ISTO É MUITO GRAVE ! ! !
Se anistiar caixa 2, Congresso decretará que
o Brasil é um país de otários
Leonardo
Sakamoto*
Agora, o Congresso Nacional está prestes a dar uma
banana para o país.
O mesmo Congresso que também irá aprovar uma reforma
trabalhista
e uma reforma previdenciária e que irá impor um teto ao
crescimento
de investimento em serviços públicos
A Câmara dos Deputados
perdeu o (pouco) pudor (que ainda tinha) ao negociar, para embutir no pacote de
medidas anticorrupção, uma anistia a quem utilizou-se de caixa 2. Os nobres parlamentares
querem reduzir o impacto das delações premiadas dos quase 80 empregados da construtora Odebrecht que estão sendo
assinadas com o Ministério Público Federal.
Com exceção do PSOL e da Rede e de grupos de parlamentares contrários às lideranças de seus partidos,
que fazem parte das articulações para o Salve Geral, esta é uma ocasião em
que boa parte do governo e da oposição estão juntos para salvar seu próprio
pescoço. [Gente, é simplesmente vergonhoso o que está
acontecendo! Veja bem, partidos como PSDB, PMDB, PT, DEM, PP e tantos outros
estão juntos! Isso mesmo! Unidos para enganar o povo, jogar a decência no lixo!]
Se aprovada a anistia, o
crime de caixa 2 só valeria se cometido de agora em diante. Para os parlamentares, o
que passou passou.
O
problema é que não passou. A população
brasileira mais pobre é a que mais sofre devido às relações incestuosas e
pornográficas estabelecidas entre políticos e empresários em financiamentos de
campanhas. [Aquilo que, justamente, a Operação
Lava-Jato vem combatendo e procurando diminuir... mesmo com a incompreensão e
críticas de muitos políticos e uma parcela míope da sociedade brasileira!]
Empresas
que compram políticos querem ver seu investimento dando retorno – seja na forma
de informações privilegiadas, seja no favorecimento para contratos com o
Estado. Que não seguem o interesse
público e, muitas vezes, desviam recursos que poderiam ser usados para garantir
melhor qualidade de vida ao andar de baixo.
Agora, o Congresso Nacional
está prestes a dar uma banana para o país. O mesmo Congresso que também irá aprovar
uma reforma trabalhista e uma reforma previdenciária (que irão revogar direitos
da população mais pobre) e que irá impor um teto ao crescimento de investimento
em serviços públicos.
Aqui é como a Atenas antiga:
cidadãos são políticos e empresários, que fazem as leis que os beneficiam e os
perdoam. E
os não-cidadãos são o resto, a xepa, que encara sozinho o rigor da lei. Até
porque rico não rouba, rico sonega.
Enquanto
isso, Valdete foi condenada a dois anos de prisão em regime fechado
por ter roubado caixas de chiclete. Franciely foi acusada de roubo de
duas canetas mesmo após ter mostrado o comprovante de pagamento por ambas em um
hipermercado. Maria Aparecida foi mandada para a cadeia por ter furtado um
xampu e um condicionador em um supermercado – perdeu um olho enquanto estava
presa. Sueli foi condenada pelo roubo de dois pacotes de bolacha e um
queijo minas em uma loja. Ademir, no desespero, furtou
coxinhas, pães de queijo e um creme para cabelo em um supermercado. Foi levado
a um banheiro e espancado até a morte.
Diante
do quadro geral, se os nobres deputados
e senadores resolverem aprovar essa anistia e Michel Temer sancioná-la e a
população permanecer em berço esplêndido sem se dignar a arranhar uma mísera
panela quando a notícia aparecer no jornal na TV, sugiro que o país feche para
ensaio.
Com
um pouco de treino e quase 200 milhões de figurantes, podemos alegrar a memória
de Nelson Rodrigues com uma grande
encenação da peça ''Perdoa-me por me
traíres''.
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Não fique omisso(a), parado(a), siga as orientações do
link que lhe indico!
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* LEONARDO MORETTI SAKAMOTO é um jornalista
brasileiro. Além da graduação em JORNALISMO, possui mestrado (2002) e doutorado
em CIÊNCIA POLÍTICA (2007) pela Universidade de São Paulo (USP). Cobriu
conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e
no Paquistão. Diretor da ONG Repórter
Brasil e seu representante na Comissão
Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, é conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas
Contemporâneas de Escravidão. Sakamoto é ainda professor de jornalismo na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e escreve diariamente
sobre direitos humanos em seu blog no portal UOL. Autor dos livros: Pequenos Contos Para Começar o Dia (Ed.
Expressão Popular, 2012) e O que Aprendi
Sendo Xingado na Internet (Casa da Palavra; Leya, 2016). Fonte: Wikipédia.
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