Brasil está perdendo a batalha contra a desigualdade

Estudo mostra estagnação na redução da
desigualdade no Brasil entre 2011 e 2014

Lígia Formenti

A partir de informações da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios,
foram avaliados dados sobre longevidade, educação e renda
Segundo o último censo demográfico realizado no Brasil, em 2010 pelo IBGE, 6% da população vive
em aglomerados subnormais, eufemismo para "favelas", na época eram 11 milhões e meio de pessoas.
Isso corresponde a um pouco mais que toda a população de Portugal ou mais de três vezes a população de um país como o Uruguai!!!

O Brasil perdeu a batalha para redução da desigualdade nos primeiros quatro anos desta década. Estudo feito pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro mostra que a distância entre grupos mais ricos e mais pobres da população seguiu inalterada entre 2011 e 2014 e com diferença considerada pouco expressiva com relação a 2000.

Uma das coordenadoras do trabalho, a Andréa Bolzon, do Pnud, avalia que programas de transferências de renda e a política de valorização do salário mínimo exerceram uma proteção de grupos mais vulneráveis, mas, sozinhos, não foram suficientes para diminuir a grande distância entre ricos e pobres. Para avançar na redução dessa diferença, avalia, seria importante a adoção de outras medidas, como, por exemplo, a taxação de grandes fortunas. [Fica, portanto, demonstrada e comprovada a falácia de que houve melhoria da justiça social no Brasil durante os governos Lula e Dilma! No fundo, as camadas mais pobres da população tiveram uma melhoria, naquela época, em seu poder de compra, mas a desigualdade social não foi tocada! O Brasil prossegue sendo muito desigual! Leia a matéria em seguida a esta, logo abaixo:]

Para autores, não há ainda como se mensurar qual o impacto das propostas de ajuste econômico feito pelo governo nos indicadores de desenvolvimento humano do País. "Temos de aguardar",  avaliou Marco Costa, um dos autores do trabalho.

O estudo lançado nesta terça-feira (22 de novembro) é batizado de Radar IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano de Município). Os resultados são obtidos a partir da análise das informações da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) e têm como objetivo "atualizar" um outro indicador, o IDHM que, por sua vez, é feito a partir dos dados do Censo, coletados a cada 10 anos.

Tanto o Radar IDHM como o IDHM são compostos por três indicadores de desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. São cinco classificações: muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.

Os dados do Radar IDHM mostram que, apesar da crise, os indicadores de desenvolvimento humano no Brasil melhoraram ao longo de 2011 e 2014. No período, afirmam os autores, a expectativa de vida melhorou, os anos de estudo aumentaram e até mesmo a renda se elevou. O relatório atribui o avanço no início da década à natureza dos dados. Os indicadores avaliados teriam sensibilidade diferente ao desempenho da economia. Os efeitos da crise também seriam amortizados em parte pela rede de proteção social existente no País.

A melhora foi mantida, mas numa velocidade muito menor do que em outros períodos. O IDHM apresentou um crescimento anual de 1% entre 2011 e 2014. O ritmo foi inferior ao crescimento apresentado na década 2000-2010, quando a média de crescimento do IDHM foi de 1,7% ao ano – uma redução de 41%.
ANDRÉA BOLZON
coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional - PNUD

A longevidade e a educação cresceram no período, mas também num ritmo menor do que o identificado entre 2000 e 2010. A queda na velocidade foi, respectivamente, de 50% e 55%.

Autores do trabalho mostraram-se especialmente preocupados com o desempenho na área da educação. "Esse é o grande gargalo", constata Andrea. O documento chama a atenção, por exemplo, para a estagnação no porcentual de pessoas com 18 anos ou mais que apresentem ensino fundamental completo. Em 2011, representavam 60,1% do total. Em 2014, eram 61,8%.

Curiosamente, a renda apresentou nos primeiros quatro anos desta década um avanço mais rápido do que entre 2000 e 2010. Pesquisadores não esconderam a surpresa com os dados da renda e lançaram dúvidas sobre o que vai acontecer com próximos dados, sobretudo com o agravamento da crise econômica.

As diferenças existentes no Brasil ficam evidentes quando se analisam os dados de Estados. Em Santa Catarina, a esperança de vida ao nascer é de 78,4 anos – 14 a mais do que a esperança de nascidos no Maranhão. As oportunidades de renda também destoam de acordo com a localização. A renda per capita no Distrito Federal, de R$ 1.606, é quatro vezes maior do que a apresentada em Alagoas, R$ 414.

