«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O que matou o processo de paz no Oriente Médio?

Soluções para o Oriente Médio

Thomas L. Friedman
The New York Times
Binyamin Netanyahu - Primeiro-Ministro de Israel

Em dezembro, no Fórum Brookings Saban sobre o Oriente Médio, o repórter Jeff Goldberg, da revista The Atlantic, fez ao ex-chanceler israelense Avigdor Lieberman, direitista, um pergunta provocadora: "Está ocorrendo uma mudança radical, não apenas na comunidade não judaica dos Estados Unidos, como nos EUA da comunidade judaica no que diz respeito a Israel e ao seu bom nome. Minha indagação é: (A) Devemos nos importar? (B) O que vocês farão a esse respeito? (C) Até que ponto isso é importante para vocês?

"Com toda a franqueza, não me importo minimamente", respondeu Lieberman, acrescentando que Israel vive em um ambiente perigoso. Vamos dar a ele o crédito pela honestidade: Realmente, não ligo para o que os judeus americanos ou não judeus acham a respeito de Israel.

Lembrei dessa conversa enquanto ouvia os debates e os pré-candidatos democratas e republicanos pronunciavam as banalidades de sempre sobre a necessidade de defendermos aliados israelenses e árabes sunitas. Quem quer que seja eleito presidente, terá de tratar com um Oriente Médio diferente.

Será um Oriente Médio preparado para lutar pela solução do:
1. Estado único,
2. uma solução de nenhum Estado,
3. uma solução de não Estado e
4. uma solução de Estado criminoso.

Ou seja, uma solução de Estado único em Israel, uma solução de nenhum Estado em Síria, Iêmen e Líbia, uma solução de não Estado oferecida pelo Estado Islâmico e uma solução de Estado criminoso oferecida pelo Irã.

Comecemos por Israel. O processo de paz está morto. O próximo presidente americano terá de tratar com Israel, com sua determinação de ocupar permanentemente todo o território entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, incluindo a área onde moram 2,5 milhões de palestinos na Cisjordânia.
Mahmoud Abbas
Presidente da Autoridade Nacional Palestiniana desde Janeiro de 2005

Como chegamos lá? Tantas pessoas apunhalaram o processo de paz que é difícil saber quem dará a estocada letal. Acaso foram os colonos judeus fanáticos determinados a expandir seus assentamentos na Cisjordânia e dispostos a sabotar qualquer político ou oficial do exército que se opuser a eles? Foram os bilionários judeus de direita, como Sheldon Adelson, que usaram sua influência para neutralizar qualquer crítica do Congresso dos Estados Unidos a Bibi Netanyahu? Ou foi Netanyahu, cuja sede de poder só é superada pela falta de imaginação para encontrar uma separação segura dos palestinos? Bibi ganhou: agora é uma figura histórica - o pai fundador da solução de um Estado único.

E o Hamas é a mãe. Hamas que dedicou todos os seus recursos para cavar túneis a fim de atacar israelenses de Gaza, em vez de transformar Gaza em Singapura, fazendo uma piada dos defensores da paz entre os israelenses. O Hamas disparou um foguete tão perto do aeroporto de Tel-Aviv que os EUA suspenderam por um dia todos os voos americanos, enfatizando aos israelenses, pombas ou falcões, o que poderia acontecer se eles abrissem mão da Cisjordânia.

Mas o Hamas não estava sozinho. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, demitiu o único premiê palestino eficiente, Salam Fayyad, que se dedicara a combater
a corrupção e a provar que os palestinos mereciam um Estado. 

O que todos eles fizeram foi matar a solução dos dois Estados. Que comece, então, a era do Estado único. Ela implicará em uma longa guerra civil entre palestinos e israelenses e um crescente isolamento de Israel na Europa.

Ao mesmo tempo, a Síria, desprovida de qualquer tipo de Estado - uma Síria de Bashar Assad e o controle apenas parcial dos seus patrocinadores russos e iranianos - será uma facada no peito produzindo uma hemorragia de refugiados pela Europa. Tenho certeza de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está bombardeando deliberadamente os sírios contrários ao regime com o intuito de fazer com que fujam para a Europa na esperança de dividir a União Europeia, sugar seus recursos e torná-la uma rival enfraquecida da Rússia e uma aliada enfraquecida dos EUA.
 
Vladimir Putin
Presidente da Rússia
E o não Estado do califado sunita (Estado Islâmico – EI) e o Irã xiita, Estado criminoso, se devorarão reciprocamente. Eu adoro quando os candidatos democratas e republicanos dizem: "Quando eu for presidente, eu vou pegar os árabes sunitas para assumir a liderança na luta contra o Estado Islâmico." Puxa, eu aposto que Obama nunca pensou nisso!

Os árabes sunitas jamais destruirão um não Estado do EI enquanto o Irã se comportar como um Estado criminoso xiita, e não como um Estado normal. Verdade seja dita, o Irã tem uma grande civilização. Ele poderia dominar a região com o dinamismo de sua classe empresarial, universidades, ciência e artes. Mas os aiatolás do Irã não confiam em seu poder brando. Preferem apelar para atitudes criminosas, buscar a dignidade nos lugares errados, usando representantes xiitas para dominar quatro capitais árabes: Beirute (Líbano), Damasco (Síria), Saná (Iêmen)  e Bagdá (Iraque).

Portanto, meu conselho aos candidatos é: continuem falando do Oriente Médio com sua imaginação. Eu sempre posso usar como uma boa história para dormir. Mas estejam preparados para a realidade. Não há mais o Israel de seus avós, a Arábia Saudita das suas companhias petrolíferas, a Turquia da sua OTAN, o Irã de seu taxista, ou a Palestina do seu professor de faculdade radical chique. É uma besta totalmente diferente agora, caminhando desleixadamente em direção a Belém.

Traduzido do inglês por Anna Capovilla com acréscimos a partir do texto original traduzidos por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional / Visão Global – Quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016 – Pág. A13 – Internet: clique aqui

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