«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

QUANTO DILMA CUSTOU AO BRASIL???

A senhora de um trilhão

Paulo Rabello de Castro*

Dilma perpetrou um estrago sobre o qual falarão para sempre
nossos livros de História


Despertam curiosidade popular as listas de bilionários. Gente que se deu bem, pelos muitos milhões que amealhou no caminho da vida, quer por talento excepcional no esporte, nas artes, nos negócios, nas ciências (aqui, raramente), ou por pura esperteza e, no limite, por banditismo em nível corporativo, como são exemplos “El Chapo” e seu mestre, Pablo Escobar. Santos ou pecadores, são indivíduos fazedores, com grande poder de realização e liderança. O ponto comum entre todos é a enorme capacidade de criar e acumular ativos. São “realizadores”, para o bem ou para o mal.

Pouco se ouve falar, contudo, de outra lista, semelhante à primeira, só que com sinal trocado. Em vez de serem acumuladores de ativos, há também os acumuladores de passivos – referência aos indivíduos produtores de guerras, de moléstias ou, simplesmente, detonadores de riqueza, aqueles capazes de agir só para erodir, derrubar, solapar e deletar a riqueza e a capacidade de crescer de uma empresa, comunidade ou país. Alguns desses seres especiais têm custado caro à humanidade inteira. Outros, ao seu próprio país.

Em recente artigo nesta página (clique aqui para ler), Monica de Bolle levantou a pergunta incômoda, mas necessária: quanto nos custou Dilma? E deu números ao debate: “... o Brasil perdeu R$ 300 bilhões de renda e de riqueza nos últimos quatro anos...”. Economistas podem fazer essa conta de “prejuízo bruto” de várias maneiras, todas válidas. Monica optou por olhar pelo lado da poupança, parcialmente destruída no período Dilma Rousseff. A poupança de famílias e empresas teria recuado – como ocorreu de fato – do patamar de 20% para 15% de um produto interno bruto (PIB) anual de cerca de R$ 6 trilhões. Perdemos, assim, cinco pontos porcentuais do PIB. Daí a conta de uma dilapidação de riqueza da ordem de 5% de R$ 6 trilhões, igual a R$ 300 bilhões. Será mesmo?

Estou disposto a colocar Dilma no Livro Guinness dos Recordes. Acho que Monica fez cálculo conservador da contribuição da nossa presidente para a destruição da riqueza nacional. Dilma seria a senhora de um trilhão de reais! Negativos, é verdade, mas ninguém pode ameaçar-lhe o troféu.

E por que um trilhão?

Pensem no quanto o Brasil teria crescido, a mais, se Dilma não tivesse feito nada (grande contribuição já seria!). A poupança referida por Monica ficaria nos 20% desde 2011, acarretando correspondentes investimentos, palavra-chave sem a qual não criamos riqueza nova alguma. Com 20% do PIB aplicado em investimentos (quem se lembra do PAC?) o País teria exibido um crescimento mais próximo do seu potencial, com ou sem a tal “crise mundial”. O “potencial” do PIB é conceito usado pelos economistas para calcular quanto um país é capaz de fazer, ano a ano. No Brasil, tal potencial já foi de 7% ao ano (que saudade!); caiu para 5% no fim dos anos 1970, depois para 3% nas décadas perdidas de 1980 e 1990; ameaçou pequena melhora para 3,5% com o milagreiro Lula e, finalmente, recuou para 2,5% na era Dilma. Se ela nada houvesse feito para atrapalhar, ainda assim o País do juro alto e da carga tributária de manicômio poderia ter crescido uns 2,5% ao ano.

Dilma conseguiu, no entanto, perpetrar um estrago sobre o qual falarão para sempre nossos livros de História. Estimando as perdas de PIB, ano a ano, desde que Dilma se aboletou na cadeira presidencial, e supondo que a ela seja concedido completar a façanha, teremos esbanjado uns 15% do PIB ao longo do octênio dilmista [oito anos de governo Dilma Rousseff], que, em valores de hoje, correspondem à estonteante marca de um trilhão de reais!

Mas tem gente querendo impedir Dilma de atingir seu recorde. Quanta maldade!
 
PAULO RABELLO DE CASTRO
Economista - autor deste artigo
Outra maneira de garantir o recorde é pelo método da acumulação de passivos. É aquela roubada coletiva que ocorre quando metem a mão grande no nosso bolso enquanto cantamos marchinhas carnavalescas sem ira nem birra. É preciso, às vezes, um rio inteiro de lama – no sentido literal – para despertar o raquítico instinto de interesse coletivo do nosso povo. Acumulação de prejuízos, entretanto, não figura no Direito brasileiro como responsabilidade direta de um mau gestor público. A imputação se atém a atos administrativos, como apontados no “Relatório Nardes” sobre as pedaladas de R$ 40 bilhões, que Dilma se apressou a “pagar”.

Mas pagar o quê, se a perda de riqueza permaneceu, como bem mostrou Monica? A omissão do dever de bem administrar gerou acumulação de passivos também pelo lado financeiro, pelos juros anormais que o Brasil vem pagando, e que pagará, pelo despautério da gestão dilmista – outro modo de se chegar ao mesmo trilhão de reais.

É o governo que nos avisou, na semana passada, quanto custou o encargo de rolar a dívida pública de R$ 3,9 trilhões: a bagatela de R$ 502 bilhões, apenas em 2015, entre juros e prejuízos de câmbio, os famigerados swaps inventados para segurar o câmbio antes do pleito de 2014. Este ano, mesmo com o Banco Central mantendo a taxa Selic onde está, a absurda conta do juro deve se repetir. Então, pelo lado do custo financeiro, Dilma também é a senhora de um trilhão de reais.

