«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Como a vitória de Trump pode afetar o Brasil?

BBC Brasil

A América Latina não apareceu muito nesta campanha presidencial
norte-americana, mas pode vir mudanças por aí uma vez
que Donald Trump é imprevisível

Em um triunfo inesperado, o republicano Donald Trump foi eleito o novo presidente dos Estados Unidos. Trump conquistou vários Estados-pêndulo, onde os resultados eram imprevisíveis – podiam favorecer tanto um quanto o outro partido –, como Flórida, Ohio e Carolina do Norte, garantindo vantagem sobre Hillary Clinton. 
[Não é verdade que a vitória de Trump para a presidência dos Estados Unidos foi inesperada!!! Quem duvida, basta ler o excelente artigo de Michael Moore, diretor de cinema, no The Huffington Post, dia 23 de julho deste ano! Sim, em julho, ainda!!! Clique aqui para ler a tradução do artigo em português, e aqui para ler no original inglês]

Sua vitória não era indicada pelas pesquisas de opinião, que apontavam Clinton como novo presidente. [Já está virando rotina no mundo as “furadas” das pesquisas eleitorais!]

Mas como o êxito do republicano impacta no Brasil?
Leia a seguir os principais pontos de contato entre os dois países.

ECONOMIA E COMÉRCIO

Vários aspectos devem ser levados em conta para responder a questão.

Um deles é a maneira como os dois candidatos e seus partidos encararam a economia e as relações comerciais entre os Estados Unidos e o resto do mundo.

O Brasil se beneficiaria de uma maior abertura dos Estados Unidos da América (EUA) a produtos brasileiros. Hoje os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China.

Historicamente, o Partido Republicano, de Trump, defende o livre comércio e se opõe a medidas protecionistas que ajudassem empresas americanas a competir com estrangeiras.

Assim, um candidato republicano tenderia a ser melhor para os interesses econômicos do Brasil do que um candidato democrata.

Mas Trump inverteu essa lógica ao propor renegociar os acordos comerciais firmados pelos EUA para preservar empregos no país e reduzir o déficit americano nas transações com o resto do mundo.

Se o empresário colocar essas ações em prática, o Brasil poderia ser prejudicado.

A professora de Relações Internacionais da ESPM Denilde Holzhacker afirma que as consequências seriam imediatas e negativas, e causariam o que muitos economistas estão chamado de "efeito Trump".

"Como ele fez propostas muito amplas e populistas, o efeito econômico dessas medidas podem ter impacto grande e gerar um caos na economia – principalmente porque ele é contrário ao livre comércio, se mostrou protecionista."

Mas Holzhacker faz uma ressalva sobre a aplicação dessas medidas.

"Agora, para saber o quanto ele vai conseguir implementar disso, vamos ter que esperar. Ele é tão imprevisível e tudo fica tão indefinido que prejudica muito o cenário econômico."
BILL CLINTON & FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Tiveram um ótimo relacionamento e isso favoreceu a cooperação entre os Estados Unidos e o Brasil

IMIGRAÇÃO E VISTOS

Estima-se que um milhão de brasileiros vivam nos EUA, boa parte em situação migratória irregular.

Trump propôs construir um muro na fronteira do país com o México e prometeu deportar todos os imigrantes sem documentos.

Ele diz que protegerá o "bem-estar econômico de imigrantes legais" e que a admissão de novos imigrantes levará em conta suas chances de obter sucesso nos EUA, o que em tese favoreceria brasileiros com alta escolaridade e habilidades específicas que queiram migrar para o país.

Outro tema de interesse dos brasileiros é a facilidade para obter vistos americanos. Trump fez poucas menções ao sistema de concessão de vistos do país.

Hoje, Brasil e EUA negociam a adesão brasileira a um programa que reduziria a burocracia para viajantes frequentes brasileiros, como executivos. A eliminação dos vistos, porém, ainda parece distante.

Para que a isenção possa ser negociada, precisaria haver uma redução no índice de vistos rejeitados em consulados americanos no Brasil, uma exigência da legislação dos EUA.

RELAÇÃO COM O BRASIL

O Brasil e a América Latina não foram tratados como temas prioritários nas campanhas dos dois candidatos.

Em 2015, Trump citou o Brasil ao listar países que, segundo ele, tiram vantagem dos Estados Unidos através de práticas comerciais que ele considera injustas. A balança comercial entre os dois países, porém, é favorável aos EUA. [De onde ele retirou essa conclusão, ninguém sabe!]

Como empresário, Trump é sócio de um hotel no Rio de Janeiro e licenciou sua marca para ser usada por um complexo de edifícios na zona portuária da cidade. Anunciada em 2012, a obra ainda nem começou.

Para a professora de Relações Internacionais da Unifesp Cristina Pecequilo, como Trump não falou nada sobre o país e se distanciou de temas ligados à América Latina, não deve haver muitas mudanças para os brasileiros. No entanto, diferentemente de Hillary, o republicano tem o elemento de imprevisibilidade.

