Pressão alta, um risco sempre maior!
Em 40 anos, dobra nº de pessoas com pressão alta
Fábio de
Castro
Hoje, 1,13 bilhão vive com o problema, que virou
questão de
saúde ligada à pobreza
O
número de pessoas com pressão alta no mundo dobrou nos últimos 40 anos e chegou
a 1,13 bilhão, de acordo com um novo estudo publicado ontem na revista
científica The Lancet. A maior
pesquisa do gênero já realizada envolveu uma equipe de centenas de cientistas e
utilizou dados de medição de pressão sanguínea
de 20 milhões, em praticamente todos os países do mundo, entre 1975 e 2015.
Uma
das principais conclusões do estudo é de que a proporção de pessoas com pressão alta caiu abruptamente em países de
alta renda e aumentou em vários países de baixa renda, especialmente na África e na Ásia. O trabalho foi liderado por cientistas do Imperial College London (Reino Unido) e
teve participação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Acesso
a remédios
“A pressão alta não está
mais ligada à riqueza, como em 1975, agora ela é uma premente questão de saúde
ligada à pobreza”, disse o autor principal do estudo, Majid Ezzati, do Imperial
College.
Os
cientistas dizem ainda não saber a razão exata da redução de problemas com a
pressão nos países mais ricos, mas, de acordo com um dos autores, James Bentham, também do Imperial College, é provável que a tendência tenha ligação com melhor acesso a sistemas
de saúde, diagnósticos, medicamentos e aumento do consumo de frutas e vegetais.
“Também há cada vez mais evidências de que a
nutrição insuficiente nos primeiros anos de vida aumente o risco de pressão
alta na vida adulta, o que pode explicar por que o problema está aumentando
nos países pobres”, disse ao jornal O Estado
de S. Paulo.
MAJID EZZATI Autor principal do estudo - pesquisador do Imperial College London (Reino Unido) |
Segundo
o estudo, na maior parte dos países os
homens têm mais pressão alta do que as mulheres: em 2015, eram 597 milhões
de homens com o problema, ante 529 milhões de mulheres. Além disso, metade dos adultos com pressão alta no
mundo vive na Ásia – 226 milhões na China e 200 milhões na Índia.
Os países com as proporções
mais baixas da população com pressão alta são:
* Coreia do Sul,
* Estados Unidos,
* Canadá,
* Peru e
* Cingapura.
Os que têm as proporções
mais altas entre os homens estão todos na Europa central e oriental:
* Croácia,
* Letônia,
* Lituânia,
* Hungria e
* Eslovênia.
As proporções mais altas
entre mulheres estão na África:
* Níger,
* Chade,
* Mali,
* Burkina Faso e
* Somália.
Melhora
no Brasil
O Brasil teve uma queda
considerável na proporção da população com pressão alta nos últimos 40 anos, segundo outro dos autores
do estudo. “Em alguns locais de renda
média, temos padrões similares aos de países de alta renda, onde a
proporção de pessoas com pressão alta está caindo. No Brasil, por exemplo, entre 1975 e 2015, a proporção caiu de 35,5%
para 26,7% entre os homens e de 33,7% para 19,9% entre as mulheres”, disse
Bentham ao Estado.
Segundo
ele, porém, o estudo mostra claramente
que a situação econômica está ligada à queda da pressão sanguínea. O
pesquisador afirma que os esforços no
combate à epidemia de pressão alta devem ser concentrados nos países de baixa e
média renda. “Esse é um dos mais urgentes desafios globais na área de
saúde. Os países precisam de meios e regulação adequados para melhorar o acesso à comida de alta
qualidade, especialmente frutas e vegetais, além de reduzir o sal na comida.
É preciso também fortalecer os sistemas de saúde para identificar as pessoas
com pressão alta precocemente, além de melhorar o acesso ao tratamento e à
medicação.”
Comentários
Postar um comentário