Os encargos dantescos elevaram a dívida pública de 51% do PIB, em 2011, para 66% ao final do ano passado. Bingo! São 15 pontos porcentuais do PIB acrescidos ao nosso passivo financeiro, portanto, mais um trilhão de reais acumulado à dívida dos brasileiros, pedágio ruinoso que todos pagamos para o mercado continuar “confiando” nas autoridades econômicas.

Um trilhão, essa é a conta:
* Juros a mais,
* PIB a menos,
* empregos eliminados,
* capital evaporado,
* confiança desfeita,
* futuro destroçado.

Para tal crime, espantosamente, não parece haver remédio legal em nosso Direito positivo. Por isso a década “esbanjada” será concluída com êxito! Ninguém, afinal, conseguirá roubar essa Olimpíada de Dilma.

* PAULO RABELLO DE CASTRO é Ph.D pela Universidade de Chicago, sócio da RC consultores, é autor de “O mito do governo grátis” (Ed. de Janeiro 2014).

Fonte: O Estado de S. Paulo – Espaço aberto – Quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016 – Pág. A2 – Internet: clique aqui.

DILMA: E EU COM ISSO?

Eliane Cantanhêde

Sem autocrítica, Dilma pede “parceria” ao Congresso e à sociedade
DILMA ROUSSEFF (Presidente da República)
ladeada à esquerda pelo presidente do STF, Ministro Ricardo Lewandowski e
à direita, pelo presidente do Senado, senador Renan Calheiros
Congresso Nacional - Brasília, 2 de fevereiro de 2016

Pompa e circunstância para o Conselhão [Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – para saber mais, clique aqui] que, na prática, não deu lá em muita coisa. Agora, pompa e circunstância para a reabertura do Congresso que, na prática, também não deve dar lá em muita coisa neste ano. Senão, vejamos: em junho começam as festas juninas e as bancadas do Nordeste somem; depois vêm a Olimpíada e o País para; e, enfim, o ano acaba com as eleições municipais. Resultado: Câmara e Senado vão funcionar meio ano, e olhe lá!

Portanto, toda aquela solenidade, o empurra-empurra e os tapetes vermelhos da chegada da presidente Dilma Rousseff ao Congresso, nesta terça-feira, repetiram a mesma lógica da sua reunião com as dezenas de líderes que se apinharam no Planalto na semana passada: o importante não é o conteúdo, mas a forma. Ou melhor, a foto.

Importante reconhecer que os dois momentos, como as duas fotos, foram relevantes para uma presidente que amarga 10% de popularidade, junto com uma rejeição evidente e um processo de impeachment no Parlamento. Apesar disso, e do desastre da economia, Dilma demonstrou em duas semanas seguidas que ainda atrai líderes de diferentes setores para o Planalto e é capaz de mobilizar o Congresso para recepcioná-la. Na reta final, Collor não atraía nem mosca para o Planalto e só atraía desaforos fora dele.

Além das sete medidas no Conselhão e da mensagem presidencial entregue pessoalmente ao Congresso (algo inédito nesses anos de mandato), Dilma também decidiu gravar pronunciamento pela TV convocando brasileiros e brasileiras a combater o agora inimigo número um do país: o Aedes aegypti. Se vem panelaço por aí? Logo saberemos.

Na chegada ao Congresso, ela trocou beijinhos com dois amigões do seu governo, os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, mas se limitou a um frio aperto de mãos ao cumprimentar o da Câmara, Eduardo Cunha. Afinal, nenhum dos dois é de ferro.

Lendo o resumo da mensagem, Dilma parecia estar assumindo a Presidência pela primeira vez, como se o desastre de 2015 não tivesse acontecido. Nenhuma autocrítica, nem um pio admitindo as graves crises na economia, na política, na questão ética. Nada, nada. Em vez de falar em crise, falou na “excepcionalidade do momento”. Nessa, o marqueteiro caprichou...

Ao enumerar dados grandiosos do Minha Casa Minha Vida, do Pronatec, do Enem, disso e daquilo, Dilma passou a ideia de que, apesar da tal “excepcionalidade do momento”, o governo dela foi eficientíssimo em 2015, um sucesso. E, somando as duas coisas – a crise passageira e os êxitos do mandato –, apelou para uma parceria com a sociedade, com o setor privado e com o Congresso para salvar a economia e aprovar a CPMF e a reforma da Previdência. E até se permitiu um diálogo com a deputada tucana Mara Gabrilli, que lhe perguntava sobre ações para as crianças com microcefalia.

O plenário lotado foi elegante com a presidente, apesar de a oposição vaiá-la quando ela defendia a CPMF. As vaias foram neutralizadas pelos aplausos dos simpatizantes, mas merece registro que raras vezes se viu um presidente vaiado, ao vivo e em cores, no Parlamento. Dilma, porém, não tem do que reclamar. Afinal, ninguém vaiou quando ela defendeu enfaticamente o crescimento econômico, o equilíbrio das contas públicas e a geração de empregos, como se jamais, em tempo algum, seu governo tivesse gerado recessão e explodido as contas e 1,5 milhão de empregos formais num único ano.

Ontem, aliás, o IBGE divulgou que a queda da indústria em 2015 foi de nada suaves 8,3%, mais um recorde da era Dilma. Essa queda arrasta milhares de empregos na construção, nos setores eletroeletrônico, têxtil, químico e vai por aí afora. Mas isso Dilma não disse. Ela fala e age como se tivesse zero responsabilidade por essa tragédia nacional.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016 – Pág. A8 – Internet: clique aqui.

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