Cardeais críticos ao Papa recebem adequada resposta
Carta aberta do presidente da Conferência
Episcopal da Grécia aos quatro cardeais
Settimana News
21-11-2016
«Se vocês estão “profundamente preocupados com o
verdadeiro bem das almas” e movidos “pela apaixonada preocupação pelo bem dos
fiéis”, eu, irmãos caríssimos, estou “profundamente preocupado com o verdadeiro
bem das suas almas”, pelo seu gravíssimo pecado».
DOM FRAGKISKOS PAPAMANOLIS |
Publicamos
aqui a carta aberta de Dom Fragkiskos
Papamanolis, o.f.m. cap, bispo emérito de Siro, Santorini e Creta, e presidente da Conferência Episcopal da
Grécia, enviada aos quatro cardeais que, recentemente, expuseram
criticamente suas “dúvidas” sobre a Amoris laetitia, do Papa Francisco.
Para
saber mais sobre o que esses cardeis queriam do Papa e as críticas que eles
dirigiram à Exortação Pós-Sinodal “Amoris Laetitia” que recolheu o fruto do
intenso e longo trabalho de dois Sínodos dos Bispos sobre a temática "A vocação e missão da família na
Igreja e no mundo contemporâneo", clique aqui.
Eis
o texto da carta.
Siro
(Grécia), 20 de novembro de 2016.
Caríssimos
irmãos no episcopado,
A minha fé no nosso Deus me diz que Ele
não pode não amar vocês. Com a sinceridade que brota do meu coração, chamo-lhes
de “irmãos caríssimos”.
Também na Grécia chegou o documento que
vocês entregaram à Congregação para a Doutrina da Fé e que foi publicado na
segunda-feira passada pelo site da revista L’Espresso.
Antes de publicar o documento e, mais
ainda, antes de redigi-lo, vocês deviam
ter se apresentado ao Santo Padre Francisco e ter pedido para serem cancelados
dos componentes do Colégio Cardinalício.
Além disso, vocês não deviam ter feito uso do título de “cardeal” para dar
prestígio àquilo que vocês escreveram, e isso por coerência com a
consciência de vocês e para aliviar o
escândalo que vocês provocaram ao escrever como indivíduos.
Vocês escrevem que estão “profundamente
preocupados com o verdadeiro bem das almas” e, indiretamente, acusam o Santo
Padre Francisco de “fazer progredir na Igreja alguma forma de política”. Pedem
que “ninguém os julgue injustamente”. Injustamente os julgaria quem dissesse o
contrário daquilo que vocês escrevem explicitamente. As palavras que vocês usam
tem o seu significado. O fato de vocês
se ornarem do título de cardeais não muda o sentido das palavras gravemente
ofensivas ao bispo de Roma.
Se vocês estão “profundamente
preocupados com o verdadeiro bem das almas” e movidos “pela apaixonada
preocupação pelo bem dos fiéis”, eu, irmãos caríssimos, estou “profundamente
preocupado com o verdadeiro bem das suas almas”, pelo seu duplo gravíssimo
pecado:
* o pecado
de heresia (e de apostasia?
Assim, de fato, começam os cismas na Igreja). A partir do documento de vocês,
aparece claramente que, na prática, vocês não creem na suprema autoridade
magisterial do papa, fortalecida por dois Sínodos dos bispos provenientes de
todo o mundo. Vê-se que o Espírito Santo inspira somente a vocês e não ao
vigário de Cristo e nem mesmo aos bispos reunidos em sínodo.
* e ainda mais grave o pecado de escândalo, provocado
publicamente ao povo cristão em todo o mundo. A esse propósito, Jesus disse: “Ai do homem que causa escândalo” (Mt
18,7). “Melhor seria para ele pendurar
uma pedra de moinho no pescoço e ser jogado no fundo do mar” (Mt 18,6).
Impulsionada pela caridade de Cristo,
rezo por vocês. Peço ao Senhor que os
ilumine para aceitarem com simplicidade de coração o ensinamento magisterial do
Santo Padre Francisco.
Temo que as suas categorias mentais encontrarão argumentos sofisticados para
justificar o seu modo de agir, de modo a nem sequer considerá-lo como um
pecado a ser submetido ao sacramento da penitência, e que vocês continuarão
celebrando todos os dias a Santa Missa e recebendo
sacrilegamente o sacramento da Eucaristia, enquanto se fazem de escandalizados se, em casos específicos, um
divorciado recasado recebe a Eucaristia e ousam acusar de heresia o Santo Padre
Francisco.
Saibam que eu participei nos dois
Sínodos dos bispos sobre a família e escutei as suas intervenções. Também ouvi
os comentários que um de vocês fazia, durante a pausa, sobre uma afirmação
contida na minha intervenção na Aula sinodal, quando eu declarei: “Pecar não é
fácil”. Esse irmão (um de vocês quatro), falando com os seus interlocutores,
modificava as minhas afirmações e colocava na minha boca palavras que eu não
tinha pronunciado. Além disso, dava às minhas declarações uma interpretação que
não podia ser conectada, de modo algum, com aquilo que eu tinha afirmado.
Irmãos caríssimos, o Senhor os ilumine a reconhecer, o quanto antes possível, o pecado de
vocês e a reparar o escândalo que vocês provocaram.
Com a caridade de Cristo, fraternalmente
os saúdo.
+ Fragkiskos
Papamanolis, o.f.m. cap,
Bispo
emérito de Siro, Santorini e Creta,
Presidente
da Conferência Episcopal da Grécia
Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto. Acesse a versão
original, clicando aqui.
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