«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Adeus, padre Fernando Cardenal!

Israel González Espinoza
Religión Digital
22-02-2016

O jesuíta que libertou a Nicarágua com a educação
PADRE FERNANDO CARDENAL

Nenhuma alma mais cabia no auditório César Jerez da Universidade Centro-Americana (UCA) de Manágua. Ex-alunos, personalidades do âmbito político, padres jesuítas, acadêmicos e familiares deram em Manágua o último adeus ao sacerdote jesuíta Fernando Cardenal, que dedicou sua vida ao compromisso de uma Igreja pobre e para os pobres a partir da educação e da justiça social.

Um sinal proverbial que a Igreja mudou é que a missa de corpo presente foi oficializada pelo próprio arcebispo de Manágua, cardeal Leopoldo Brenes e os cantos que animavam a liturgia foram os da Missa Campesina Nicaraguense, entoada por Luis Enrique Mejía Godoy e outros músicos nicaraguenses na presença de seu irmão, o poeta Ernesto Cardenal, ex-ministro da cultura da Revolução Nicaraguense de 1979.

Distante já parece o tempo em que o Vaticano proibiu quatro sacerdotes que ocupavam cargos no governo sandinista a continuar exercendo a dupla função de serem "ministros de Deus e do povo".

E no caso de Fernando Cardenal, a Companhia de Jesus foi forçada em 1984 a expulsá-lo por "ordens de cima". Aqueles foram os dias em que a Igreja voltava aos tempos pré-Concílio, a grande disciplina fomentada a partir de Roma.
MISSA DE CORPO PRESENTE DO PADRE FERNANDO CARDENAL

Quem se negou severamente a conceder uma exceção aos sacerdotes da Nicarágua para continuar trabalhando no Governo Revolucionário foi o Papa João Paulo II. Dói-me esta afirmação, mas por minha cristandade não posso calá-la”, escreveu o padre Fernando Cardenal, em um famoso escrito que se tornou universal. Chamou-se “carta a meus amigos” e o jesuíta a escreveu depois de tomar conhecimento sua expulsão da Companhia de Jesus.

Em 1990, a Companhia de Jesus voltou a admitir Fernando Cardenal à sua ordem. Foi o primeiro caso em 500 anos em que um filho de Loyola foi expulso e logo readmitido.

"Em 90 passei por Roma, buscando financiamento para uma ONG que eu havia fundado com os meus amigos depois de deixar o Ministério da Educação e tive uma entrevista com o Padre Geral Peter Hans Kolvenbach e ele disse-me: “Revisamos novamente seus registros e encontrei uma autêntica objeção de consciência. Somado a isso, o testemunho de sua vida faz-me desejar que você entrasse de novo na Companhia de Jesus”, narrou em uma entrevista Fernando Cardenal.

Durante a missa, o delegado do governo da Nicarágua no funeral de Fernando Cardenal, o ex-ministro da Educação, Miguel de Castilla, ressaltou o papel do jesuíta na educação. “Fernando Cardenal deixa um legado não só para a educação da Nicarágua, mas para a educação na América Latina (...) Para mim, o legado é de coerência, um homem como Carlos Fonseca, como o Che Guevara, a coerência entre o dizer e o fazer", disse o funcionário.

Por sua parte, o ex vice-presidente nicaraguense e escritor Sergio Ramírez ressaltou a Cardenal como um homem de integridade, sem dobras. "Ele estava sempre do lado dos pobres".

E na mesma linha, referiu-se o superior dos jesuítas na Nicarágua, padre Iñaki Zubizarreta, dizendo que o maior legado de Fernando Cardenal é uma consciência limpa. "Esse é um sinal de quando ele colocou a sua objeção de consciência, para deixar o ministério, a Companhia aceitou essa objeção, mas pelas leis da Igreja teve que sair, e ele dizia: Eu não quero sair. Por ele a Companhia voltou a readmiti-lo depois".
RESTOS MORTAIS DE PADRE FERNANDO CARDENAL

Os restos mortais de Fernando Cardenal foram transferidos para o Cemitério Geral da capital nicaraguense onde enterrado em meio a aplausos e cantos de hinos da Cruzada Nacional de Alfabetização – que ele dirigiu em 1980 - e as escolas Fe y Alegría, das quais ele era diretor geral até sua morte.

E no meio de balões vermelhos que se elevavam para o céu quente do trópico da Nicarágua, despediu-se o padre jesuíta que lutou toda a sua vida para melhorar a educação na Nicarágua. Deixou como legado sua Cruzada da Alfabetização (que reduziu o analfabetismo de 56% para 12% em 1980) e as escolas Fe y Alegría cujas 22 escolas atendem a população estudantil mais pobre.

Hoje, assim como em 1980 - depois de concluir a Cruzada da Alfabetização -, Fernando Cardenal poderá estar na casa do Pai dizendo em voz alta: "Nós cumprimos!". E, além disso, deixando uma tarefa para os jovens da Nicarágua. "Espero que os jovens regressem às ruas, esses jovens de agora! Para fazer história".

Traduzido do espanhol por Evlyn Louise Zilch. Para acessar este artigo em sua versão original, clique aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 23 de fevereiro de 2016 – Internet: clique aqui.

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