Agiotagem legalizada!
Brasil lidera ranking de juros do cartão
na América Latina
Renée Pereira
Taxa média cobrada no País é de 436% ao ano,
10 vezes mais que no vice-líder Peru
No ranking das maiores taxas
de juros da América Latina, o Brasil ganha disparado. Um levantamento feito pela
Proteste - Associação Brasileira de
Defesa do Consumidor – com seis vizinhos latinos mostra que a taxa cobrada no rotativo do cartão de
crédito é 10 vezes maior no Brasil comparado ao segundo colocado, que é o Peru.
Lá, os juros médios cobrados do consumidor que entra no rotativo do cartão são
de 43,7% ao ano, contra 436% no Brasil.
Na Argentina, onde a inflação está na casa
de 40% ao ano, os juros cobrados no rotativo do cartão de crédito são de, no
máximo, 43,29% ao ano, segundo os dados da Proteste.
Já na Venezuela, que vive uma
intensa crise econômica, há limites máximos estabelecidos: o juro no cartão não
pode ultrapassar 29% ao ano. "Aqui
no Brasil é praticamente impossível pagar o rotativo do cartão. Mesmo sendo um
crédito pré-aprovado, não deveria haver taxas tão abusivas", afirma a
economista da Proteste, Renata Pedro, responsável pelo
levantamento.
RENATA PEDRO Economista da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste): "Nada justifica juros tão altos como no Brasil!" |
Discrepância
Renata
conta que, no levantamento, encontrou
taxas que chegaram a 1.158% ao ano. Nesse caso, calcula a economista, um
consumidor que tiver uma fatura de R$ 1 mil e resolver pagar apenas o valor
mínimo de 15%, no fim de 12 meses terá uma dívida de R$ 10 mil. "Não dá para entender como podem
cobrar uma taxa tão discrepante (já que a Selic, que é a taxa básica de juros,
está em 14% ao ano)."
O
levantamento da Proteste avaliou 181 cartões de 17 bancos ou
operadoras. Vários questionários foram enviados às instituições financeiras,
mas apenas quatro responderam. "Começamos a ligar e pesquisar na internet.
Em alguns casos, chegamos a contratar os cartões para saber quanto cada banco
cobrava efetivamente", afirma Renata. Nos
demais países, como há uma regulamentação sobre a cobrança, as taxas dos
cartões estão disponíveis em sites. [O Brasil é,
de fato, o paraíso dos bancos e agentes financeiros!!! Só tem pra eles!!!]
Em
nota, a Associação Brasileira das
Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) afirma que, no Brasil, a
maioria das transações com cartão de crédito não tem juros, pois os brasileiros
financiam suas compras por meio do parcelado sem juros. Além disso, 85% pagam a sua fatura em dia e apenas um
entre dez usa o crédito rotativo. E, quando entra nessa situação, fica em
média 12 dias. [Mesmo assim, não se justificam taxas
de juros tão altas!]
Uma
das razões para a alta é a falta de concorrência
Dentre os vários fatores que
podem explicar o porquê de o Brasil ter taxas de juros tão altas ao consumidor
no cartão de crédito em relação a seis países da América Latina, a mais plausível é a falta de concorrência entre as instituições
financeiras.
A
opinião é da economista da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor) e responsável pelo levantamento sobre juros no cartão em países
da América Latina, Renata Pedro. "Aqui,
as instituições cobram o que querem. Não há justificativa para taxas tão
elevadas."
Nas
instituições, as justificativas variam
do risco de inadimplência aos penduricalhos que elevam o custo dos bancos, como
a carga tributária. Segundo dados do Banco Central (BC), a taxa de
inadimplência do rotativo do cartão de crédito, em atrasos de 15 a 90 dias,
estava em 15,7% em setembro – 2,3 pontos porcentuais menor que em igual período
do ano passado. No ano, entretanto, houve uma alta de 0,3 ponto porcentual.
Nesse mesmo período, o uso do rotativo do cartão subiu 17,4% em 12 meses e
12,8% no ano.
Na avaliação
da Associação Brasileira das Empresas de
Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), a análise comparativa de cartões
precisa levar em conta a forma como o produto é usado em cada país. Enquanto no Brasil há o parcelamento sem
juros no cartão de crédito, nos outros países, esse tipo de transação é a menor
parte, e as pessoas usam o crédito rotativo para financiar suas compras.
Para
Renata, no entanto, a
"invenção" do pagamento mínimo que existe no Brasil é uma armadilha
que induz o consumidor a entrar na dívida.
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