«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

DEBOCHAM DO BRASIL PORQUE CREEM NA IMPUNIDADE!

A feira do Santana

Dora Kramer

Apesar do alerta em 2005, PT preferiu apostar na
presunção de impunidade 
JOÃO SANTANA
Responsável pela publicidade das campanhas eleitorais de Lula e Dilma Rousseff
chegando preso à sede da Polícia Federal em Curitiba (PR)

O governo sabia, pelo menos desde meados de outubro do ano passado, que o marqueteiro para toda obra - tratado como “40.º ministro” - havia caído na malha da Lava Jato. Os investigadores encontraram referências a pagamentos feitos no exterior, nas anotações registradas no telefone celular de Marcelo Odebrecht.

A citação estava em código. “Feira” era o destinatário do dinheiro, identificado como João Santana numa espécie de trocadilho com a cidade baiana que une o apelido ao sobrenome do marqueteiro. A informação chegara aos ouvidos do senador Delcídio Amaral e fora repassada à presidente Dilma Rousseff e ao antecessor, Lula, nas várias e constantes conversas que mantinha com ambos.

Inverossímil, portanto, o espanto com que alegadamente governo e PT receberam a notícia da ordem de prisão temporária de Santana. Difícil dar fé, pelo mesmo motivo, à incredulidade aludida pelo publicitário diante da decisão do juiz Sérgio Moro. A ideia contida aí nessa simulação é a de fingir surpresa diante da ocorrência de ilícitos. Como assim, pagamentos feitos de maneira irregular? Que história é essa de que o dinheiro das campanhas eleitorais petistas pode ter origem nas propinas das empreiteiras?

Uma história que começou a ser contada há mais de dez anos na CPI dos Correios pelo marqueteiro Duda Mendonça quando confessou ter recebido “por fora” para fazer a campanha de Lula em 2002. Até aí tivemos uma narrativa incompleta que esbarrou na complacência (mal) estudada da oposição e na versão amenizada do caixa dois. Duda pagou o devido à Receita, livrou-se das acusações, mas o aviso estava dado: havia algo mais que contabilidade paralela nas contas petistas.

Não obstante o alerta que levou os conselheiros do então presidente da República a cogitar da hipótese de Lula não concorrer à reeleição, a via do ilícito continuou a ser adotada pelo partido como forma de financiamento. Isso enquanto o PT “lavava” a imagem defendendo com ardor a reforma política, tendo como ponto crucial a instituição do financiamento público de campanhas sob a alegação de que nas doações empresariais é que residia a origem da corrupção no País.

Nos bastidores desse teatro, o modo de operação dos desvios era aperfeiçoado ao ponto da urdidura de um crime supostamente perfeito:
* contratos superfaturados,
* cuja “sobra” era encaminhada ao partido [PT e outros] que, por sua vez,
* declarava ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as doações na forma da lei.
* E assim, à sua revelia, o TSE passou a fazer parte do esquema no papel de lavanderia de propinas.

A conclusão não é minha nem decorre de juízo precipitado. Está baseada no conteúdo dos depoimentos de vários delatores que dependem da veracidade de suas informações para obter benefícios da Justiça, nas afirmações contundentes do procurador-geral da República, nas palavras do juiz Sérgio Moro decorrentes do exame das provas já coletadas, no produto das ações de busca e apreensão feitas pela Polícia Federal e na sustentação que os tribunais superiores têm dado aos procedimentos da Operação Lava Jato.

Substituto de Duda Mendonça na arquitetura das vitórias do PT, João Santana não foi atingido agora por uma coincidência. Foi, isto sim, alcançado pelos efeitos da reincidência de um grupo político que invoca constantemente o preceito constitucional da presunção de inocência, mas que preferiu apostar na presunção da impunidade.

João Santana, o gênio conhecedor dos meandros do poder, certamente não embarcou de gaiato no navio. Como de resto estiveram cientes do conteúdo os porões, todos os demais navegantes, dos comandantes aos tripulantes. Ninguém governa por quatro períodos consecutivos sendo o último a saber.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016 – Pág. A6 – Internet: clique aqui.

