P E R I G O ! ! !

Deputados articulam derrubar pacote anticorrupção no plenário

Isadora Peron

Novo texto deve incluir anistia à prática do caixa 2 nas campanhas eleitorais e a previsão de punir magistrados e integrantes do Ministério Público por crime de responsabilidade; votação está prevista para esta quinta-feira
COMISSÃO DA CÂMARA PARA AS MEDIDAS ANTICORRUPÇÃO
Deputados Federais exibem cartazes em apoio às "Dez Medidas Contra a Corrupção" apresentadas pelo
Ministério Público Federal, referendadas por mais de 2 milhões de assinaturas.
Quarta-feira, 13 de julho de 2016
 

Após a aprovação do pacote de medidas contra a corrupção na comissão especial da Câmara, líderes de praticamente todos os partidos, com exceção da Rede e do PSOL, vão tentar  derrubar o texto do relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e aprovar um projeto substitutivo no plenário da Casa.

A votação está prevista para ocorrer nesta quinta-feira, 24 de novembro. O novo texto deverá incluir as duas medidas que ficaram de fora do pacote aprovado nesta quarta:
* a anistia à prática do caixa 2 nas campanhas eleitorais e
* a previsão de punir magistrados e integrantes do Ministério Público Federal por crime de responsabilidade.

"Vamos votar um substitutivo que muda bastante o conteúdo do texto, muda quase tudo, cerca de 70%", disse o deputado Vicente Cândido, vice-líder do PT e próximo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). [Vejam só! O PT articulando, com outros partidos, a sabotagem das medidas anticorrupção apresentadas pelo Ministério Público Federal e várias entidades da sociedade civil brasileira! Não precisa dizer mais nada!]

Segundo o deputado, há um acordo para que o texto siga, "de imediato", para ser apreciado no Senado, para, em seguida, ser sancionado pelo presidente Michel Temer.

Ele, no entanto, negou que a pressa exista por conta da expectativa da homologação das delações dos executivos da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato. [Tá! Engana-me que eu gosto!!!]

Para justificar a aprovação de um texto mais favorável à classe política, deputados alegam que o relator das medidas anticorrupção descumpriu o acordo com os líderes e votou um texto diferente do que foi acertado com as bancadas.
DEPUTADO ONYX LORENZONI
Relator da Comissão das Medidas Anticorrupção mostra o placar com votação unânime a favor
de seu relatório.
Mas tudo pode ser, somente, uma jogada! Os descontentes prometem alterar o projeto em plenário!
Quinta-feira, 24 de novembro de 2016 (madrugada)

Madrugada

O presidente da Câmara deixou a Casa por volta das duas da manhã dizendo que não conhecia o texto aprovado e que, por isso, não sabia dizer o que iria acontecer durante a votação do pacote no plenário.  "Eu não vi o texto, então não posso dizer o que vai ser aprovado."

Maia também negou que haverá uma anistia aos políticos que praticaram caixa 2 e defendeu a tese de que, como o crime passará a ser tipificado somente após a aprovação da proposta, não há como punir quem praticou atos dessa natureza antes. [Que falsidade! O acordo para modificar esse pacote de leis anticorrupção foi fechado na residência oficial da presidência da Câmara dos Deputados, como ele não conhece o texto?!]

O pacote das medidas anticorrupção foi aprovado por unanimidade na comissão. A votação foi concluída somente depois da meia noite. Por conta do horário, Maia desistiu de votar o texto no plenário na madrugada desta quinta. A sessão foi suspensa, mas os principais líderes da Casa continuaram no gabinete da presidência da Casa discutindo que estratégia adotar diante do texto que foi aprovado no colegiado.

Para Janot, discussão sobre caixa 2 tem
intuito de anistiar outros crimes

Beatriz Bulla

Para o procurador-geral da República, não há necessidade de se falar
sobre o perdão à prática 
RODRIGO JANOT
Procurador-Geral da República

Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a discussão de deputados sobre a anistia ao crime de caixa 2 está “desfocada” na comissão que discute o pacote anticorrupção. Segundo ele, não há necessidade de se falar sobre o perdão à prática de caixa 2 e o pano de fundo para esse debate é uma tentativa de anistiar outros crimes ligados ao ato, como a lavagem de dinheiro. [Disse tudo!!! Esses são nossos deputados...]

Na verdade, o discurso de anistia se refere aos outros crimes que estariam por trás do caixa 2:
* lavagem de dinheiro,
* corrupção ativa,
* corrupção passiva,
* peculato [crime que consiste na subtração ou desvio de dinheiro público ou de coisa móvel apreciável, para proveito próprio ou alheio, por funcionário público],
* evasão de dividas.

E essa discussão viria nesse sentido. Porque se você cria um crime hoje de caixa 2 esse crime não pode retroagir, é só daqui para frente”, disse Janot a jornalistas nesta tarde. [Aí está a manobra, a tramoia dos deputados!]

Ele explicou que se há tipificação do crime de caixa 2 – uso de dinheiro não contabilizado perante à Justiça Eleitoral – a partir de agora, a discussão sobre anistia não tem efeito. Isso porque a lei penal não pode retroagir neste caso. As práticas de caixa 2 anteriores à lei, portanto, só seriam punidas de acordo com a legislação eleitoral, como são atualmente.

“A discussão está desfocada”, disse Janot, sugerindo em tom crítico que há uma tentativa de parlamentares de, com a anistia, conseguirem perdão aos outros crimes mais graves relacionados à prática.

A articulação para incluir de forma explícita a anistia ao caixa 2 no pacote de medidas de combate à corrupção é discutida entre parlamentares. Em discurso na última segunda-feira, 21 de novembro, Janot fez um apelo para que o Congresso aprove o pacote de dez medidas em sua essência em respeito aos “anseios da sociedade”. Segundo ele, há “limites éticos” para as alterações legislativas. [Mas a maioria dos deputados e senadores não está nem aí para a ética, para a honestidade, para a defesa do bem comum acima de tudo!]

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Política – Quinta-feira, 24 de novembro de 2016 – 06h17 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui; Quarta-feira, 23 de novembro de 2016 – 17h28 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

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