Exemplo de Ecumenismo
Balanço da visita do Papa a Lund
Strack
Christoph
Em Lund, Francisco prestigiou o reformador Martinho
Lutero e suas
declarações sobre os luteranos superaram as de seus
predecessores
Papa Francisco e o Presidente da Federação Luterana Mundial, Rev. Munib Younan assinaram uma Declaração Conjunta na Catedral Luterana de Lund (Suécia) Segunda-feira, 31 de outubro de 2016 |
A
viagem para Lund, na Suécia, foi a
viagem do papa Francisco ao ecumenismo. Ele partiu de Roma com destino a esse
lugar importante para os luteranos, no qual a Federação Luterana Mundial foi fundada em 1947. As imagens da
cordial saudação de paz entre o líder da Igreja Católica Romana e a arcebispa Antje Jackelen permanecem
como um símbolo de cristãos separados que querem mais unidade.
Muitos
já esperam há muito, muito tempo. Outros já desistiram de esperar. Para todos
eles, as palavras do papa servirão de
incentivo. Porque, como já é conhecido, ele fala muitas vezes como um
pastor, e ele não soa como o pastor superior, o guardião da doutrina. Agora, exorta ele, é a oportunidade de
"remediar um momento decisivo de nossa história, ao superamos controvérsias
e mal-entendidos".
ESTÁTUA DE MARTINHO LUTERO Na Marktplatz de Wittenberg, cidade da Alemanha onde teve início a Reforma Protestante no Século XVI |
Retrospectiva
Em setembro de 2011, o papa Bento XVI visitou a terra de
Lutero e discursou no Mosteiro dos Agostinianos em Erfurt, na Alemanha. O papa
alemão num antigo local da Reforma Protestante. E Bento proferiu um termo que
ocupou manchetes: sua recusa às
"ofertas ecumênicas". Tais palavras causaram decepção e ficaram
marcadas.
Isso
mostra quão sábio foi o plano romano de
viajar à Federação Luterana Mundial, na Suécia, para o início do ano
comemorativo dos 500 anos da Reforma Protestante, e não para uma cidade
alemã – onde as expectativas teriam sido (ainda) mais altas.
Após
muitas contribuições do papa pode-se ter certeza de que ele conhece Martinho
Lutero e a importância deste para a Alemanha e a Europa. Ele sabe da influência que Lutero teve sobre o idioma, a identidade e a
história alemães, assim como sobre a história dos conflitos europeus. Em
Lund, Francisco prestigiou o reformador Lutero e as afirmações do pontífice
sobre os luteranos foram além das de seus antecessores.
Assim,
o evento em Lund entra para a história
– como uma celebração conjunta e com a clareza de uma declaração assinada por ambas as partes. No texto, vê-se a
perspectiva de pastor tão importante e própria do papa. "Sabemos da dor de
todos aqueles que compartilham toda a sua vida, mas não podem compartilhar da
presença salvadora de Deus na eucaristia. Reconhecemos
nossa responsabilidade pastoral comum [...].
Desejamos que essa ferida no corpo de Cristo
seja curada. Esse é o objetivo de nossos esforços ecumênicos."
Para ler, em português, o texto da Declaração Conjunta por
ocasião da comemoração
conjunta católico-luterana da Reforma Protestante, clique aqui.
Agora,
teólogos terão de trabalhar os detalhes.
Provavelmente a lida durará um ano. O papa Francisco completa 80 anos de idade
em dezembro próximo. Se ele optar por um novo "engajamento no diálogo
teológico", isso será importante para ele. Talvez com isso a impaciência
ecumênica volte a Roma.
Em
meados de outubro, cerca de mil protestantes e católicos foram da Alemanha a
Roma e se reuniram com o papa. O pontífice lhes fez uma pergunta: "Quem é melhor, católicos ou
protestantes?" E ele mesmo deu a resposta: "Melhores somos todos
juntos."
Lund
foi a viagem de Francisco ao ecumenismo. Mas, Lund enviou os ecumenistas, outra vez, em viajem.
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