Reforma do Ensino Médio, por que correr?
Para CNBB, é "inadequado e abusivo" que
reforma
do Ensino Médio seja feita por Medida Provisória
Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil
ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO manifestam-se contrários a uma reforma sem profundo e tranquilo debate e envolvimento dos mais interessados! |
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio do Conselho Episcopal Pastoral (Consep),
reunido na sede da entidade, em Brasília (DF), nos dias 22 e 23 de novembro,
aprovou a nota sobre a chamada
"Reforma do Ensino Médio", apresentada pelo Governo Federal ao
Congresso Nacional na forma de Medida Provisória. Para os bispos, são louváveis as iniciativas que busquem refletir,
debater e aprimorar a realidade do ensino brasileiro, mas "assim como
outras propostas recentes, também essa sofre os limites de uma busca
apressada de solução". A entidade acredita que "questão tão nobre quanto a Educação
não pode se limitar à reforma do Ensino Médio. Antes, requer amplo debate com a sociedade organizada,
particularmente com o mundo da educação. É a melhor forma de legitimação para
medidas tão fundamentais".
No
texto, os bispos ressaltam que a educação deve formar integralmente o ser
humano. "O foco das escolas não
pode estar apenas em um saber tecnológico e instrumental", afirmam na
nota.
Eis
o texto.
N O T A
Reforma do Ensino Médio
“A fim
de que os estudantes tenham esperança!”
(Papa
Francisco, 14 de março de 2015)
O
Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil - CNBB, reunido em Brasília-DF, nos dias 22 e 23 de novembro de 2016, manifesta inquietação face a Medida
Provisória 746/16 que trata da reforma do Ensino Médio, em tramitação no
Congresso Nacional.
Segundo
o poder executivo, a MP 746/16 é uma proposta para a superação das reconhecidas
fragilidades do Ensino Médio brasileiro. Sabe-se
que o modelo atual, não prepara os estudantes para os desafios da
contemporaneidade. Assim, são louváveis iniciativas que busquem refletir,
debater e aprimorar essa realidade.
Contudo,
assim como outras propostas recentes, também essa sofre os limites de uma busca
apressada de solução. Questão tão nobre quanto a Educação não pode se limitar à
reforma do Ensino Médio. Antes, requer
amplo debate com a sociedade organizada, particularmente com o mundo da
educação. É a melhor forma de legitimação para medidas tão fundamentais.
Toda a vez que um processo
dessa grandeza ignora a sociedade civil como interlocutora, ele se desqualifica. É inadequado e abusivo que
esse assunto seja tratado através de uma Medida Provisória.
A educação deve formar
integralmente o ser humano. O foco das escolas não pode estar apenas em um saber tecnológico e
instrumental. Há que se contemplar
igualmente as dimensões ética, estética, religiosa, política e social. A
escola é um dos ambientes educativos no qual se cresce e se aprende a viver.
Ela não amplia apenas a dimensão intelectual, mas todas as dimensões do ser
humano, na busca do sentido da vida. Afinal, que tipo de homem e de mulher essa Medida Provisória vislumbra?
Em um contexto de crise ética
como o atual, é um contrassenso propor uma medida que intenta preparar para o
mercado e não para a cidadania. Dizer que disciplinas como filosofia, sociologia,
educação física, artes e música são opcionais na formação do ser humano é
apostar em um modelo formativo
tecnicista que favorece a lógica do mercado e não o desenvolvimento
integral da pessoa e da sociedade.
Quando
a sociedade não é ouvida ela se faz ouvir. No
caso da MP 746/16, os estudantes reclamaram seu protagonismo. Os
professores, já penalizados por baixos salários, também foram ignorados. Estes
são sinais claros da surdez social das
instâncias competentes.
Conclamamos
a sociedade, particularmente os estudantes e suas famílias, a não se deixar
vencer pelo clima de apatia e resignação. É
fundamental a participação popular pacífica na busca de soluções, sempre
respeitando a pessoa e o patrimônio público. A falta de criticidade com
relação a essa questão trará sérias consequências para a vida democrática da
sociedade.
Nossa
Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por nós.
Brasília, 23 de novembro de 2016.
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da
Bahia
Presidente em Exercício da
CNBB
Dom Guilherme A. Werlang, MSF
Bispo de Ipamerí
Comissão Episcopal para o
Serviço da Caridade da Justiça e da Paz
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Comentários
Postar um comentário