Tamanha disparidade se reflete nos indicadores do País. Brasil apresenta um mix de classificações de desenvolvimento humano. No quesito educação, por exemplo, são encontrados Estados com todas as classificações de IDH. Pará e Sergipe são considerados de baixo desenvolvimento humano. Outros 16 são classificados como de médio desenvolvimento, oito estão no grupo de alto desenvolvimento e São Paulo, considerado como de desenvolvimento humano muito alto.

Em crise, Brasil vê número de
milionários aumentar

Jamil Chade

Estudo do banco Credit Suisse indica também que renda média do brasileiro
em dólares caiu em 30% desde 2011 
DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL
é perceptível pelos próprios edifícios e residências em um mesmo bairro, em uma mesma cidade!!!

Apesar de o Brasil viver uma de suas piores crises econômicas em décadas, o número de milionários no País continua a se expandir. Dados publicados nesta segunda-feira, 21 de novembro, pelo Credit Suisse apontam que 10 mil novos brasileiros passaram a ser considerados como tendo uma fortuna acima de US$ 1 milhão, somando um total de 172 mil pessoas em 2016.

Os dados se contrastam com a realidade econômica do País, com um desemprego recorde. Segundo o próprio estudo revelado na Suíça, o Brasil "enfrenta sérias dificuldades".

Em dólares, a renda média de um brasileiro é hoje apenas um terço do que era em 2011, com uma das maiores quedas entre as grandes economias. "Ainda que o patrimônio tenha continuado a aumentar na moeda local, esses ganhos são em grande parte inflacionários", indicou. [Traduzindo: houve um empobrecimento dos brasileiros em dólar norte-americano, ou seja, estamos mais pobres quando comparados no cenário mundial!]

"Dados anteriores mostraram que a média da renda de uma família triplicou entre 2000 e 2011, saindo de US$ 8 mil por adulto para US$ 27,1 mil", explicou o informe. "A história da riqueza no Brasil foi uma de um boom e de uma explosão", alertou. Em 2016, os dados apontam que a renda média de um adulto voltou a cair para apenas US$ 21 mil por ano. [O nosso crescimento não foi sustentável, não foi duradouro! Aquilo que ganhamos lá atrás, no período de Lula, p. ex., estamos perdendo agora!]

Na avaliação realizada por um dos maiores bancos da Suíça, ativos financeiros continuam representando 36% do patrimônio de famílias no Brasil. "Muitos brasileiros mantém uma relação especial com ativos imobiliários, especialmente em forma de terra, como uma proteção contra futura inflação", indicou.

A dívida de famílias, porém, se manteve estável, passando de 19% de seu patrimônio em 2015 para 18% em 2016. Na avaliação do banco, isso pode "refletir uma maior cautela diante do aumento de incertezas que o país atravessa".

Apesar da crise e da queda no patrimônio em dólares, o próprio banco revela a dimensão da desigualdade social no Brasil e aponta que o fenômeno é "relativamente alto".

Além dos 172 mil milionários no país, o Brasil conta com 245 mil adultos entre a camada que representa 1% da riqueza mundial.

Ao mesmo tempo, o Brasil tem 24 milhões de pessoas com uma renda inferior a US$ 249,00 por ano. Essa população é classificada pelo banco como "o fundo" da sociedade mundial. "O nível relativamente alto de desigualdade reflete a desigualdade de renda, o que por sua vez está relacionado com um padrão desigual de educação pela população e a divisão entre os setores da economia formal e informal", aponta o banco.

O país que registrou um maior incremento de milionários em 2016 foi o Japão, com 738 mil novas pessoas nessa categoria, atingindo 2,8 milhões de cidadãos. Nos Estados Unidos, eles já são 13,5 milhões de pessoas, contra 1,6 milhão na Alemanha. Entre as maiores economias da América Latina, o número de milionários caiu na Argentina e México.  Na China, com 1,5 milhão de milionários, a economia também perdeu 43 mil pessoas nessa categoria.

No mundo, o número total de milionários passou de 32,3 milhões em 2015 para 32,9 milhões em 2016. 596 mil novas fortunas foram registradas no ano.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Economia & Negócios – Terça-feira, 22 de novembro de 2016 – 10h30 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui; 07h43 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

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