“Francisco está preparando grandes surpresas”
Uma reviravolta marcante poderia vir dentro
de alguns anos
Fabio Marchese
Ragona
Jornal
“Il Giornale” – Milão (Itália)
22-11-2016
Reflexões de um cardeal e teólogo muito próximo ao Papa
WALTER KASPER Cardeal alemão e teólogo - ao fundo, a fachada da Basílica de São Pedro - Vaticano |
E
agora, o que devemos esperar? É a pergunta que muitos, dentro das sagradas
salas, fizeram a si mesmos depois de lerem a carta apostólica do fim do Jubileu, Misericordia et misera, do Papa Francisco, onde Bergoglio anuncia grandes novidades
vindouras para a Igreja, da possibilidade para todos os sacerdotes de
perdoar o aborto (até hoje possível apenas durante o Ano Santo), à validade das
confissões com os lefebvrianos (isto até novas disposições).
Para ler, baixar ou imprimir o texto integral deste
último
documento de Papa Francisco – Misericordia et misera – clique aqui.
Certamente,
não chegará, em breve, um Concílio Vaticano III e, seguramente, Francisco, como
ele mesmo reiterou há alguns dias em uma entrevista ao jornal Avvenire, não tem nenhuma intenção de
“baratear” a doutrina católica ou de “protestantizar” a Igreja.
Mas
uma reviravolta marcante poderia vir dentro de alguns anos. Essa é a convicção
de um dos teólogos mais próximos e estimados pelo Papa Francisco, o cardeal alemão Walter Kasper, que
admite: “Este é um papa das surpresas”,
diz, sorrindo. “Há muitos canteiros de
obras em aberto. Veremos o que vai acontecer. Entenderemos em breve sobre qual
assunto Francisco vai se concentrar”.
Com
efeito, o “hospital de campanha” levantado por Bergoglio está se movendo em
várias frentes, no rastro do Concílio, como o papa quer, para tentar trazer
algumas inovações. Fala-se de celibato
dos padres, de diaconato das
mulheres, de vocações, estão
abertas várias questões ecumênicas, discute-se sobre casamentos mistos entre católicos e protestantes.
Um dos dossiês sobre os
quais o papa certamente está refletindo é o dos “padres casados”: embora Francisco, em maio
passado, tranquilizou os bispos italianos reunidos em assembleia sobre o fato
de que “o celibato sacerdotal vai
permanecer como está”, a questão está sendo aprofundada do outro lado do
oceano, no “laboratório Brasil”, onde um dos seus homens de confiança, o cardeal Claudio Hummes, prefeito
emérito da Congregação para o Clero e presidente da Comissão para a Amazônia da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, faz
as contas todos os dias com bispos cada vez mais em dificuldades por causa da
falta de padres e do crescimento exponencial de seitas e movimentos.
Uma
solução apresentada reservadamente ao papa foi a de “abrir”, justamente no Brasil, para homens casados com filhos adultos
ou homens viúvos, de fé comprovada, que, hoje, embora não podendo
administrar a comunhão, desempenham todas as funções dos sacerdotes, tornando-se inicialmente “pastores” de
pequenas comunidades católicas.
Uma
solução que agradaria a Bergoglio e contornaria o problema do celibato, sem
minar os fundamentos da doutrina e sobre a qual uma comissão especial está
trabalhando.
E
depois há o dossiê sobre as “mulheres”:
também recentemente, Francisco foi claro, não se abrirá ao sacerdócio feminino:
“São João Paulo II disse a última palavra”.
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