A cara da galhofa

Editorial

O marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, nem se deram ao trabalho de fingir vergonha ou constrangimento, como fez, há 11 anos, o publicitário Duda Mendonça. Como todos haverão de se lembrar, o publicitário responsável pela vitoriosa campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 foi às lágrimas três anos mais tarde ao reconhecer, em meio ao escândalo do mensalão, que havia recebido mais de R$ 10 milhões do PT numa conta no exterior, num esquema de lavagem de dinheiro e caixa 2.Há quem diga que as lágrimas de Duda eram tão falsas quanto a imagem que ele criou para Lula na eleição presidencial, mas nada se compara ao sorriso zombeteiro de Mônica Moura ao chegar com o marido à Polícia Federal no Paraná, na terça-feira passada.
MÔNICA MOURA
Esposa e sócia de João Santana, sorri ao chegar à sede da Polícia Federal em Curitiba (PR)

Essa imagem tem tudo para se tornar um dos grandes símbolos do DEBOCHE que os petistas e seus associados reservam aos brasileiros sempre que são pilhados fazendo o que não devem. Tal comportamento revela contumaz menosprezo pela inteligência alheia e convicção absoluta na impunidade.

Não vou baixar a cabeça, não, disse Mônica aos jornalistas. Sua confiança se baseia na presunção de que o Brasil é um país de tolos. Acusados na Operação Lava Jato de receber US$ 7,5 milhões em uma conta no exterior, depositados pela Odebrecht e por um dos operadores do assalto à Petrobrás, Mônica e o marido vão argumentar que tudo o que receberam no exterior se refere a serviços prestados em outros países. “Não tem um centavo de valor recebido no exterior que diga respeito a campanhas brasileiras”, garantiu o advogado da dupla.

Ora, se é assim:
* como explicar que parte do dinheiro daquela conta atribuída a Santana tenha sido depositada por uma empresa que a Lava Jato diz ser ligada à Odebrecht?
* Que serviço o marqueteiro prestou à empreiteira para merecer tão vultoso pagamento?

A versão que interessa à defesa de Santana e da Odebrecht é a que sugere que o dito pagamento se refere às campanhas do marqueteiro em países nos quais os candidatos a presidente também foram financiados pela empreiteira. Mais uma vez, fica claro de que ri a senhora Santana: ela, o marido e a empreiteira querem fazer acreditar que a Odebrecht pagou diretamente ao marqueteiro por serviços que deveriam ser quitados pelos candidatos a quem ele prestava serviço. A vingar essa explicação excêntrica, a única pendência dessa turma com a Justiça seria a existência de uma conta não declarada no exterior. É do barulho.

Na mesma linha, o ministro da Secretaria da Comunicação Social, Edinho Silva, negou que Santana tenha recebido no exterior qualquer pagamento pelos serviços que prestou à campanha da reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014. “Fui coordenador financeiro da campanha da presidenta (sic) e asseguro ao Brasil que nada de errado aconteceu nas contas da presidenta (sic) Dilma”, declarou Edinho.

Para a Lava Jato, no entanto, não é bem assim. Enquanto a Odebrecht, Santana e os petistas recorrem às fábulas, no mundo real os investigadores ficaram sabendo que uma conta não declarada do marqueteiro na Suíça recebeu três depósitos no total de US$ 1,5 milhão entre julho e novembro de 2014, justamente na época em que ele era o responsável pela imaculada – segundo Edinho Silva – campanha de Dilma. O dinheiro foi depositado por Zwi Skornicki, operador de propinas da Petrobrás, a quem, aliás, a senhora Santana orientou pessoalmente sobre como proceder para depositar dinheiro nas contas do casal no exterior, conforme se lê num bilhete que hoje é uma das principais evidências da maracutaia. “Euro ou dólar, vocês escolhem o melhor”, escreveu Mônica.

Em 2005, quando Duda Mendonça confessou ter recebido pagamentos clandestinos do PT, João Santana disse, em entrevista ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho, ter ficado “estarrecido” e que na época vaticinou: “O governo acabou”. De fato, era o que deveria ter acontecido. Como não aconteceu – Duda Mendonça se livrou da Justiça e Lula continuou presidente –, Santana parece acreditar que a história vai se repetir. Mas os tempos são outros.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016 – Pág. A3 – Internet: clique aqui.

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