«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Será o apocalipse ? ? ?

O tsunami está chegando

Eliane Cantanhêde

É hora de delações da Odebrecht e de Lava Jato, 
não de brincar com fogo
SEDE DO GRUPO ODEBRECHT EM SÃO PAULO - CAPITAL

Na superfície, o Congresso discute a PEC dos gastos e as eleições para as presidências de Câmara e Senado e para as lideranças de blocos e partidos. Nas profundezas, sofre, sem saber (e sem ter) o que fazer, diante do tsunami que começa nesta segunda-feira, 7 de novembro: a meia centena de delações da Odebrecht sobre as relações promíscuas com o mundo político.

Para agilizar os trabalhos e ir logo ao ponto, a sistemática mudou. Os 50 delatores vão apresentar nesta segunda-feira suas revelações por escrito, depois serão chamados para confirmar o que escreveram e a força-tarefa da Lava Jato pretende ter a homologação das delações da Odebrecht em mãos até 20 de dezembro, quando o Judiciário entra em recesso. Aliás, o Congresso também, por volta da mesma data.

Pelo que foi vazado, serão listados de 150 a 300 políticos de praticamente todos os partidos. Isso abre uma nova era na Lava Jato, que não só deixa estressados deputados, senadores, governadores, prefeitos e seus antecessores, como também exige uma enorme responsabilidade da Justiça, Ministério Público e Polícia Federal.

Se os investigados estarão alvoroçados, os investigadores – e a mídia – estarão entre duas pressões políticas e psicológicas: de um lado, a acusação de que a Lava Jato é uma armação demoníaca só para eliminar o PT; de outro, o pânico nos três Poderes de que todos os políticos e partidos sejam jogados na fogueira, arrastando o Congresso, pilar da democracia, para o quinto dos infernos.

Juízes, procuradores e policiais não raciocinam (ou não deveriam raciocinar) subjetivamente, com base em consequências políticas, mas sim objetivamente, atentos a fatos, crimes e criminosos. Mesmo assim, é preciso frieza e maturidade para se equilibrar entre essas duas pressões e com a opinião pública querendo sangue e linchamentos.

O ponto zero é uma pergunta: alguém neste País não sabia que a Odebrecht fazia doações para campanhas majoritárias (Presidência, governos e Senado) e muitas proporcionais (especialmente Câmara)?

Isso é público, notório, parte da paisagem. Até aí, morreu Neves. O complicado é identificar quem é quem, o que é o quê:
a) Quem usou dinheiro da Odebrecht (ou de que doadora for) para aumentar patrimônio e enriquecer contas particulares na Suíça e em paraísos fiscais;
b) quem usou o pretexto da campanha para levar uma parte por fora;
c) quem negociou doação à custa de corrupção em órgãos públicos e estatais;
d) quem efetivamente usou o dinheiro em campanhas, mas com caixa dois;
e) quem recebeu recursos para sua campanha conforme a lei em vigor.

Fazer carnaval, ou manchete, com o fato de fulano(a), beltrano(a) e sicrano(a) receberem financiamento da Odebrecht para concorrer a algum mandato não ajuda o processo, não clareia o mundo no mínimo nebuloso das campanhas e não educa a opinião pública para a importância da política limpa e para os perigos da corrupção. Logo, é um desafio e tanto, com a patrulha na cola e as estruturas do Congresso tremendo.

Um adendo: quem alardeia essas ideias pirotécnicas, ou piromaníacas, de derrubar Michel Temer para pôr Fernando Henrique no lugar já pensou em quem, como, onde e por quê? O colégio eleitoral seria o Congresso, onde, logo, logo, mais de uma centena de camaradas estarão na fila da Lava Jato. A reação automática seria que o PSDB tirou Dilma e pôs Temer para, aí, sim, dar um golpe. E a economia, a política, a imagem do País e a paciência da sociedade explodiriam de vez.

O Brasil passa por uma real faxina de métodos e costumes, tentando pavimentar uma política mais ética, um futuro mais digno e Fernando Henrique Cardoso, além de ter mais de 80 anos e um marca-passo, é um homem de bom senso e um sociólogo com responsabilidade histórica. Sabe que a hora é de Lava Jato, não de brincar com fogo.

