo Trump, “está
fazendo um belo trabalho”.
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PAUL MANAFORT |
Experiente e discreto. O cérebro da
campanha de Trump é o discreto Paul
Manafort, sócio de uma empresa de Washington conhecida por vender acesso
aos políticos que ajuda a eleger. “Podem
chamar de tráfico de influência. Eu chamo de lobby”, disse Manafort num
depoimento à Justiça. Seu currículo
reúne uma invejável lista de autocratas e ditadores, do zairense Mobutu Sese Seko ao ucraniano Victor Yanukovich.
Justo e equilibrado. Rupert Murdoch não hesitou ao demitir da Fox News o executivo Roger Ailes, acusado de assédio sexual por mais de 20 mulheres. Ailes criou o
canal conservador há 20 anos e se tornou homem de confiança de Murdoch. Foi o artífice da polarização política
americana e, sem ele, não haveria Trump. Às acusações de machismo,
respondia ter sido “o primeiro a pôr uma mulher como âncora em horário nobre”.
Incoerências trumpianas!
Cláudia
Trevisan
Correspondente
/ Washington
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DONALD TRUMP - aquele que pensa nos trabalhadores americanos! Em 1983, constrói a Trump Tower, edifício de 58 andares, com auxílio de mão de obra de imigrantes ilegais pagos abaixo do salário mínimo! |
Com
sua fortuna de bilhões de dólares,
Donald Trump é um óbvio sócio do clube do 1%, mas adotou uma retórica populista que o apresenta como campeão da classe trabalhadora branca dos Estados Unidos
da América [EUA], nostálgica do período em que fábricas ofereciam empregos
estáveis e imigrantes eram menos visíveis na paisagem americana.
O empresário que vive em um
dos endereços mais caros do mundo – a 5.ª Avenida de Nova York – atacou elites,
grandes empresários, doares de campanha e a mídia no discurso em que aceitou a
candidatura do Partido Republicano à presidência, na quinta-feira [21 de julho]. No melhor
estilo dos caudilhos latino-americanos, Trump
usou um tom demagógico e autoritário e prometeu restaurar a grandeza de uma
nação supostamente em declínio.
“Acordo todos os dias determinado a ajudar
pessoas em todo este país que foram negligenciadas, ignoradas e abandonadas”,
declarou. Trump se vê como o agente da
mudança, em contraposição à democrata Hillary Clinton, caracterizada em seu
discurso como a representante do status
quo e dos interesses econômicos que influenciam as decisões em Washington.
Sem nunca ter disputado uma
eleição nem ocupado um cargo público, Trump explorou a imagem do outsider [alguém de fora] capaz de transformar as regras do jogo
político. “Ninguém conhece o sistema
melhor do que eu, e é por isso que só eu posso consertá-lo.”
Desprezado
por grande parcela da elite e dos doadores de campanha republicanos, o bilionário espera que seu discurso
mobilize as bases do partido e atraia trabalhadores brancos democratas
descontentes com os efeitos da globalização e a crescente diversidade da
população dos EUA.
Eleitora
de Trump, a comentarista política Monica
Crowley afirma que a eleição
presidencial de 2016 é marcada menos pela divisão ideológica entre
progressistas e conservadores e mais pela
separação entre elites e cidadãos comuns. Para ela, seu candidato seria a
personificação americana do movimento de revolta contra o status quo em andamento em diferentes partes do mundo, que teve uma
de suas manifestações na decisão dos britânicos de abandonarem a União
Europeia.
O mesmo tom nacionalista que
impulsionou a campanha do Brexit está presente na retórica de Trump. Em seu discurso, ele
proferiu a máxima que resume sua visão da relação dos EUA com o mundo: “Americanismo, não globalismo, será nosso
credo”.
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ROGER STONE - um dos "conselheiros" de Donald Trump. Este consultor republicano que ajudou Nixon e George W. Bush ganharem a presidência, Stone supostamente devia US$ 405.035 em impostos não pagos. |
Como
observou reportagem do New York Times,
a imagem dos EUA como um país construído
por imigrantes – repetida por virtualmente todos os grandes líderes americanos
– esteve ausente do discurso de Trump. Os imigrantes descritos pelo
republicano são assassinos e traficantes que devem ser expulsos dos EUA,
especialmente se são de lugares ao sul da fronteira [do México] ou professam a
fé muçulmana.
A candidatura insurgente do
bilionário tomou de assalto o Partido Republicano e rompeu com posições
tradicionais da legenda em favor:
* da globalização,
* do internacionalismo e
* de uma reforma migratória
que abra caminho para 11 milhões de imigrantes regularizarem sua situação nos
EUA.
Roger Stone, um dos mais próximos
conselheiros de Trump, disse na sexta-feira que todos os presidentes
republicanos bem-sucedidos moldaram o partido à sua imagem e semelhança. “Nós voltaremos a ser uma classe média de
pessoas trabalhadoras de novo. Nós estamos deixando o country clube dos Bushs”,
afirmou Stone, que trabalhou como lobista dos cassinos de Trump, é obcecado por
moda e divide seu tempo entre a Flórida e Manhattan.
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