«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O ovo da serpente

Luiz Alberto Gómez de Souza*

Os setores mais conservadores e fundamentalistas da
Igreja Católica acabarão percebendo, talvez tarde demais,
o mal de aliar-se a neopentecostais como Crivella 
DOM ORANI JOÃO TEMPESTA
Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro recebe Marcelo Crivella e sua esposa quando o mesmo foi
apresentar o seu "Plano de Governo" ao líder da Igreja Católica

Lemos em O Globo de hoje, 1º de novembro:
«Crivella também revelou uma curiosidade da campanha: disse que em momentos difíceis do 2º turno, recebeu, muitas vezes de madrugada, mensagens de apoio do arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta. “Dom Orani, puxa vida... De madrugada... Nos momentos mais impactantes... Quando havia aqueles abalos sísmicos, quem mandava mensagem? Dom Orani, os padres...”».

Com um pouco de ironia poderia eu insinuar: Solidariedade corporativa entre dois bispos? Alguém, em troca, ingenuamente declararia: “Prova de ecumenismo”. Ora, nós sabemos que a Igreja Universal, com um plano de poder, não tem nada de ecumênica. Leiam o livro do bispo Macedo, tio do bispo Crivella, “Plano de poder” (2008). Ali ele fala da ascensão dos evangélicos como determinada pela Bíblia: «grande projeto de nação pretendida por Deus... Bíblia é um livro que sugere resistência, tomada e estabelecimento do poder político ou de governo». Na véspera, na coluna de Ancelmo Gois, do mesmo O Globo, podemos ler: «Marcelo Crivella... não esconde que sua meta é chegar à Presidência da República».

Ecumenismo é a ida de Francisco a Lund [Suécia], ontem e hoje, para os 500 anos da Reforma de Lutero, o que deixa certos membros da instituição católica carioca pouco à vontade. Os mesmos que não difundem a Nota da Comissão Episcopal Pastoral para o serviço da Caridade, da Justiça e da Paz e palavras da Comissão Permanente da CNBB sobre a atual política econômica do governo Temer, com o apoio, feliz surpresa, do arcebispo primaz de Salvador.

Mas logo descobrimos que, na verdade, há um encontro real de Crivella com posições ideológicas político-morais tradicionais no mundo católico (atenção, não Éticas, valha a distinção) ambos de uma direita envergonhada, temerosa de posições progressistas na Igreja Católica e na sociedade.
Luiz Alberto Goméz de Souza
Autor deste artigo

Talvez um dia muitos católicos integristas, unidos ao fundamentalismo de certos neopentecostais, poderiam descobrir um pouco tarde, que pavimentaram o caminho para um plano de poder:
* antidemocrata,
* antilaico e
* antiplural, que se voltaria contra eles, sacrilegamente Bíblia em mão.
É isso que estariam preparando com uma terrível irresponsabilidade.
[É incrível como certos setores extremamente conservadores e intransigentes da Igreja Católica não percebem que os tempos são outros e se negam a aprender as lições do passado não muito distante no qual a Igreja andava de braços dados com o poder]

Poderão as práticas libertadoras de Francisco abrir corações e mentes?

Há momentos em que não poderemos ceder à tentação do desânimo, mas acreditar na força do Espírito transformador.

* LUIZ ALBERTO GOMÉZ DE SOUZA é conhecido como cientista político e pensador do mundo atual. Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris, Sorbonne Nouvelle. Graduação em Direito pela PUC de Porto Alegre. Pós-graduado em Ciência Política (Santiago do Chile). Atualmente é diretor do Programa de Estudos Avançados em Ciência e Religião da Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 3 de novembro de 2016 – Internet: clique aqui.

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