Propina foi institucionalizada, 
diz a Polícia Federal

Beatriz Bulla, Fabio Serapião e Ricardo Brandt

Para Lava Jato, envolvimento no esquema de pagamentos ilícitos ia de diretores responsáveis por obras ao diretor presidente da Odebrecht
COMPLEXO DO PORTO MARAVILHA NO RIO DE JANEIRO - RJ

No dia 6 de novembro de 2014, o diretor regional da Odebrecht Realizações Imobiliárias Rodrigo Costa Melo, responsável pelo contrato da obra do Porto Maravilha, no Rio, enviou e-mail ao seu superior, Antonio Pessoa de Souza Couto, diretor superintendente da unidade do Grupo Odebrecht, em que pede a liberação de R$ 1 milhão para “Turquesa”. O dinheiro seria propina nas obras de revitalização da região portuária do Rio, uma das maiores parceria público-privadas (PPP) executadas pela Concessionária Porto Novo, formada pela Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia.

Cinco dias após o pedido, Couto responde ao subordinado: “ok”. Ato contínuo, o diretor ligado à obra de Porto Maravilha escreve para Paul Altit, o líder empresarial da Odebrecht Realizações: “PA, Seguindo o processo, solicito sua aprovação para a operação”. Altit responde e copia Ubiraci Santos, um dos responsáveis pelo controle na holding do departamento da propina: “Ok Bira”. Com a aprovação de suas chefias imediatas, Rodrigo Melo aciona o Setor de Operações Estruturas, em e-mail enviado para a secretária Maria Lúcia Tavares, e solicita a entrega do dinheiro em duas parcelas.

A troca de mensagens dos executivos da Odebrecht, em quatro níveis hierárquicos do grupo, as planilhas de registro de pedido e registro de pagamentos fazem parte do rol de provas descobertas pela Lava Jato de que os pagamentos de propinas e lavagem de dinheiro foram institucionalizados no grupo e envolviam desde diretores responsáveis pelas obras até seu diretor presidente, Marcelo Bahia Odebrecht – afastado do cargo desde que foi preso em Curitiba, em 19 de junho de 2015.

“Trata-se de um sistema institucionalizado e profissionalizado, com observância à hierarquia empresarial, e que admitidamente assume contornos subreptícios ao se valer de codinomes para preservar a identidade dos destinatários”, registra a Polícia Federal.

Para investigadores, foi a institucionalização operacional dos pagamentos que arrastou mais de 50 executivos do grupo a buscarem a delação e fez com que o acordo com a força-tarefa do Ministério Público Federal fosse a única saída para tirar da cadeia seu diretor presidente e afastar o risco de falência do Grupo Odebrecht.
MARCELO ODEBRECHT NO MOMENTO EM QUE CHEGAVA À SEDE DA POLÍCIA FEDERAL
EM CURITIBA APÓS A SUA PRISÃO

Desvantagem

O caso da propina nas obras do Porto Maravilha – já conhecido desde março, quando foi presa a secretária do Setor de Operações Estruturas Maria Lúcia Tavares – é emblemático para mostrar como as descobertas da Lava Jato e uma eventual delação do grupo levaram a Polícia Federal e o Ministério Público Federal a novos escândalos fora da Petrobrás e comprova que o Grupo continuava a delinquir mesmo depois de iniciada a Operação Lava Jato, em março de 2014.

Além de guardar registros de propina para agentes públicos e políticos nos contratos de refinarias e plataformas, os arquivos do Setor de Operações Estruturas têm dados sobre pagamentos em obras de estádios da Copa 2014, como o Itaquerão, em São Paulo, em negócios de transporte (concessões de aeroportos e rodovias), no setor de saneamento e outros.

As ordens de pagamentos têm identificação de executivos responsáveis pelos pedidos, os contratos relacionados, unidades envolvidas nas despesas, nomes dos superiores que autorizavam pagamentos, beneficiários, nomes da contas usadas e valores envolvidos. Tudo cifrado, com uso de codinomes, siglas e senhas, com objetivo de ocultar a intricada sistemática financeira montada oficialmente no grupo para cuidar do chamado “custo Brasil”. Um risco para políticos não só do PT, PMDB e PP – foco no esquema de corrupção na Petrobrás –, mas também do PSDB e de outras legendas, ainda não investigados.

Para a força-tarefa, a descoberta do Setor de Operações Estruturadas e suas planilhas são a prova mais contundente encontrada pela Lava Jato, nos dois anos e meio de operação, da corrupção profissionalizada em empreiteiras do cartel que atuou na Petrobrás entre 2004 e 2014.

Com mais de 50 delações premiadas fechadas até aqui, os procuradores da Lava Jato consideram que as provas encontradas contra a Odebrecht colocaram a empreiteira em grau de desvantagem nas negociações. “Na mesa de negociação de uma delação, é como numa negociação comercial ou entre um casal: quem mais quer, menos pode”, afirmou um dos investigadores, em reservado.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política  – Domingo, 7 de novembro de 2016 – Pág. A8 – Internet: clique aqui; e aqui.

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