"A situação do governo Hillary para o Brasil teria sido mais tranquila porque era mais previsível por qual caminho ela iria. Seria a continuidade do governo Obama, de uma dimensão política que tem o reconhecimento do Brasil como relevante, sem muitas mudanças."

Pecequilo afirma que o nosso país deve perder relevância na visão dos Estados Unidos dado o conturbado cenário interno.

"Eles estão com tanto problema dentro de casa, que o Brasil não é uma preocupação."
GEORGE W. BUSH & LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tiveram uma ótima relação, apesar das diferenças ideológicas

QUESTÃO DE QUÍMICA

Especialistas nas relações Brasil-EUA costumam dizer que os laços entre os dois países dependem em grande medida da química entre seus líderes, independentemente de seus partidos ou ideologias.

Eles afirmam que, embora seguissem tradições políticas bastante distintas, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) e George W. Bush (2001-2009) tinham uma relação tão boa quanto a mantida entre Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Bill Clinton (1993-2001), que tinham maior afinidade ideológica.

Já a relação entre Barack Obama e Dilma Rousseff nunca foi tão próxima e sofreu com a revelação de que o governo americano havia espionado a presidente brasileira.

Analistas afirmam ainda que Brasil e EUA têm relações bastante diversificadas e que os laços devem ser mantidos qualquer que seja o resultado da eleição em novembro, já que os dois governos dialogam dentro de estruturas burocráticas.

Do lado brasileiro, há interesse em se aproximar mais dos EUA, vença quem vencer. Em entrevista à BBC Brasil em julho, o embaixador brasileiro em Washington, Sérgio Amaral, disse que o governo Temer investiria nas relações com as cinco principais potências globais (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido).

Amaral afirmou ainda que, na Embaixada, priorizaria áreas em que Brasil e EUA têm maior convergência, como direitos humanos e meio ambiente.

Fonte: BBC Brasil – Notícias – Quarta-feira, 9 de novembro de 2016 – Internet: clique aqui.

Os eleitores de Trump não são estúpidos,
nós é que somos surdos

Patrícia Campos Mello
No cartaz segurado por esta apoiadora de Donald John Trump se lê:
"A maioria silenciosa está com Trump"

No dia seguinte à reeleição de George W. Bush em 2004, o tabloide britânico "Daily Mirror" saiu com a seguinte manchete: "Como podem 59.017.382 americanos ser tão idiotas?"

Hoje, na ressaca da eleição do republicano Donald Trump, a pergunta é: "Como podem milhões de institutos de pesquisa, jornalistas, analistas, políticos, acadêmicos, ser tão estúpidos?"

Todo mundo subestimou a força do "angry white man" [trad.: o homem branco irritado]. Sim, existe uma mudança demográfica inexorável e, em 2065, os brancos serão uma minoria nos Estados Unidos, 46% da população, diante de 24% de hispânicos, 14% de asiáticos e 13% de negros.

Mas, por enquanto, os brancos ainda são uma maioria (62%) — que era silenciosa, mas se tornou estridente, aqui nos EUA e do outro lado do Atlântico, na Europa.

Esse brancos votaram em Donald Trump — para eles, o único "não político", aquele que consegue "sentir a dor" desses órfãos da globalização.

Nem o tão propalado "racha educacional" — de que os eleitores brancos sem curso superior iriam apoiar Trump em massa, mas aqueles com maior grau de instrução iriam migrar em grandes números para Hillary — se comprovou. Entre os brancos sem curso superior, ele teve apoio de 67% (de acordo com pesquisas de boca de urna). E entre os brancos com curso superior, ele venceu por quatro pontos porcentuais de vantagem.

A campanha de Hillary já elegeu seus bodes expiatórios —o diretor do FBI, James Comey, que anunciou novas investigações sobre servidor privado de e-mails de Hillary a poucos dias da eleição, e os candidatos de terceiro partido, o libertário Gary Johnson e a verde Jill Stein, que teriam repetido Ralph Nader, o estraga prazer na eleição Gore-Bush em 2004.

O fato é que o problema foi surdez. Surdez generalizada aos recados dos brancos dos dois lados do Atlântico, que se sentem injustiçados, que veem suas vidas piorando, sempre culpando o "outro". Seja o muçulmano, o imigrante, o hispânico ou o negro.

A maioria silenciosa falou, e o recado foi brutal. Estúpidos somos nós, que não percebemos o que estava vindo (e eu me incluo nesta mea culpa post mortem). E achamos que a globalização era boa para a maioria, portanto quem estava descontente ia se conformar.

Fonte: Folha de S. Paulo – Colunistas – Quarta-feira, 9 de novembro de 2016 – 12h11 [Horário de Brasília – DF] – Internet: clique aqui.

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